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  • Valor Econômico
    04/04/2012

    Boeing monta centro de pesquisa no Brasil
    Eduardo Laguna

    Com vista ao desenvolvimento de biocombustíveis de aviação, a fabricante de aviões americana Boeing anunciou ontem que vai abrir, ainda neste ano, um centro de pesquisa e tecnologia em São Paulo. A unidade representa o sexto centro de pesquisas avançadas da companhia fora dos Estados Unidos, unindo-se a operações do tipo na Europa, na Austrália, na Índia, na China e na Rússia.

    No estágio inicial do projeto, os investimentos anuais da Boeing devem girar entre US$ 4 milhões e US$ 5 milhões, em recursos direcionados à contratação de uma pequena equipe inicial - para coordenação dos projetos - e ao financiamento de pesquisas. Em uma segunda fase, esses investimentos poderão evoluir para a contratação de engenheiros e a instalação de um laboratório de pesquisas.

    Além dos biocombustíveis usados em aeronaves, estarão no foco as pesquisas relacionadas à gestão de tráfego aéreo e desenvolvimento de novos metais e materiais dos aviões. Para isso, serão feitas parcerias com empresas e instituições de pesquisa e desenvolvimento no Brasil, incluindo agências governamentais, setor privado e universidades.

    A Boeing já havia anunciado, em julho do ano passado, uma parceria com a Embraer com o objetivo de financiar pesquisas para produção de biocombustíveis de aviação. Após isso, em outubro, o grupo americano e a Embraer, junto com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), assinaram uma carta de intenções para avaliar oportunidades e desafios ao surgimento no Brasil de uma indústria de produção e distribuição de combustíveis bioderivados para aviação.

    A fabricante americana estima que a demanda por aeronaves no Brasil nos próximos 20 anos irá superar mil aviões, com custo superior a US$ 100 bilhões.

    Durante o anúncio do projeto à imprensa, a direção da Boeing no Brasil procurou desvincular a criação do centro tecnológico da competição pelo fornecimento de caças à Força Aérea Brasileira (FAB).

    A presidente da filial brasileira, Donna Hrinak, classificou o novo centro de pesquisa como o "carro-chefe" nos planos da companhia de se estabelecer no país. Mas ressaltou que a finalidade dessa unidade é o desenvolvimento e não a transferência de tecnologia - um dos pontos exigidos pelo governo brasileiro na compra dos caças.

    Com seu FX-18 Super Hornet, a Boeing concorre com a Dassault, fabricante do francês Rafale, e a sueca Saab, que fabrica o Gripen NG, pelo fornecimento de 36 caças que vão equipar a FAB.

    Segundo Donna Hrinak, que foi embaixadora dos Estados Unidos no Brasil entre 2002 e 2004, o novo centro de pesquisa visa a projetos de desenvolvimento de longo prazo e não está relacionado à concorrência.

    "O centro de pesquisa e tecnologia é muito abrangente. Cobre a parte de aviões comerciais, aviões militares e veículos aeroespaciais. Então, vai muito além de qualquer decisão do governo brasileiro sobre o FX", disse Donna, que assumiu o cargo em outubro do ano passado.

     

     

    Valor Econômico
    04/04/2012

    TAM e Gol perdem mercado em fevereiro
    Alberto Komatsu

    O cenário de contenção de oferta das duas maiores empresas aéreas do país começa a mostrar seus efeitos e pode indicar uma tendência do setor para 2012. O duopólio TAM e Gol perdeu 5,75 pontos percentuais de participação nos voos domésticos em fevereiro, na comparação anual, com fatia combinada de 73,59%. Avianca, Azul, Webjet e Trip avançaram 6,44 pontos percentuais na mesma base de comparação, com participação conjunta de 25,67%.

    Os dados são da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e mostram que a perda de fôlego de TAM e Gol aconteceu num mês em que a demanda por voos domésticos cresceu 12,9%, diante de fevereiro de 2011. O resultado foi influenciado pela ocorrência do Carnaval um mês antes do que no ano passado. Por isso, o desempenho ficou acima da média dos últimos cinco meses, que mostraram desaceleração do crescimento da demanda, com alta mensal de um dígito.

    A Webjet foi adquirida pela Gol em julho de 2011, mas o negócio ainda aguarda aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Nesse sentido, a Anac ainda divulga os dados das duas empresas separadamente.

    "Esse crescimento de participação das empresas de médio porte é resultado do aumento de oferta. As duas maiores estão com o foco em rentabilidade", diz o especialista em aviação da consultoria Bain & Company, André Castellini.

    A frota combinada de Gol e Webjet vai recuar dos atuais 145 aviões para 141 em 2012, segundo dados preliminares da Gol. A TAM divulgou, em janeiro, uma revisão para baixo do seu plano de frota. A empresa aumentou de quatro para sete a quantidade de aviões que desistiu de incorporar para voos domésticos. Para os voos ao exterior, a empresa vai receber quatro aviões da Boeing, modelo 777.

