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  • Terra Notícias
    17/07/2011

    Pilotos relataram falhas graves em empresa de avião que caiu

    Um caderno de anotações de pilotos da empresa Noar indica problemas que aeronaves tinham antes do acidente da quarta-feira, quando um avião caiu em Pernambuco e 16 pessoas morreram. Os pilotos afirmam nos relatos que a potência dos motores não passava de 60% em algumas decolagens, o que era considerado por eles como grave, luzes de emergência estavam queimadas, entre outros problemas. As informações são do Fantástico.

    Em outro relato, o comandante afirma que um copiloto, que viajava como passageiro, observou que uma porta do trem de pouso aparentava que iria abrir. Segundo a reportagem, o caderno contém 75 anotações entre 3 de novembro de 2010 e 9 de julho. O piloto Rivaldo Cardoso, que morreu no acidente, também fez relatos no caderno. A Anac suspendeu os voos da empresa para examinar as denúncias da TV.

    O acidente
    Um avião bimotor turboélice, modelo L-410, também conhecido como LET, com capacidade para 19 pessoas, fazia o percurso Recife-Natal quando caiu na manhã da quarta-feira.

    A aeronave caiu em um terreno baldio próximo à avenida Boa Viagem e deixou 16 mortos. Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), a aeronave havia acabado de decolar do aeroporto de Guararapes quando a tripulação declarou estar em situação de emergência e que tentaria pousar na praia de Boa Viagem. Contudo, A aeronave caiu, pegou fogo e nenhum dos passageiros e tripulantes sobreviveu.

     

     

    Folha de São Paulo
    17/07/2011

    Após reduzir conforto, aéreas cortam comissários
    Em vez de 4, serão 3; Webjet incumbe passageiro de abrir a porta do avião - Sindicato de aeronautas diz que a redução causa riscos à segurança de voo; empresas negam e dizem seguir tendência
    RICARDO GALLO

    Primeiro, o serviço de bordo rareou e, em algumas empresas, passou a ser cobrado à parte, água inclusive. Agora, as companhias aéreas começam a cortar comissários dos aviões -e até incumbem o passageiro de abrir a porta principal em eventual emergência.
    O sindicato de aeronautas atribui a redução à ânsia das empresas de poupar e fala em risco à segurança de voo.
    As empresas negam e dizem não fazer nada além do que já é adotado pelo setor em outros países como, por exemplo, os Estados Unidos.
    A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) afirma que a segurança não está sob ameaça -e que não lhe cabe se meter no serviço de bordo.
    Em 2010, o número de passageiros subiu 21%. As passagens baratearam 18%.
    Entre as principais companhias, a Webjet, vendida à Gol, foi a primeira a receber da Anac autorização para reduzir o número de comissários, de quatro para três, em todos os seus aviões.
    Desde novembro, mantém um funcionário na frente e dois atrás em suas aeronaves. Antes, eram dois por setor.
    Cabe a um passageiro da primeira fila, em caso de emergência, abrir uma das portas do avião e ajudar os demais passageiros a sair.
    Se houver recusa, a Webjet delega a função a outro.
    "O passageiro saberá usar a escorregadeira [equipamento inflável para sair do avião] numa situação de emergência? Não vai", diz Leonardo Souza, diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas e comissário da Gol.

    RESPONSABILIDADE
    A medida, afirma, transfere para o passageiro a função mais importante do trabalho de um comissário: cuidar da segurança durante o voo.
    Em 2007, no Japão, um avião da China Airlines com 157 passageiros e o motor em chamas foi esvaziado pelos comissários cinco segundos antes de explodir. "Com um passageiro ajudando, seria assim?", questiona Souza.
    O precedente para o corte de comissários se deu em março de 2010, com uma nova regra da Anac.
    Inspirada em normas dos Estados Unidos e Europa, a agência definiu que aviões com até 150 lugares podiam ter três comissários.
    A maioria usava quatro, um para cada porta.
    O pedido mais recente veio da TAM, que, em junho, obteve aval para reduzir um comissário no seu menor avião, o Airbus A-319, para 144 pessoas. A empresa diz que não adotará a medida. A Avianca fez o mesmo para a sua frota; a Gol discute com a Anac.

