:::::RIO DE JANEIRO - 11 DE ABRIL DE 2006 :::::

ESTADÃO
10 de abril de 2006 - 19:17
Secretaria de Previdência fiscalizará fundo de pensão da Varig
O objetivo é checar como foi feita a destituição do ex-presidente do fundo

Nilson Brandão Junior

RIO DE JANEIRO - A Secretaria de Previdência Complementar (SPC), que regula os fundos de pensão no País, despachou dois auditores para fazerem fiscalização no Aerus, fundo de pensão da Varig, depois de receber as atas da demissão do ex-presidente da entidade, Odilon Junqueira. O objetivo é checar como foi feita a destituição do executivo.

Hoje, no fim da tarde, numa carta aberta, um membro do conselho da instituição indica que pode ter havido irregularidade na demissão do executivo e que há o risco de uso indevido dos recursos do fundo. "Espero que a Secretaria de Previdência Complementar apure os fatos ocorridos recentemente no Aerus, sob pena de milhares de participantes e pensionistas serem prejudicados em seus direitos", registra o conselheiro Celso Klafke.

Para ele, apesar de a ata da demissão ser relativa ao último dia 3, ele diz que, até onde saiba, não ocorreu reunião neste dia. A SPC confirmou o envio dos fiscais ao Aerus para verificar em que condições foi a destituição.

Além disso, Klafke disse que é contra a idéia de usar reservas do Aerus numa eventual capitalização da empresa. A alternativa é defendida, segundo ele, pela Trabalhadores do Grupo Varig (TGV). "Não defendo que o Aerus invista na Varig, mas que cada trabalhador que queria fazer isso faça", contra-argumentou o coordenador da TGV, Márcio Marsillac, citando que uma pesquisa mostra que 80% dos ouvidos têm interesse em usar a alternativa.
O próprio fundo informou aos participantes que, até que a SPC emita parecer sobre o assunto, a diretora de seguridade e administração do Aerus, Andrea Vanzillotta, responderá pelo fundo. Na prática, com isso, o novo presidente indicado, o ex-procurador da Fazenda Nacional, Ricardo Lodi Ribeiro não assume o cargo.

Divergência interna

Para um executivo que acompanha o assunto, a nova frente de divergência interna atrapalha o processo de recuperação, já que o Aerus é o maior credor privado da empresa e tem peso importante no processo. Klafke, que é da Federação Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (Fentac), ligado à CUT, lembrou que Junqueira vinha se opondo à proposta realizada pela Varig Log e por isso teria sido demitido.

Em entrevista ao Estado, o ex-presidente do Aerus defendeu a mesma versão. Klafke vai além e diz que chegou a ser procurado pelo presidente da Varig, Marcelo Bottini, se votaria numa eventual demissão de Junqueira. Recentemente, Bottini negou que tenha havido queda de braço com o ex-presidente do Aerus. Procurados para comentar o assunto, a companhia aérea não retornou as ligações até o início da noite. Uma fonte informou que hoje mesmo o presidente da Varig encaminhou aos conselheiros do Aerus um e-mail convocando para uma reunião amanhã. "Face aos últimos acontecimentos envolvendo o Instituto Aerus, estamos convocando em caráter de emergência os senhores conselheiros para uma reunião extraordinária a se realizar 11 de abril", diz o comunicado.

 

ESTADÃO
10 de abril de 2006 - 17:50
Proposta de moratória da Varig depende de questão legal
De acordo com ministro da Defesa, a idéia é suspender as cobranças das dívidas da empresa com a Infraero, estatal que administra os aeroportos, e a BR Distribuidora, que fornece combustível para aviões

Isabel Sobral

 BRASÍLIA - O ministro da Defesa, Waldir Pires, disse hoje, ao sair do prédio do Ministério, que a proposta da Varig apresentada na sexta-feira de ganhar moratória de três a seis meses para pagamento de suas dívidas com credores estatais ainda está sendo examinada pelo governo, já que vários pontos dependem de questões legais. "Só teremos uma solução dentro da lei. Estamos preocupados, até por conta da tradição da empresa", disse o ministro.

