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  • Folha de São Paulo
    04/06/2011

    Barulho de Congonhas em nível inaceitável afeta 31 mil
    Mapeamento revela pico de 96 decibéis em parte das 9.951 casas prejudicadas - Estudo apresentado à Justiça Federal sugere remanejar voos fretados nos fins de semana para atenuar o nível de ruído
    RICARDO GALLO

    Mapeamento feito pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) revela que cerca de 31 mil pessoas moram em "zonas de ruído com níveis inaceitáveis", impróprias para habitação, no entorno do aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo.
    São 9.951 casas, concentradas principalmente em Moema, Jabaquara e Itaim.

    Nesse perímetro estão ainda 30 "receptores críticos", como escolas e hospitais.
    Concluído na última terça-feira, o estudo mostra que, em alguns casos, o pico de ruído foi de 96 decibéis, capaz de ensurdecer alguém.

    O estudo foi apresentado à Justiça Federal para subsidiar processo judicial que discute o ruído na vizinhança de Congonhas, o segundo maior aeroporto do país.

    Moradores defendem restringir em até duas horas, uma pela manhã e outra à noite, o funcionamento do terminal, que hoje opera das 6h às 23h. Infraero, Anac e empresas aéreas são contra.

    Para atenuar o impacto sonoro, a Anac propõe:

    1) a redução de potência na decolagem assim que o avião atingir 240 m, modelo aprovado internacionalmente. Com isso, 3.300 ficariam livres da área de pior ruído;

    2) o isolamento acústico das casas mais afetadas, o que custaria de R$ 5.000 a R$ 7.500 em cada uma;

    3) o remanejamento de voos fretados que operam entre os sábados e domingos nos horários de maior incômodo (6h às 7h/22h às 23h) para horários mais ociosos.

    4) Organizar, também aos finais de semana, os voos pelo ruído de cada aeronave.

    A partir desse estudo, a Justiça pode, por exemplo, obrigar as partes envolvidas (Anac, empresas aéreas, Infraero, que gerencia os aeroportos, e moradores) a cumprir as sugestões propostas.

    Das sugestões, a mais complicada é o isolamento acústico das casas. As aéreas sinalizaram que não bancarão o investimento.
    Os dados da Anac mostram que a situação na região já foi pior -se comparada com outro estudo, feito em 2004, pela Infraero. A área sob ruído caiu de 6,96 quilômetros quadrados para 4,68.

    Segundo a Anac, a redução pode ser explicada pelo fato de as aeronaves estarem mais silenciosas e porque o movimento de Congonhas foi reduzido a partir de 2008.

    O aeroporto foi inaugurado em 1936, com o entorno quase desabitado. Com o crescimento da cidade, passou a ficar espremido entre prédios, casas e empresas.

    O processo não tem prazo para ser julgado. Em março, tentativa de acordo entre as partes fracassou.

     

     

    Folha de São Paulo
    04/06/2011

    Vizinho de Congonhas quebra janela devido a ruído
    Estressado e sem conseguir dormir, empresário pôs janelas antirruído
    RAPHAEL MARCHIORI

    O empresário Carlos Anibal, 47, diz ter virado uma pessoa agressiva por conta do barulho dos aviões que operam em Congonhas.
    Casado há quatro meses e em busca de mais espaço, ele se mudou para um apartamento na rua Rouxinol, em Moema. "Estava ficando louco e quebrei até uma janela num dia em que não aguentava mais tanto barulho."

    Há dez dias, Anibal instalou duas janelas antirruído. "Não eliminou completamente o problema. A diferença é que agora consigo dormir, e antes não."
    A próxima janela a receber o equipamento será a do filho, de apenas 45 dias. "Como vi que resolveu um pouco o problema, já encomendei uma para o quarto dele."

    Quem amenizou o problema foi João Bráulio Junqueira, dono da empresa que instalou os kits antirruído.

    Apesar de ter atendido muitos clientes na região, ele diz ter perdido negócios porque em alguns imóveis nem seu kit ameniza o ruído. "Perto da cabeceira norte, é impossível conter o barulho, porque os aviões pousam a uma altitude muito baixa."
    O presidente da Associação dos Moradores do Entorno de Congonhas, Edvaldo Sarmento, considera uma vitória o relatório da Anac, mas acredita que muito mais que 9.951 casas sejam afetadas.

    "Eles só estão considerando os pontos críticos, porque temos cerca de 60 mil residências prejudicadas."
    Segundo o médico Hektor Onishi, da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, o excesso de ruído pode causar de problemas auditivos até doenças estomacais.

    "As principais ocorrências ligadas à audição são o zumbido, a sensação de ouvido tapado e até a perda de audição. Devido ao estresse causado pelo local barulhento, porém, a pessoa poderá ter dores cabeça, problemas estomacais, aumento da pressão arterial e insônia", diz.

     

     

    Rede Bomdia.com.br
    04/06/2011

    Embraer decide escutar o ‘peão’
    Após pedido do BNDES, Embraer aceita, pela primeira vez, negociar a redução da carga horária dos funcionários, de 43 para 40 horas. Reunião será segunda
    Cecília Polycarpo / São José

    Uma luz no fim do túnel começa a surgir para o trabalhador da Embraer. A empresa irá receber, pela primeira vez, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos para negociar a carga horária de trabalho dos funcionários.

    A reunião, que acontece na segunda-feira, foi marcada dias depois do presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento), Luciano Coutinho, afirmar ao sindicato que iria procurar a diretoria da fábrica em São José,  para negociar a redução da jornada de trabalho de 43 para 40 horas.

    O  banco do governo entra nessa batalha com o status de maior financiador de vendas da montadora. Hoje, o trabalhador da Embraer trabalha 43,5 horas semanais, a maior carga horária de trabalho para metalúrgicos no Vale.

    “Desde 2009 nós pedimos uma reunião para discutir o assunto. Hoje somos o metalúrgico que mais trabalha no Vale. A crise da Embraer já passou”, afirmou o funcionário da empresa e vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Herbert Claros.

    Os metalúrgicos de São José acompanham ansiosos as primeira negociações com a Embraer. Para muitos trabalhadores, a redução da  carga horária significa também uma forma de segurar o emprego na fábrica.

    “A situação aqui tá horrível, eles demitem um por dia. A única forma de segurar o trabalhador aqui dentro é reduzir a carga”, disse o moldador Alessandro Dias Leal.

    Expectativa
    Alguns funcionários não acreditam que um acordo será firmado com apenas uma reunião.

     “Tenho certeza que esse primeira reunião foi marcada apenas por uma pressão política de Brasília”, disse o metalúrgico Luis Antônio Gomes de Alcântara.

    A terceirização do serviço também é uma tendência forte dentro da montadora, segundo Alcântara. “Eles estão demitindo muita gente e vão continuar demitindo. A Embraer está repassado muito do trabalho a outras empresas, é uma forma de redução de custos aqui dentro que não vai ser brecada com reunião”, completou.

     

     


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