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  • Valor Econômico
    23/01/2013

    Setor aéreo encolhe no Brasil
    Alberto Komatsu

    A aviação regional tem hoje o menor número de companhias e a mais tímida contribuição para o setor aéreo em toda a sua história. Em dezembro, eram apenas quatro companhias de pequeno porte, com menos de 1% de participação de mercado. O número de cidades atendidas pelo setor aéreo no país também encolheu, de cerca de 400, nos anos 1960, para 122.

    As aéreas regionais responderam por 0,68% da demanda doméstica, sendo que uma está em recuperação judicial (Passaredo) e duas não operam voos desde o primeiro trimestre de 2012 (Abaeté e Team).

    Ao fim de 2006, ano em que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) iniciou a sua série histórica de dados, eram 13 empresas de pequeno porte, que representavam 2,61% do mercado. "Temos o menor número de empresas regionais dos últimos tempos. E a tendência é diminuir ainda mais", diz o presidente da Associação Brasileira Das Empresas de Transporte Aéreo Regional (Abetar), Apostole Lazaro Chryssafidis.

    Com o encolhimento da aviação regional, o número de cidades atendidas também recuou. Em meados da década de 60, lembra o brigadeiro Mauro Gandra, ex-diretor-geral do Departamento de Aviação Civil (DAC, antecessor da Anac), eram em torno de 400 municípios. Segundo a Anac, em novembro, 122 cidades recebiam voos regulares.

    "Queremos voltar a ter uma quantidade enorme de aeroportos, mas em outro contexto, o de uma aviação civil como transporte de massa", diz o secretário-executivo da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Guilherme Ramalho. "O Brasil já teve no passado uma quantidade superior de aeroportos, mas dentro de um outro contexto, com exclusividade de rotas, subsídio por pousos. Muitas vezes não tinha transporte de passageiros", acrescenta.

    Ramalho se refere à primeira fase do pacote de investimento de R$ 7,3 bilhões, anunciado pelo governo no dia 20 de dezembro, para melhorias e construção de 270 aeroportos no país. "Temos 720 aeródromos públicos. Dentro destes 720, selecionamos 270 localidades prioritárias. Concluídas estas 270, haverá um segundo lote. Aí sim, nosso objetivo é dotar estas 720 ou 800 localidades com infraestrutura adequada", disse.

    A partir de fevereiro, uma equipe de técnicos vai visitar as 270 localidades para analisar a necessidade de melhorias ou construção de novos aeroportos. Em abril, os primeiros desenvolvimentos e conclusões de anteprojetos de engenharia. Em meados de junho, serão realizadas as primeiras licitações. As obras terão início no segundo semestre, contou Ramalho.

    Ele revelou ao Valor que está em fase final a redação do texto de um outro incentivo que o governo pretende conceder à aviação regional. Será a isenção de todas as tarifas aeroportuárias para aeroportos com fluxo de até 1 milhão de passageiros por ano.

    "Vamos submeter à consulta pública, até o fim do mês, a proposta de subsídio a rotas regionais, todas aquelas que não sejam entre duas capitais", diz Ramalho. Segundo ele, a ideia é subsidiar os assentos ocupados de uma rota regional até o limite de 50% da capacidade total da aeronave, ou o equivalente ao teto de 60 assentos.

    "Acho muito difícil [voltar ao número de aeroportos da década de 60]. Sinto que isso é um pouco de sonho, pode até funcionar, mas voltar até o que era não vai. Até pela capacidade econômica da população", disse o brigadeiro Gandra.

    Para a Abaeté, que quer renovar sua concessão, a esperança reside no programa de incentivo para a aviação regional. "Sem o pacote, a gente não vai fazer nada. Sem reestruturar aeroportos, sem haver incentivos, a gente abandona e manda cancelar a nossa concessão", disse o diretor de operações da Abaeté, Álvaro Guimarães.

    Para o especialista em aviação da Coppe/UFRJ, Elton Fernandes, o encolhimento da aviação regional é uma mistura de situação financeira delicada e a consolidação do setor, com várias aquisições nos últimos anos. As empresas aéreas têm tido prejuízos seguidos no país. "Estamos com problemas de sustentabilidade no setor", disse.

     

     

    Valor Econômico
    23/01/2013

    Europa cobra acordo de aviação com o Brasil
    Sergio Leo

    Este será o último ano de recessão para a maioria dos países da União Europeia, que já pode voltar à estabilidade financeira, como condição de retorno do crescimento, previu o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, que chega hoje ao Brasil, para a reunião de cúpula Brasil-União Europeia, com a presidente Dilma Rousseff. Em entrevista Rompuy citou os acordos de intercâmbio de estudantes e pesquisadores como um resultado palpável da "parceria estratégica" entre Brasil e União Europeia, mas cobrou a assinatura do acordo de "céus abertos", para livre atuação das companhias aéreas nos dois mercados.

    "O euro não está mais em risco de extinção, as pessoas entendem que ele está aqui para ficar", comentou Rompuy. "A eurozona vê uma volta à estabilidade financeira, que é condição essencial para a volta ao crescimento." Como a reação da economia toma tempo, há um consenso de que a economia na Europa terá fraco crescimento ou irá se contrair ligeiramente neste ano, reconhece o dirigente europeu, presidente do órgão que coordena os ministros dos países membros da União Europeia. "Mas baseado nas previsões atuais, este será o último ano de recessão para a maioria dos países."

