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  • Valor Econômico
    20/04/2012

    Estratégias equivocadas cobram seu preço na Gol
    Alberto Komatsu

    Depois de registrar o segundo maior prejuízo anual de sua história, de R$ 751,5 milhões em 2011, dispensar 300 tripulantes, no primeiro trimestre, e passar pela quarta reestruturação administrativa desde 2009, realizada há uma semana, a Gol, a segunda maior companhia aérea do país, amargou ontem o rebaixamento de sua nota de crédito pela Moody's de B3 para B1- isso significa que subiu o risco de emprestar dinheiro à companhia. A agência fez ainda severas críticas ao seu modelo financeiro.

    Para especialistas e fontes do setor, uma combinação de fatores ligados ao passado, como a compra da Varig e a tentativa frustrada de voar ao exterior, e o atual cenário de desaceleração da demanda doméstica enquanto ainda há excesso de oferta de assentos nos aviões, ajudam a explicar o que está acontecendo com a Gol.

    "O atual perfil de crédito e a estrutura de capital da Gol não lhe dão capacidade de absorver a continuidade do cenário de preço do combustível em alta e antecipou o enfraquecimento do real decorrente do desejo do governo brasileiro de fortalecer a competitividade do país por meio da depreciação da moeda", afirmou a Moody's. A Gol informou ontem que não se pronunciaria a respeito.

    Para um especialista do setor aéreo, que pediu para não ser identificado, a Gol ainda paga um preço alto pela aquisição da Varig, em março de 2007. "Do dia 15 de janeiro de 2001 [fundação da Gol] até o dia 28 de março de 2007 [compra da Varig] a Gol não cometeu um erro sequer", disse a fonte.

    De acordo com essa pessoa, a partir da compra da Varig, a Gol cometeu erros estratégicos, como a decisão de manter um plano de expansão de voos internacionais da Varig, que quase parou em julho de 2006 por falta de aeronaves e combustível. Naquela ocasião, a antiga Varig foi arrematada em leilão por sua ex-subsidiária, a VarigLog, controlada pelo fundo de investimentos Matlin Patterson.

    Ainda em 2006, a Varig suspendeu alguns voos ao exterior, mas uma regra da Anac determinava prazo de 180 dias para a empresa não perder o horário de pouso e decolagem ("slot") para fora do país. A Varig tinha slots muito cobiçados para a Europa, principalmente Paris e Frankfurt, além de destinos nos Estados Unidos. O prazo para manter os horários para fora do país estava quase se esgotando, quando a Gol assumiu a Varig, em 2007. Foi uma corrida para a Gol encontrar aeronaves

    Como naquela época havia falta de aviões, com o mercado mundial aquecido, a Gol só encontrou aviões por um preço alto, o Boeing 767. Esse avião também é conhecido pelo alto consumo de combustível, em relação aos padrões atuais. "A Gol chegou a encomendar 13 modelos 767, mas os aviões vinham com configurações diferentes de painel e até de carrinho de comida e bebida. Eram coisas simples, mas geravam, gastos adicionais e mostravam a ineficiência na operação dos voos internacionais", lembrou a fonte.

    Animada com sua expansão internacional, a Gol chegou a afirmar publicamente que tinha interesse em operar aviões que estavam em desenvolvimento pela Boeing, como o 787 Dreamliner, e pela Airbus, o A350. Conforme a fonte lembra, no dia 31 de agosto de 2008 a Varig deixou de operar para Paris, o seu último destino internacional de longo curso.

    "A Gol começou a perder o controle de seus custos. O Constantino [Constantino de Oliveira Junior, presidente da Gol] foi corajoso, abortou o plano internacional pois viu que a empresa poderia quebrar", afirma a fonte. Segundo ela recorda, desde que comprou a Varig, a Gol teve gastos da ordem de R$ 1 bilhão (comprando aviões velhos, por exemplo, entre outras despesas). Em 2008, ano de crise mundial, teve o maior prejuízo de sua história, de R$ 1,3 bilhão.

    Moody's rebaixa nota de crédito da Gol, de B3 para B1 - isso significa que subiu o risco de emprestar dinheiro à companhia

    O professor da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Respício Espírito Santo, lembra dos quatro processos de reestruturação que a Gol passou em pouco mais de dois anos. "Isso é estranho. A Gol teve um aporte recente de capital da Delta Airlines [comprou 2,9% da Gol por US$ 100 milhões]. Essas reestruturações mostram que a empresa está passando por uma fase de transição. A dúvida é saber para onde isso vai levar".

    Uma terceira fonte do setor aéreo, que falou sob condição de anonimato, aponta o excesso de oferta no país como um dos principais motivos que levaram à atual situação da Gol. A guerra tarifária travada com a TAM, de 2010 até o primeiro semestre de 2011, empurrou as tarifas para baixo e a Gol sentiu mais o impacto.