Ele informou que estava indo para a Casa Civil, no Palácio do Planalto, onde terá mais uma conversa sobre o problema da Varig. A uma pergunta sobre a data para uma decisão do governo sobre a Varig, Waldir Pires respondeu: "O assunto não está na esfera de decisão só do Ministério da Defesa".

O ministro não informou com quem conversará na Casa Civil. Por cerca de uma hora, Pires recebeu em seu gabinete no Ministério da Defesa os presidentes de companhias aéreas, entre eles German Eframovich (Ocean Air) e Marco Antonio Bologna (TAM). Esteve com Pires também o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (SNEA), George Ermakoff.

Suspensão das cobranças

O governo avalia até com certa simpatia a possibilidade de conceder, por um prazo de até seis meses, a moratória pedida pela Varig. A idéia é suspender as cobranças das dívidas da empresa com a Infraero, estatal que administra os aeroportos, e a BR Distribuidora, que fornece combustível para aviões.

É certo que não há unanimidade na administração federal a respeito da proposta de moratória para a Varig. Alguns integrantes do primeiro escalão do advertem que o governo pode ser acusado de descumprir a lei e sofrer ações do Ministério Público. Também temem que outras companhias aéreas passem a exigir o mesmo tratamento dispensado à Varig.

Pesa a favor da moratória o receio das conseqüências políticas do fechamento de uma empresa que emprega 11 mil funcionários. Empenhado em conquistar a reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se apresentar na campanha como um lutador incansável pela criação de postos de trabalho. Também assusta a provável repercussão negativa do cancelamento das mais 20 mil passagens expedidas pela Varig para brasileiros que pretendem assistir aos jogos da Copa do Mundo da Alemanha, em junho.

Proposta

A proposta de moratória foi apresentada pela Varig ao ministro da Defesa, Waldir Pires, na última sexta-feira. No dia anterior, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, encarregada pelo presidente Lula de cuidar do problema, se reuniu com representantes da Varig e com os seus principais credores no Palácio do Planalto.

Nesta ocasião, chegou-se à conclusão de que o melhor seria ou a empresa pedir falência ou algum de seus credores apresentarem seu pedido. Ainda assim, o governo enfrentaria sérios problemas políticos, sendo acusada de deixar mais de 11 mil empregados desempregados e uma marca tradicional com a força da Varig desaparecer.

Para esta semana, o presidente Lula deve receber um estudo detalhado da situação da empresa. A própria ministra Dilma disse que a expectativa é de que no início da semana que vem, seja concluída esta avaliação minuciosa, para que se saiba quais os próximos passos a serem dados. Estes dados incluirão balanço das dívidas e situação de pagamentos para cada uma das estatais. Só à Infraero a Varig está deixando de pagar, diariamente, R$ 900 mil referentes aos pousos e decolagens em todo o País.

Futuro incerto

Autoridades ligadas ao setor de aviação civil advertem que mesmo que o governo dê esta moratória à Varig, isso não vai resolver o problema da companhia. "A situação é irreversível. Ela não tem saída", comentou uma fonte do setor, ao informar que, além de ter uma dívida global de R$ 8 bilhões, a Varig vem perdendo 1% do mercado ao dia e já está com 25 aviões parados. Cada um desses aviões, para voltar a voar, precisa de, no mínimo, de gestos de US$ 1,5 milhão por aparelho, isso se não houver problemas no motor.

O governo está preocupado com as conseqüências de uma paralisação da Varig. Sabe que se ela parar, não consegue se reerguer, ainda que esteja funcionamento precariamente, cancelando vôos, atrasando outros. Está apreensivo também com o fato de que 11 mil pessoas ficarão desempregadas e isso, em ano eleitoral provoca sérios prejuízos à candidatura governista. Além disso, com a proximidade da Copa do Mundo na Alemanha, mesmo com planos de contingência e com acordos das companhias aéreas, não há como outras empresas aéreas vinculadas ou não à star aliance possam absorver mais de 20 mil passageiros que já pagaram para ir à Copa e não vão poder embarcar.

