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    41 ANOS SEM SOLUÇÃO:
    O MISTERIOSO DESAPARECIMENTO DO VOO RG 967

    Com uma carga bastante valiosa, o avião de carga brasileiro sumiu após decolar da costa do Japão, em janeiro de 1979
    PAMELA MALVA PUBLICADO EM 18/05/2020, ÀS 12H30 - ATUALIZADO ÀS 12H45

    No dia 30 de janeiro de 1979, o experiente piloto Gilberto Araújo da Silva iniciava mais um de seus voos, a bordo do Boeing 707 da companhia aérea Varig. Na cabine de comando, ele ergueu o enorme avião do chão às 20h23.

    A tripulação partiria de Narita, no Japão, com destino ao Rio de Janeiro. A única escala programada seria feita em Los Angeles, nos Estados Unidos. No começo do trajeto, entretanto, Gilberto deveria avisar sobre o status da decolagem.

    E assim ele fez. Assim que as asas do avião se equilibraram e o voo entrou em cruzeiro, o Boeing 707 fez o primeiro contato com o controle de tráfego aéreo, a fim de informar sua localização inicial. Foi a última vez que alguém ouviu a voz de Gilberto.

    Um mistério que atravessa décadas

    Logo depois do contato feito pelo piloto, o voo RG 967 saiu dos satélites de controle. Em meia hora de trajeto, o Boeing 707 simplesmente desapareceu e não entrou mais em comunicação com as autoridades japoneses.

    Em resposta do sumiço do avião cargueiro, os oficiais de controle acionaram um alerta, indicando um possível acidente. As buscas começaram efetivamente na manhã do dia seguinte, com diversas equipes espalhadas pelos locais onde a aeronave teria caído.

    Dia após dia, mais áreas eram exploradas e quase reviradas pelas autoridades japonesas, mas não foram encontrados quaisquer vestígios da tripulação. As equipes de busca não identificaram nem manchas de óleo do motor, nem corpos de viajantes.

    Na época, a própria companhia aérea publicou uma nota sobre o sumiço do Boeing 707. “Não foi possível encontrar nenhum indício que lançasse qualquer luz sobre as causas do desaparecimento da aeronave”, lamentou a Varig.

    Um voo predestinado

    No dia da decolagem, a carga do boeing saiu de Tóquio pesando cerca de 20 toneladas. O avião transportava equipamentos eletrônicos, peças navais, computadores e máquinas de costura. Além deles, o voo ainda levava quadros de Manabu Mabe avaliados em US$ 1,2 milhão.

    Além de Gilberto, outros cinco especialistas estavam a bordo do voo RG 967 naquele dia. Eram eles: o comandante Erni Peixoto, os copilotos Evans Braga e Antonio Brasileiro da Silva Neto e os engenheiros Nicola Esposito e José Severino de Gusmão Araújo.

    O mais surpreendente do episódio era o histórico de Gilberto, que já teria se envolvido em outro imprevisto, em 1973. Da mesma companhia aérea que o Boeing 707, o avião voava do Rio de Janeiro para Paris quando sofreu o acidente.

    Naquele dia, quando estava chegando ao seu destino, a cabine de passageiros da aeronave começou a pegar fogo, graças a um dos tripulantes — que teria jogado uma bituca de cigarro acesa no lixo. Gilberto foi obrigado a fazer um pouso de emergência, causando 123 mortes, a maioria por intoxicação.

    Enigma sem respostas

    Há cerca de 41 anos sem solução, o desaparecimento do Boeing 707 gerou diversos questionamentos e teorias da conspiração. Muitas delas giram em torno da carga milionária que o avião carregava no dia.

    Segundo tais teorias, colecionadores de arte teriam atacado a aeronave brasileira a fim de roubar as obras de Manabu Mabe. Outros acreditam que o voo foi atacado por caças soviéticos, a fim de proteger segredos militares.

    Nenhuma dessas teorias, contudo, solucionou o sumiço do avião, que segue sem solução até hoje. Anos depois do incidente, o episódio, hoje, é considerado um dos maiores mistérios da história da aviação mundial.

    Há ainda quem compare o desaparecimento do Boeing 707 com o mesmo ocorrido pelo voo MH370, da Malaysia Airlines. Transportando 227 passageiros e 12 tripulantes, a aeronave também sumiu do radar sem deixar vestígios, em março de 2014.