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    08/07/2024

  • Boeing se declara culpada no caso dos acidentes do avião 737 Max

  • DEUTSCHE WELLE

    Maior empresa aeroespacial do mundo pagará multa milionária após acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos por quedas que mataram 346 pessoas e ficará livre de um julgamento. A Boeing aceitou se declarar culpada em uma investigação sobre dois acidentes aéreos envolvendo o modelo 737 MAX, ocorridos em 2018 e 2019, na Indonésia e na Etiópia, que mataram 346 pessoas. Maior empresa aeroespacial do mundo, a companhia americana pagará uma multa milionária após acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. O anúncio foi feito neste domingo (07/07).

    O acordo, que ainda precisa ser aprovado por um juiz federal, envolve se declarar culpada de fraude na certificação desses aviões e evitaria um julgamento. A empresa pagará uma multa de 244 milhões de dólares e investir 455 milhões de dólares, nos próximos três anos, para melhorar seus programas de conformidade e segurança.

    O valor estabelecido, entretanto, é muito menor do que os 24,8 bilhões de dólares que as famílias das vítimas exigiam da fabricante. Em comunicado, a Boeing apenas confirmou que havia chegado a "um princípio de acordo sobre os termos de uma resolução com o Departamento de Justiça, sujeito à aprovação de termos específicos".

    Desde janeiro deste ano, quando o painel da porta de um 737 MAX 9, da Alaska Airlines, desprendeu-se do avião em pleno voo, a Boeing passou a serinvestigada de maneira minuciosa por diferentes agências do governo americano. As investigações encontraram falhas durante o processo de fabricação da aeronave. A reputação da empresa, entretanto, já estava manchada pelos acidentes anteriores.

    Acidentes envolvendo o 737 MAX

    Os dois acidentes que motivaram o acordo ocorreram num intervalo de seis meses e envolveram o modelo 737 MAX 8. O primeiro foi em outubro de 2018, num voo da empresa Lion Air que saiu de Jacarta, na Indonésia, e caiu no mar após a decolagem. O segundo, ocorrido em março de 2019, foi em um voo que partiu de Joanesburgo, na África do Sul, operado pela Ethiopian Airlines, que também caiu minutos após decolar.

    Em 2020, um relatório do Congresso dos Estados Unidos revelou falhas de design e uma cultura de acobertamento na empresa, assim como erros por parte da Administração Federal de Aviação (FAA). Os dois acidentes deixaram um prejuízo histórico para a Boeing.

    Neste ano, a empresa voltou aos holofotes quando, no dia 5 de janeiro, a porta de um 737 MAX se soltou da fuselagem, forçando os pilotos a realizarem um pouso de emergência. O acidente não teve vítimas, mas levou a FAA a suspender por três semanas o modelo de avião.

    Uma reportagem do jornal The New York Times revelou que foram realizadas 89 auditorias após o acidente, nas quais foram encontrados vários casos de descumprimento das exigências de controle de qualidade por parte da Boeing e seus fornecedores. A empresa Spirit AeroSystems, uma das fornecedoras da companhia, foi aprovada apenas em seis das 13 auditorias realizadas.

    Há investigações abertas contra a Boeing pelo Departamento de Justiça dos EUA e pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB). Além do modelo 737 MAX, outros aviões da empresa também se envolveram em acidentes recentes. No dia 13 de janeiro deste ano, um 737-800 operado pela companhia aérea All Nippon Airways precisou retornar à pista de decolagem ao descobrirem uma rachadura na janela da cabine do piloto. Os 59 passageiros e seis tripulantes não se feriram.

    Outras investigações

    Autoridades da Nova Zelândia e do Chile também investigam o que levou um Boeing 787 da Latam a perder altitude abruptamente durante um voo entre Sydney (Austrália) e Auckland (Nova Zelândia), que teria como destino final a cidade de Santiago, no Chile. A Comissão de Investigação de Acidentes de Transportes (Taic) da Nova Zelândia está analisando as gravações contidas na caixa-preta do avião. O incidente ocorreu num voo com 263 passageiros e deixou 50 pessoas feridas.

    afs/le (EFE, AP, Reuters, ots)