ESTADÃO
10 de abril de 2006 - 20:31
Três maiores centrais sindicais do País se unem pela Varig
CUT, Força Sindical e CGT realizarão manifestações conjuntas em Brasília, Rio, São Paulo e Porto Alegre

Nilson Brandão Junior

RIO - A tentativa de salvar a Varig vai unir nesta terça as três maiores centrais sindicais do País: Centra Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical e Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT). Elas realizarão manifestações conjuntas em Brasília, Rio, São Paulo e Porto Alegre. Está prevista ainda uma audiência com o Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, à tarde, na capital federal.

Nota divulgada nesta segunda pelas centrais defendia que "a Varig deve ser preservada e que se supere a atual crise através de uma negociação responsável e efetiva". Prega, ainda, que a empresa deve manter suas operações "em nome de milhares de empregos e de um mercado aéreo plural e competitivo".

Embora o plano emergencial que prevê 2,9 mil demissões não tenha sido deflagrado, segundo a empresa, dispensas já vêm ocorrendo nos últimos meses, parte delas em planos incentivados. Apenas na categoria dos aeroviários, foram demitidos 550 trabalhadores da Varig nos últimos três, nas bases regionais abrangidas pelo Sindicato Nacional dos Aeroviários.

Um jato MD-11 chegou a ser alugado, por US$ 23 mil, para transportar os trabalhadores para Brasília. Segundo o coordenador da TGV, Márcio Marsillac, o aluguel saiu "a preço de custo" e as entidades e os trabalhadores se cotizaram para levantar recursos.
Os representantes dos trabalhadores esperam para esta terça uma definição do governo sobre o caso Varig.

BNDES

A Varig informou nesta segunda que não encaminhou proposta ao BNDES. A possibilidade foi levantada na semana passada pelo presidente da empresa, Marcelo Bottini. No BNDES, a informação era de que não foi feito contato algum.

Uma fonte que acompanha o dia a dia da empresa informou, entretanto, que na semana passada consultores da Alvarez&Marsal, contratada para a reestruturação da empresa, já tinham estado no banco, apresentando a situação da empresa e o andamento da negociações com credores. Não foi feito proposta. A expectativa é de que a Varig venha a pedir financiamento para o fluxo de caixa ou a eventuais investidores.

Cancelamento

A empresa informou que cancelou um vôo da Ponte Aérea Rio-São Paulo, que partiria às 8h15 do Aeroporto de Congonhas. Segundo a empresa, uma "pane" na aeronave provocou o cancelamento. A empresa informou que realiza 19 decolagens em cada aeroporto na rota.

ESTADÃO
10 de abril de 2006 - 14:38
Funcionários da Varig farão protesto amanhã
O sindicato informa que pretende organizar uma concentração com 5 mil pessoas no Aeroporto Santos Dumont, do Rio, a partir de 15 horas

Renata Stuani

SÃO PAULO - Diante da ameaça de suspensão de atividades, funcionários da Varig farão manifestações amanhã em São Paulo, Rio e Porto Alegre. Pilotos e comissários são representados pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), ligado à CUT, que marcou para as 6 horas o início do protesto no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), e para 7 horas no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

O sindicato informa que pretende organizar uma concentração com 5 mil pessoas no Aeroporto Santos Dumont, do Rio, a partir de 15 horas de amanhã. A Força Sindical também vai participar do protesto em Congonhas. A entidade representa os aeroviários (trabalhadores em terra).
Na sexta-feira, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, prometeu levar o assunto esta semana ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A companhia pede carência de pelo menos três meses para os pagamentos do combustível que compra junto à Petrobrás Distribuidora (BR) e das taxas aeroportuárias junto à Infraero. O presidente da empresa, Marcelo Bottini, informou também que pretende recorrer ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Uma eventual ajuda à Varig, porém, não é bem vista no Ministério da Fazenda. "Os grandes prejudicados por uma falência serão os trabalhadores, que perdem os empregos, e a União, que terá dificuldades para receber os R$ 4,5 bilhões do plano de refinanciamento da dívida da companhia em depósitos do INSS e tributos", protestou o presidente da Associação Trabalhadores do Grupo Varig, Márcio Marsillac.

