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  • Valor Econômico
    06/02/2013

    Número de passageiros pode crescer três vezes
    Roberto Rockmann

    Com uma elasticidade de cerca de duas vezes e meia acima do crescimento da economia brasileira, o setor aéreo poderá vivenciar um crescimento entre 8% a 9% ao ano nesta década, estima André Castellini, sócio da consultoria Bain & Company. Em 15 a 20 anos, o número de passageiros poderá triplicar, desde que haja capacidade aeroportuária para atender à crescente demanda.

    Nos últimos dez anos, o número de passageiros triplicou, a taxa de penetração cresceu e agora em 15 ou 20 anos ela pode triplicar de novo, desde que haja aeroporto, afirma. Hoje, cerca de 60% da demanda por passagens vêm do turismo de negócios, com os restantes 40% de lazer. Nos próximos dez a quinze anos, a ascensão social deverá aumentar o número de passageiros das classes A, B e C, o que irá aumentar a parcela das viagens de lazer.

    O turismo de negócios, que responde por dois terços das viagens aéreas, deve representar metade dos voos feitos em 20 anos, mas continuará como carro-chefe do segmento. O turismo de negócios continuará em um ritmo muito forte, com o desenvolvimento da malha aérea nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com a interiorização do crescimento, analisa Castellini. A oferta de infraestrutura terá de acompanhar essa alta. Essa capacidade terá de triplicar, ou seja, teremos de resolver os gargalos existentes hoje em terminais e pistas e investir em novos aeroportos.

    Para expandir o setor, o governo está atraindo a iniciativa privada por meio de concessões. Em 2012, os aeroportos de Brasília (DF), Guarulhos (SP) e Viracopos (Campinas) tiveram seu controle transferido para empresas. No fim de 2012, foram anunciadas duas novas concessões: de Confins (MG) e do Galeão (RJ). "Esse é um sinal bastante positivo, porque este é um segmento que precisa de expansão e o capital privado poderá ser parte da solução", diz o presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy.

    Ontem, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, reiterou que o governo quer operadores com grande experiência na gestão dos próximos aeroportos a serem concedidos. "Queremos nossos aeroportos comparáveis com os melhores do mundo", disse a ministra no fórum Infraestrutura e Energia no Brasil: Projetos, Financiamentos e Oportunidades, organizado pelo Valor e apoio do BTG Pactual.

    Gleisi relembrou que a concessão dos aeroportos de Galeão e Confins (MG) terão regras mais rígidas em relação ao leilão anterior. No modelo adotado pelo governo, a Infraero continuará sendo acionista minoritária na licitação, com 49% de participação. O consórcio vencedor deverá ter um operador com experiência em aeroportos com movimento superior a 35 milhões de passageiros por ano. Além disso, o operador deverá ter participação de, no mínimo, 25% na composição acionária do consórcio. Esses dois pontos divergem do que foi colocado em prática nas concessões dos três primeiros aeroportos - Guarulhos, Viracopos e Brasília -, em que a exigência ao operador foi de movimento de cinco milhões de passageiros por ano e uma participação mínima nos consórcios de 10%.

    Com as novas regras, a intenção do governo é atrair grandes grupos internacionais com experiência, para que tecnologia seja transferida para a operação dos aeroportos brasileiros. Os estudos ambientais e de viabilidade econômica para a concessão de Confins e Galeão deverão ser preparados até abril deste ano. O leilão deve ser realizado até setembro. A expectativa é de que os editais possam ser anunciados até agosto. Haverá investimentos totais de R$ 11,4 bilhões pelas futuras concessionárias privadas - R$ 6,6 bilhões no Galeão e R$ 4,8 bilhões em Confins.

    Aeroportos de capitais como Salvador, Recife, Fortaleza e Manaus poderão estar na lista de futuras candidatas à transferência da iniciativa privada. Em aeroportos em que será preciso aumentar bastante a infraestrutura, a concessão poderá ser o meio escolhido. A transferência para a iniciativa privada é essencial, porque o modelo anterior fracassou em atender à expansão da oferta, destaca Castellini.