    "A Gol não soube lidar com um certo grau de turbulência na indústria. A TAM tem o mercado internacional forte e com bons resultados, pois nunca os brasileiros viajaram tanto para o exterior por causa do real forte", diz essa fonte.

    Ainda como consequência de sua reestruturação, a Gol está reduzindo em até 10% a malha de voos, processo que deve terminar neste mês de abril. Serão até 100 voos domésticos a menos, ante 1.150 voos diários com a Webjet, comprada em julho de 2011.

    Na época em que foi anunciada essa medida, executivos da Gol mencionaram a desaceleração da demanda. Após 24 meses consecutivos de aumento médio mensal acima de 20%, a partir de setembro essa taxa caiu para a faixa de 10%.

     

     

    Valor Econômico
    20/04/2012

    Preço do combustível prejudica resultados nos EUA
    Jeremy Lemer - Financial Times de Nova York

    O aumento nos preços dos combustíveis superou o ritmo de alta das receitas das empresas aéreas dos Estados Unidos no primeiro trimestre e impactou seus resultados, reduzindo o lucro de algumas e levando outras a ter prejuízos.

    A Southwest Airlines, empresa de baixo custo, anunciou ontem um raro prejuízo, excluindo itens extraordinários, no período, enquanto a AMR, controladora em recuperação judicial da American Airlines, registrou um prejuízo substancial, embora menor, do que nos mesmos meses de 2011. O Alaska Air Group divulgou pequeno declínio no lucro.

    Os combustíveis são a maior despesa das empresas aéreas e analistas do JPMorgan estimam que para compensar um aumento de US$ 5 no barril de petróleo, precisam elevar as tarifas domésticas em US$ 6 e as internacionais em US$ 19, para voo de ida e volta.

    Ainda assim, especialistas continuam otimistas quanto às perspectivas para os balanços anuais das empresas aéreas dos Estados Unidos, tendo em vista a resistência vista na demanda por viagens aéreas, o aumento em tarifas, como a cobrada pelas bagagens, e a consolidação no setor, que fortaleceu o poder de aumento dos preços e ajudou a enxugar a capacidade de voo.

    "O setor continua a enfrentar muitos desafios", escreveu Ray Neidl, do Maxim Group, no início do mês. "Ao mesmo tempo, é provável que [o setor] esteja em sua posição mais fortalecida desde a desregulamentação."

    Embora se estime que o setor como um todo terá prejuízo em torno a US$ 815 milhões no primeiro trimestre, normalmente o mais fraco do ano, analistas preveem que o setor terá lucro de cerca de US$ 900 milhões em todo 2012.

    Na Soutwest Airlines, o custo do combustível no primeiro trimestre subiu 17%, enquanto a tarifa média cobrada dos passageiros aumentou apenas 5%, para US$ 146,44, o que resultou em lucro operacional menor.

    A empresa perdeu US$ 18 milhões, o que representa US$ 0,02 por ação, excluindo itens extraordinários, nos três primeiros meses do ano. No mesmo período de 2011, havia lucrado US$ 20 milhões, ou US$ 0,03 por papel. O lucro líquido somou US$ 98 milhões, ou US$ 0,13 por ação, no primeiro trimestre, graças a ganhos de US$ 116 milhões com operações financeiras para se proteger contra variações nos custos.

    As receitas subiram 29%, para US$ 4 bilhões, uma vez que a empresa se beneficiou com a aquisição da AirTran, em maio de 2011, e a administração destacou que o "tráfego e as tendências de reserva, até abril, são sólidas".

    A AMR, por sua vez, anunciou prejuízo de US$ 248 milhões no trimestre, excluindo custos de reestruturação, em comparação com as perdas de US$ 405 milhões verificadas nos três primeiros meses de 2011. Como os custos de reorganização dentro da lei de falências dos EUA continuaram aumentando, no geral, a AMR teve prejuízo de US$ 1,7 bilhão, superior ao de US$ 436 milhões que perdeu no primeiro trimestre do ano passado.

    O executivo-chefe da AMR, Tom Horton, disse sentir-se "encorajado pela melhora", destacando que as receitas subiram 9%, para US$ 6 bilhões, enquanto o rendimento por passageiro, indicador das tarifas médias, subiu 7,3% no primeiro trimestre.

    O Alaska Air Group divulgou lucro líquido de US$ 28,3 milhões no trimestre, o que equivale a US$ 0,39 por ação, excluindo itens extraordinários, abaixo dos US$ 29,5 milhões, ou US$ 0,40 por papel, obtidos nos mesmos meses de 2011. A receita subiu 8%, para cerca de US$ 1 bilhão. (Tradução de Sabino Ahumada)

     

     

    O Estado de São Paulo
    20/04/2012

    Aumentar voo em Congonhas é irregular
    Secretaria do Verde diz que aeroporto, que terá mais 119 pousos e decolagens, deve ser multado
    NATALY COSTA, RODRIGO BRANCATELLI

    A Prefeitura de São Paulo diz que o aumento do número de voos no Aeroporto de Congonhas, na zona sul, é irregular. Serão mais 119 pousos e decolagens nos fins de semana (58 dos quais aos sábados e 61 aos domingos), de acordo com a nova redistribuição de vagas para voos (slots) feita anteontem pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

    Para a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, o aeroporto não tem mais condições de aumentar o número de operações e deveria ser multado.