O plano de reestruturação da companhia, elaborado pela consultoria americana Alvarez & Marsal prevê o corte de 2,9 mil empregados, o que resultaria em uma economia anual de US$ 53 milhões. Além disso, os que ficam teriam que aceitar uma redução de salários, para que a empresa economizasse outros US$ 46 milhões. "Nós aceitamos sacrifícios como demissões e corte de salários. O governo tem que fazer a sua parte", diz Marsillac.

Possibilidade de moratória

Neste final de semana, o governo sinalizou que avalia com certa simpatia a possibilidade de conceder, por um prazo de até seis meses, a moratória pedida pela Varig. A idéia é suspender as cobranças das dívidas da empresa com a Infraero, estatal que administra os aeroportos, e a BR Distribuidora, que fornece combustível para aviões.

É certo que não há unanimidade na administração federal a respeito da proposta. Alguns integrantes do primeiro escalão advertem que o governo pode ser acusado de descumprir a lei e sofrer ações do Ministério Público. Também temem que outras companhias aéreas passem a exigir o mesmo tratamento dispensado à Varig.

Pesa a favor da moratória o receio das conseqüências políticas do fechamento de uma empresa que emprega 11 mil funcionários. Empenhado em conquistar a reeleição, o presidente Lula vai se apresentar na campanha como um lutador incansável pela criação de postos de trabalho. Também assusta a provável repercussão negativa do cancelamento das mais 20 mil passagens expedidas pela Varig para brasileiros que pretendem assistir aos jogos da Copa do Mundo da Alemanha, em junho.

Folha Online
10/04/2006 - 20h05
Anac não aprova acordo entre Varig e Ocean Air

CLARICE SPITZ

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) não aprovou o compartilhamento de vôos entre Varig e Ocean Air. A agência não informou os motivos técnicos que levaram à decisão, mas prometeu para esta terça um parecer técnico e jurídico sobre o caso.

O acordo previa que as despesas como leasing, combustível ou manutenção, fossem assumidas pela Ocean Air. Se o acordo fosse fechado, a Ocean Air entraria com as aeronaves e a Varig, com os passageiros.

A Ocean Air é uma empresa do grupo Sinergy, presidido pelo empresário boliviano naturalizado brasileiro German Efromovich. Além da brasileira, o grupo é dono das companhias aéreas Avianca, na Colômbia, Wayra Air, no Peru, e Vipsa, no Equador.

Pelo acordo fechado com a Varig, a Ocean Air assumiria, durante 90 dias, as despesas operacionais dos vôos compartilhados, como leasing, combustível ou manutenção. Como a Varig está com aviões parados por falta de manutenção, seus passageiros voariam nas aeronaves da companhia parceira, que detém 0,6% do mercado interno.

Na sexta, o presidente da Varig, Marcelo Bottini, pediu ajuda do governo na negociação com os credores. A empresa, que deve R$ 7 bilhões e está em recuperação judicial, pretende levar ao BNDES proposta para que o banco a ajude a sair da crise.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, se disse contrário a socorrer a Varig. Já a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) afirmou que um plano federal para a empresa será concluído na semana que vem.




Folha Online
10/04/2006 - 19h25
Ações da TAM e Gol sobem com possível paralisação da Varig

IVONE PORTES

A saída da Varig do mercado já é dada como certa por grande parte do mercado, o que está derrubando as ações da companhia e impulsionando os papéis das suas concorrentes TAM e Gol.