    Na rota inversa, Avianca, Azul e Trip planejam ampliar sua frotas neste ano. A Webjet vai aumentar a sua capacidade com a renovação da frota por aviões com cerca de 40 assentos a mais.

    A perda de participação das duas maiores companhias aéreas brasileiras já vinha sendo registrada, mas em velocidade menor. No acumulado de janeiro a dezembro de 2011 ante 2010, segundo a Anac, a perda de participação de mercado conjunta de TAM e Gol foi de 1,57 ponto percentual. O avanço do grupo intermediário, por sua vez, foi proporcional, de 1,63 ponto percentual.

    O fluxo de passageiros em voos internacionais, operados por companhias aéreas brasileiras, registrou crescimento de 8,95% em fevereiro, em relação ao mesmo mês de 2011. A oferta de assentos teve expansão de 1,16%.

    As aéreas da América Latina tiveram expansão de 13,3% no fluxo de passageiros e 10,8% de aumento na capacidade em fevereiro, em relação ao mesmo mês de 2011, informou ontem a Associação Internacional do Transporte Aéreo (da sigla em inglês Iata). A entidade citou o Carnaval brasileiro, que distorceu o resultado mundial.

    Foi a terceira maior taxa de crescimento global na demanda por viagens aéreas em fevereiro, na comparação anual, atrás dos 24,7% da África e dos 23,4% do Oriente Médio. A demanda global por viagens aéreas registrou crescimento de 8,6% em fevereiro, na comparação com igual período de 2011.

     

     

    Folha de São Paulo
    04/04/2012

    Concessão do Galeão deve ter forte disputa
    Aeroporto passa de 'patinho feio' a 'cisne' pela perspectiva de se tornar concentrador de voos na América do Sul - Estudos mostram que unidade no Rio está subaproveitada; setor de cargas tem potencial para crescimento
    DIMMI AMORA

    De "patinho feio", o Aeroporto Internacional do Galeão-Tom Jobim está a caminho de virar o "cisne" das concessões do governo. A unidade de 35 anos tenta sair de uma longa decadência, em que terminais de passageiros são comumente comparados a rodoviárias e as operações estão abaixo da capacidade. O aeroporto deu prejuízo de R$ 200 milhões em 2010.

    Com boa infraestrutura para os aviões e considerado competitivo para o mercado internacional, o aeroporto entrou na mira dos maiores operadores do mundo.

    Para o mercado, o Galeão terá uma forte disputa quando for leiloado porque os grandes operadores precisam entrar no mercado brasileiro o quanto antes.

    O motivo: a tendência é haver, após o período de cinco anos em que os controladores dos aeroportos concedidos não podem ser trocados, um processo de fusões e aquisições. Entrar no mercado adquirindo uma concessão custará bem menos que comprar a administradora de uma unidade concedida.

    As críticas de que os aeroportos brasileiros foram parar na mão de empresas sem experiência suficiente não deverão se repetir na próxima rodada, pois o governo vai aumentar as restrições à participação para atrair somente grandes operadores.

    "Se houver grupos com visão mais internacional e experiência, o Galeão deixa de ser o patinho feio", afirmou o consultor Josef Barat, ex-conselheiro da Agência Nacional de Aviação Civil.

    'HUB'

    Parte do mercado prevê que o Galeão competirá com os aeroportos de Campinas e Guarulhos pelos voos internacionais e pela carga aérea.

    Outra parte considera que Campinas não conseguirá competir no mercado internacional e que Guarulhos e Galeão vão dividir os passageiros, tornando-se os "hubs" (concentradores de voos) da América do Sul. Em 2011, dos passageiros internacionais, Guarulhos teve 62%, Galeão, 21%, e Campinas, 1%.

    "O Galeão foi o único projetado para 80 milhões de passageiros por ano", diz Delmo Pinho, subsecretário fluminense de Transportes.

    O crescimento da economia do Estado, puxado pela indústria do petróleo, e o fato de o Rio ser sede da Olimpíada-2016 e da final da Copa-2014 são outros fatores que favorecem o Galeão.

    Estudos mostram que o aeroporto está subaproveitado. Um exemplo é a parte de cargas, na qual a receita em 2010 foi menos que metade da de Campinas e Guarulhos.

    O aeroporto tem poucos problemas para seu crescimento (construir uma nova pista seria menos problemático que em outras grandes unidades do país) e já passa por melhorias de gestão e reforma nos terminais (avaliadas em R$ 813 milhões).

    O ministro da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, não revela quando a unidade vai a leilão. Mas afirma que ela estará numa condição muito melhor quando isso ocorrer.

     

     


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