     

     

    Folha de São Paulo
    17/07/2011

    Empresa cobra por água, café e escolha de assento
    Webjet é a primeira a reduzir comissários; TAM corta café e leite nos voos

    Mais espartana das aéreas, a Webjet foi a primeira das grandes do país a cortar comissários dos aviões -e a mais radical ao enxugar (ou cobrar por) quase tudo, em troca de tarifas mais baixas. O serviço de bordo é todo cobrado, inspirado em companhias americanas e europeias de baixo custo. Quer um copo d'água? R$ 3, o dobro de qualquer lugar que não a tríade aeroporto/ restaurante/hotel de luxo.
    Escolher o assento, que é travado para não reclinar, custa R$ 5 ou R$ 10. Quem não paga é acomodado aleatoriamente.
    Como resultado de uma ação do Ministério Público do Rio de Janeiro, a Justiça deu até agosto para a Webjet parar de cobrar por assento.
    Líder da categoria no país e com fama de não fazer concessões no serviço de bordo, a TAM aderiu à redução no atendimento, ainda que de maneira mais discreta.
    Desde junho, a companhia, sem informar aos passageiros, excluiu o cafezinho e o leite nos voos que saem depois das 9h30.
    O carrinho de bebidas, agora, passa uma única vez. Bis, só para o passageiro que pedir; os comissários deixaram de oferecer o que chamam de "repasse".
    O supervisor comercial Rodrigo Peixoto, 35, que voa toda semana entre Belo Horizonte e São Paulo, notou. "Pedi um café num voo logo depois do almoço. A comissária ficou de ver. Ela saiu e não voltou mais."

    BAIXO CUSTO
    A Gol, que nasceu com conceito de baixo custo, mantém venda a bordo em 84 dos 900 voos -o plano é ampliar o serviço para 400 voos até o o final do ano.
    Diferentemente da Webjet, a companhia dá água e suco grátis mesmo quando pratica a venda a bordo.
    Nesses voos, anuncia-se o cardápio pago; o gratuito só passa se der tempo -e não é anunciado aos passageiros.
    Até alguns meses atrás, a empresa dava também refrigerante, até um advogado que havia pago R$ 5 pela bebida perceber que, depois, os comissários passavam com um carrinho a oferecendo de graça aos passageiros.
    O passageiro evocou o Código de Defesa do Consumidor e se disse enganado. Um dos comissários a bordo quase apanhou. A Gol mudou o procedimento e cortou o refrigerante grátis nos voos com venda a bordo.
    "O mercado está interessado em pagar pouco e ter menos serviços não essenciais. As companhias se ajustam a isso", afirma André Castellini, sócio da Bain & Company, consultoria de aviação.

    INFORMAÇÃO
    Para Maria Inês Dolci, ao diminuir o serviço, a empresa deveria diminuir proporcionalmente o preço. "E, mesmo que o faça, o passageiro tem que ser informado", diz ela, coordenadora da Proteste (associação de defesa do consumidor) e colunista da Folha.
    Leonardo Souza, do sindicato dos aeronautas, critica a sobrecarga e o acúmulo de função dos comissários, obrigados a se preocupar com o comércio em voo em detrimento da segurança do voo e dos passageiros.
    Há cerca de 20 mil comissários em atividade no país. (RICARDO GALLO)

     

     

    Folha de São Paulo
    17/07/2011

    ESPERA POR MALA CHEGA A UMA HORA

    Após o desembarque, o passageiro pode sofrer mais. É frequente a demora na restituição das bagagens. "Às vezes, o passageiro espera por uma hora", diz Francisco Lemos, presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários.

     

     

    Folha de São Paulo
    17/07/2011

    Agência afirma cumprir normas internacionais

    A Anac e as companhias defendem a segurança das operações com menos comissários e dizem que o procedimento é homologado pelos fabricantes dos aviões. A Anac informou seguir lei semelhante à de EUA e Europa e que a norma de 2010 corrige "erros de interpretação". Antes, não era claro se o número de comissários deveria se basear no número de lugares ou no de portas.
    A Webjet afirma seguir a lei e treinar a tripulação para operar com três tripulantes. Diz ainda estar amparada em lei ao orientar passageiros sobre a necessidade de ajudar em caso de emergência.
    A TAM diz que, embora possa manter três comissários, opta por ter "quatro profissionais a bordo para melhor atender os passageiros".
    A Gol informou que o pedido à Anac para operar com três comissários não se deu por planos de cortar tripulação, mas sim para exceções.
    "Se hoje estou em Fortaleza e um dos nossos tripulantes passa mal, eu não posso voar. Aí tenho que cancelar voos", disse Adalberto Bogsan, vice-presidente técnico.
    A medida, diz, lhe dá a "flexibilidade" de levar a aeronave até uma base onde a tripulação se recomponha.
    A empresa não conseguiria implantar a redução em larga escala nem se quisesse, diz Bogsan. Isso porque, afirma, as rotas são integradas e usam dois modelos de avião -Boeings 737-700 e 800.
    O primeiro, com 144 lugares, é o que a Gol quer autorização para três comissários. O segundo é proibido por lei de fazê-lo, por ser um avião maior, para 183 passageiros.
    A Avianca não respondeu.
    Sobre cortar café e leite em voos, a TAM diz ajustar o serviço "constantemente" para evitar desperdício, sem esquecer da "qualidade do atendimento". A Webjet diz que seu modelo "baixo custo, baixa tarifa" é o que permite baratear passagens.

     

     


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