Carlos Albano, do Unibanco, estima que com a suspensão da Varig mais de 80% do "market share" --participação de mercado-- da companhia deverão ser distribuídos entre TAM e Gol.

"As especulações de que a quebra da Varig está próxima estão beneficiando a TAM e a Gol", afirmou.

Somente hoje, a ação preferencial da Varig caiu mais de 20%, enquanto os papéis preferenciais da TAM e Gol subiram 4,65% e 2,45%, respectivamente. No acumulado de abril, em relação a março, a Varig registra perda de 29,4% no valor dos seus papéis. TAM e Gol acumulam altas, na ordem, de 9,22% e 7,66%.

Alexandre Garcia, da Ágora Senior, acrescentou que a Varig já vem perdendo participação para as concorrentes.

Dados divulgados na última sexta-feira pelo DAC (Departamento de Aviação Civil), mostram que participação de mercado da Varig caiu para 18,92% em março, contra 28,54% no mesmo mês do ano passado e 19,25% em fevereiro de 2006.

Por outro lado, a TAM elevou sua fatia de 39,85% para 44,21% entre março de 2005 e o mês passado mantendo a liderança no mercado doméstico pelo 33º mês seguido. Na comparação com fevereiro, quando tinha 44,45%, houve pequena queda.

Já a Gol ampliou usa participação para 29,69% --tinha 24,10% no mesmo mês do ano passado e 28,77% em fevereiro.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou na última sexta-feira que "não é papel do governo dar socorro à Varig" apesar da grave crise financeira enfrentada pela companhia.

"A Varig é uma empresa privada e tem autonomia para tentar uma saída para a crise que ela se encontra", disse Mantega.


Folha Online
10/04/2006 - 18h14
CVC deixa de vender pacote para Europa com Varig

SÉRGIO RIPARDO


A CVC, maior operadora de turismo do país, deixou de vender pacotes para a Europa em que os vôos são feitos pela Varig. A companhia aérea vive a pior crise financeira de sua história. Completa 79 anos no próximo dia 7 de maio.

"Estamos evitando confirmar vôos com a Varig, para não termos transtornos no futuro". Essa é a mensagem que a loja virtual da CVC informa, por e-mail, aos clientes interessados em comprar pacotes para Londres e Paris com saída prevista para o próximo mês.

Quem leva a melhor é a TAM, que passa a ocupar o espaço deixado pelas incertezas que rondam a Varig. Como opção ao cliente, a CVC indica os pacotes para a Europa em que os vôos são feitos pela TAM.

Já foi noticiado que pelo menos 15 aviões da Varig estão parados por falta de manutenção. O serviço telefônico da companhia, que vende passagens aéreas e tira dúvidas sobre o acúmulo de milhas, praticamente não funciona a contento, como testou a reportagem durante uma semana.


OI - ECONOMIA
10/04/06 às 20:51
Auditores investigarão Aerus e a demissão de Junqueira

Por Nilson Brandão Junior

Rio, 10 (AE) - A Secretaria de Previdência Complementar (SPC), que regula os fundos de pensão no País, enviou hoje (10) dois auditores para fiscalizarem o Aerus, fundo de pensão da Varig, depois de receber as atas da demissão do ex-presidente da entidade, Odilon Junqueira. O objetivo é checar como foi feita a destituição do executivo. Numa carta aberta, um membro do conselho da instituição indica que pode ter havido irregularidade na demissão do executivo e que há o risco de uso indevido dos recursos do fundo.

"Espero que a Secretaria de Previdência Complementar apure os fatos ocorridos recentemente no Aerus, sob pena de milhares de participantes e pensionistas serem prejudicados", diz o conselheiro Celso Klafke. Apesar de a ata da demissão ser de 3 de abril, ele diz que, até onde saiba, não ocorreu reunião nesse dia.