    Para ele, no médio e longo prazos, a criação de um terceiro aeroporto na cidade de São Paulo não pode ser descartada, mesmo com a construção do Trem de Alta Velocidade (TVA), interligando São Paulo a Campinas e Rio de Janeiro, que sediam três dos maiores aeroportos do país. "Em Zurique, uma das cidades em que a população mais usa o trem para ir ao aeroporto, metade das pessoas vai de carro. Ir para Campinas no médio e longo prazo poderá ser ainda mais complicado do que é hoje, o que afeta diretamente que usa o carro", diz.

    Ao anunciar as duas novas concessões, o governo também lançou programa com foco na aviação regional, que tem encolhido no país: hoje pouco mais de 120 municípios contam com linhas aéreas, número bem abaixo das 180 do fim da década de 1990 e das 400 cidades atendidas na década de 1960. Para fortalecer e ampliar a malha aérea regional, o governo federal vai investir, em uma primeira fase, R$ 7,3 bilhões em 270 aeroportos regionais.

    As medidas permitirão aperfeiçoar a qualidade do serviço prestado ao passageiro, agregar novos aeroportos à rede de transporte aéreo regular, aumentar o número de rotas operadas pelas empresas aéreas. "Essas medidas para aviação regional poderão ser feitas com parceiras com o setor privado", diz Castellini.

    De acordo com dados da Secretaria de Aviação Civil, os investimentos previstos são de R$ 1,7 bilhão em 67 aeroportos na região Norte; R$ 2,1 bilhões em 64 aeroportos na região Nordeste; R$ 924 milhões em 31 aeroportos no Centro-Oeste; R$ 1,6 bilhão em 65 aeroportos no Sudeste; e R$ 994 milhões em 43 aeroportos na região Sul. O programa visa ampliar o acesso da população a serviços aéreos. O objetivo é que 96% dos brasileiros estejam a menos de 100 km de distância de um aeroporto apto ao recebimento de voos regulares. (Colaborou Fabio Pupo)

     

     

    Folha de São Paulo
    06/02/2013

    Rural terá de pagar R$ 110 mi a ex-funcionários da Vasp
    Banco perde recurso em ação em que é acusado de ajudar Canhedo a tirar dinheiro de grupo
    MARIO CESAR CARVALHO

    O Banco Rural e uma empresa do grupo, a Rural Agroinvest, perderam um recurso anteontem no STJ (Superior Tribunal de Justiça) numa ação em que foram condenados a pagar cerca de R$ 110 milhões a ex-funcionários da Vasp. O banco queria incluir a massa falida da Vasp na ação e foi derrotado. A empresa área teve sua falência decretada em 2008 e deve R$ 1 bilhão a 4.200 funcionários.

    O Rural, segundo a Justiça, ajudou o ex-dono da Vasp, o empresário Wagner Canhedo, a tirar R$ 38 milhões do grupo em 2004. À época, já havia uma decisão judicial de que todos os bens de Canhedo deveriam ser usados para pagar dívidas trabalhistas, segundo o advogado Carlos Duque Estrada.

    Para contornar o veto, de acordo com o advogado, Canhedo simulou um empréstimo no banco e pagou com 71.600 cabeças de gado.

    O gado, porém, não foi entregue. O resultado da operação foi a retirada de R$ 38 milhões do grupo de Canhedo. A juíza Elisa Andreoni escreveu em decisão que "a fraude é inconteste". Esse valor corrigido atinge hoje cerca de R$ 110 milhões.

    O Rural diz que não havia veto à venda, que o gado foi entregue e que vai entrar com novos recursos na Justiça.

    O banco informa que já tem reservado o valor a ser pago caso perca a ação.

     

     


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