    A Prefeitura diz que Congonhas - inaugurado há 76 anos - obteve a primeira Licença Ambiental de Operação (LAO) em 2009 e, segundo o último relatório da Secretaria, não cumpre 52 das 100 exigências da LAO.

    Uma delas é o número de operações, que não deveria ultrapassar 193 mil voos e 13,6 milhões de passageiros por ano. Mas só em 2011, foram 209 mil voos e mais de 16 milhões de passageiros transportados. Oficialmente, a capacidade máxima de Congonhas é de 12 milhões de usuários.

    A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), porém, conseguiu na Justiça uma liminar que impede a administração municipal de multá-la por desobediência às exigências da licença.

    Com o aumento de operações, a secretaria acredita que o desrespeito é flagrante. "O aumento de movimentação de aeronaves implica também no descumprimento de exigências referentes à poluição sonora, poluição atmosférica, vibração, segurança operacional das aeronaves e saúde da população residente no entorno do aeroporto", informa a Prefeitura, em nota.

    Demanda. Com a redistribuição realizada pela Anac, Congonhas terá um aumento de 15% no número de operações - a autorização para os voos, porém, já existia. Os slots (vagas para pousos ou decolagens) não eram usados por falta de interesse das companhias áreas.

    Por isso, para ocupar esses espaços vagos, a Anac realiza periodicamente um sorteio de slots. A agência planejava redistribuir quase o dobro deles - 227 slots (125 no sábado e 102 no domingo). No entanto, só houve interesse por 119.

    Questionada, a agência afirma que esse acréscimo está dentro do número de slots permitido no aeroporto por determinação do Departamento de Controle de Espaço Aéreo (Decea). "É um número dentro do limite de capacidade operacional fixado pelo Decea após o acidente da TAM, em 2007", afirmou o órgão.

    A legislação atual permite em Congonhas no máximo 34 pousos e decolagens por hora - 30 para a aviação civil e quatro para a aviação geral (aviões particulares) -, ou 496 slots por dia. Os slots de segunda a sexta-feira já estão esgotados.

     

     

    Folha de São Paulo
    20/04/2012

    Passageira é indenizada por perda de bagagem com vestido de noiva

    A companhia aérea italiana Alitalia terá que pagar indenização de R$ 8.000, por danos morais, à brasileira Christiana Niero. Ela teve seu vestido de noiva extraviado em voo da empresa para Roma. A decisão foi da 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

    De acordo com o processo, Christiana passaria sua lua de mel na cidade italiana e receberia uma benção em audiência com o Papa Bento XVI.

    Ao verificar o extravio de sua bagagem, a passageira entrou em contato com a empresa, que lhe entregou um documento chamado "relatório de irregularidades com bagagem" e um kit com uma blusa branca, escova de dentes e pente.

    A mala, no entanto, só foi devolvida três dias depois, no último dia da estadia de Christiana em Roma.

    No processo, a Alitalia alegou que a condenação por danos morais seria indevida porque a bagagem foi devolvida intacta à passageira.

    O advogado da empresa não foi localizado ontem para comentar a decisão.

    O desembargador Marcelo Lima Buhatem, da 4ª Câmara Cível, afirmou que "o extravio e a perda de bagagem acarretam aborrecimentos que extrapolam o tolerável pelo consumidor".

     

     

    Folha de São Paulo
    20/04/2012

    Congonhas terá mais voos sábado à noite e domingo de manhã

    O aeroporto de Congonhas ganhará mais 25 voos nas noites de sábado (das 18h às 21h) e 45 nas manhãs de domingo (das 6h às 11h) -aumento de 42% e 47%, respectivamente, em relação a hoje. Os horários foram divulgados ontem pela Anac, que anteontem leiloou horários vagos entre empresas áreas interessadas.

    A medida será homologada em 18 de maio. A partir daí, as companhias poderão dar início aos voos, após pedido à Anac.

    Em março, a Folha havia antecipado o aumento de voos.

    Os moradores do entorno criticaram a medida.

    Ontem, a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente condenou a expansão dos voos. A pasta defende a redução do horário de funcionamento de Congonhas -essa foi uma condição para dar o licenciamento ambiental do aeroporto, em 2009.

    A Infraero, porém, não reduziu o horário, por entender que o tema é de âmbito federal. A estatal conseguiu liminar na Justiça para não ser multada.

     

     


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