    Rompuy, que, na viagem ao Brasil, não é acompanhado pelo Comissário Europeu para o Comércio, Karel de Gucht, evitou responder a perguntas sobre as perspectivas e expectativas na relação comercial entre o Brasil e a União Europeia. Os europeus aderiram à iniciativa do governo dos Estados Unidos para lançar negociações de um acordo internacional de liberalização de serviços, com apoio de outros países como Japão, Colômbia e Chile. As negociações de livre comércio entre União Europeia e Mercosul serão alvo de discussão no Chile, nesta semana, às margens da reunião da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

    A maior frustração dos europeus, no entanto, é com a falta de resposta brasileira à demanda pelo acordo de "céus abertos", que permitiria às companhias europeias operar no Brasil sem serem limitadas pelo número de voos operados pelas companhias brasileiras na Europa. O acordo estava pronto para ser assinado no ano passado, quando as negociações foram suspensas pelo Palácio do Planalto. Não há demanda por parte das empresas brasileiras de aumentar substancialmente os voos à Europa e há temor na equipe econômica de as companhias europeias, com a demanda em retração nos seus países de origem, façam competição predatória pelo mercado brasileiro.

    "Espero que, logo, nós implementemos um acordo sobre transporte aéreo que pode tornar as viagens entre nossos países mais fáceis e mais baratas", cobrou Rompuy, ao responder sobre resultados concretos da "parceira estratégica" Brasil-União Europeia. "Uma parceria estratégica é sobre construir uma agenda comum, baseada em confiança mútua, valores comum e uma visão compartilhada sobre o mundo", argumentou, ao explicar a relativa falta de acordos abrigados sob essa parceria. Os acordos do Ciência sem Fronteiras, de intercâmbio de estudantes, são, com o acordo sobre vistos entre Brasil e os europeus, exemplos de "resultados tangíveis" da parceria, diz ele.

    "Na cena internacional, Brasil e União Europeia apoiam valores democráticos, multilateralismo efetivo, o império da lei, o desenvolvimento sustentável. Isso molda nosso mundo comum", argumentou, citando a cooperação do Brasil com o bloco europeu nas negociações sobre o clima como um ponto de satisfação entre os dois governos. "Em termos de relação bilateral, o que estamos fazendo é lançar as bases para relações e intercâmbios nos próximos cinquenta anos", disse, ao lembrar o papel de destaque da Europa como investidor no Brasil e vice-versa.

    Para Rompuy, os diálogos mantidos entre técnicos, diplomatas e autoridades em áreas como ciência e tecnologia, normas técnicas para a indústria e transportes, terão efeitos que, gradualmente, permitirão maior comércio e geração de empregos. "Uma visão de longo prazo é essencial", defendeu.

     

     

    Valor Econômico
    23/01/2013

    Só 122 cidades brasileiras são atendidas por voos regulares
    Alberto Komatsu

    O Brasil atendido por voos regulares das companhias aéreas encolheu. E drasticamente. Na década de 60, cerca de 400 municípios contavam com linhas aéreas, lembra o brigadeiro Mauro Gandra, ex-diretor-geral do Departamento de Aviação Civil. Em novembro do ano passado, segundo a Anac, eram apenas 122 cidades.

    Essa redução reflete mudanças importantes na aviação regional brasileira, que tem atualmente o menor número de companhias e a mais tímida contribuição para o setor aéreo em toda a sua história. No fim de 2012, último período divulgado pela Anac, eram apenas quatro companhias de pequeno porte, com menos de 1% de participação de mercado, que responderam por 0,68% da demanda doméstica. Ao fim de 2006, ano em que a agência iniciou sua série, eram 13 empresas com esse perfil, que representavam 2,61% do mercado.

    Os dados foram obtidos em levantamento feito pelo Valor, com dados operacionais do setor coletados pela Anac entre 2006 e 2012. O estudo também mostra que em novembro de 2006 existiam 16 companhias aéreas brasileiras, enquanto em novembro passado eram apenas dez companhias, sendo uma em recuperação judicial e duas que não voam há cerca de um ano.

     

     

    Folha de São Paulo
    23/01/2013

    Piloto é um herói, diz sobrevivente de queda de helicóptero
    De acordo com técnico da prefeitura, ele conseguiu estabilizar a aeronave e evitou que tragédia fosse maior
    MARIA CAROLINA FREITAS

    Marcelo Stella Melo Araújo, 29, piloto do helicóptero que caiu anteontem à tarde na favela do Jardim Rincão (zona norte), foi um herói. É o que diz Idevanir Souza, 46, sobrevivente do acidente. Para o técnico da Secretaria Municipal do Verde, se não fosse o piloto, a tragédia teria sido maior. "Infelizmente, ele morreu, mas tenho certeza de que foi um herói."

    Souza estava com mais dois colegas, Fabiana Barbosa e Ramiro Levy, vistoriando parques da região. O helicóptero, da empresa Helimarte, contratada pela prefeitura, saiu do Campo de Marte (zona norte).

    O problema ocorreu 40 minutos depois. "Voltávamos tranquilos e, de repente, o helicóptero levantou a frente, como se fosse virar de costas."

    Souza diz que o piloto conseguiu estabilizar a aeronave. "Ele disse para nos segurarmos [...] e começou a procurar um local livre para pousar."

    O servidor teve uma vértebra da coluna trincada e se recupera em casa. Fabiana sofreu fratura na costela e está no HC. A família de Levy não autorizou o hospital a divulgar o estado de saúde dele.

    O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) investiga o acidente.

    Em 2012, a prefeitura pagou à Helimarte, vencedora da licitação, R$ 2.125.161,16. Segundo a Secretaria de Comunicação, não está prevista alteração no uso dos helicópteros.

     

     


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