Além disso, Klafke disse que é contra a idéia de usar reservas do Aerus numa eventual capitalização da empresa. A alternativa é defendida, segundo ele, pelo Trabalhadores do Grupo Varig (TGV). "Não defendo que o Aerus invista na Varig, mas que cada trabalhador que queira fazer isso faça", afirma o coordenador do TGV, Márcio Marsillac, citando pesquisa que mostra que 80% dos entrevistados têm interesse em usar a alternativa.

O próprio fundo informou aos participantes que, até que a SPC emita parecer sobre o assunto, a diretora de seguridade e administração do Aerus, Andrea Vanzillotta, responderá pelo fundo. Com isso, o novo presidente indicado, o ex-procurador da Fazenda Nacional Ricardo Lodi Ribeiro, não assume o cargo.

Procurada para comentar o assunto, a companhia aérea não retornou as ligações até o início da noite. Segundo uma fonte, hoje mesmo o presidente da Varig encaminhou e-mail aos conselheiros do Aerus convocando-os para uma reunião extraordinária amanhã (11).

OI - ECONOMIA
10/04/06 às 20:51
Varig planeja devolver 15 aviões e cancelar linhas regionais
Medidas fazem parte do plano de emergência da companhia para enfrentar a crise financeira. A frota atual é de 71 aviões, mas apenas 54 estão voando


SÃO PAULO - A Varig planeja devolver 15 aviões às empresas de aluguel de aeronaves e cancelar linhas regionais, como parte de seu plano de emergência para enfrentar a crise financeira. Segundo fontes ligadas à empresa, devem ser entregues principalmente aeronaves que estão paradas, em manutenção. A frota da Varig é de 71 aviões, mas apenas 54 estão voando.

A medida segue a lógica do plano apresentado no final do ano passado pelo presidente da Varig, Marcelo Bottini, aos credores. Segundo o projeto, preparado pela Lufthansa Consulting, a Varig ficará menor. Sairá de linhas regionais que dão prejuízo e concentrará suas atividades nos vôos internacionais. A Varig, na avaliação de seus diretores, tem uma marca conhecida no exterior e terá mais chances de sobreviver se concentrar suas atividades em vôos para fora do país.

No Brasil, a empresa dará prioridade a rotas que levem muitos passageiros aos aeroportos de onde saem seus vôos internacionais. A Varig está cancelando rotas de cidades com menor movimento como Cuiabá, Campo Grande, Palmas e Aracaju. Mesmo cidades do Nordeste que atraem muitos turistas estrangeiros, como Natal, também vão sair do roteiro. A razão é que seu movimento fica concentrado em poucos meses de férias, enquanto no resto do ano os aviões voam vazios.

A devolução de aviões não apenas é um modo de reduzir os custos da empresa, mas também atender à forte pressão das companhias de leasing. Só a companhia de aluguel de aeronaves ILFC briga na Justiça americana para retomar 11 aviões. Sem dinheiro em caixa, a Varig precisa devolver os aviões. Mas até isso será difícil. A lei manda que os aviões devem ser entregues em ordem, exatamente como chegaram ao Brasil. A Varig terá de arrumar dinheiro para o conserto e a troca de peças dos aviões. Hoje, a companhia deve cerca de R$ 200 milhões à VEM, empresa de manutenção de aviões.

A devolução de aviões e o corte de linhas é mais uma medida para tentar acalmar credores e tentar evitar um colapso da empresa. Outra iniciativa é o pedido junto a estatais para suspender o pagamento de dívidas por três a seis meses. Nesta segunda-feira, após receber presidentes e dirigentes das principais companhias aéreas nacionais, o ministro da Defesa, Waldir Pires, disse que essa operação de socorro pode não ser viável por questões legais. "O governo está preocupado, muito preocupado" com a situação da Varig, disse Pires.

A Varig deve cerca de R$ 500 milhões à Infraero, estatal que administra os aeroportos brasileiros. A empresa quer que a cobrança de tarifas aeroportuárias seja suspensa durante a moratória, algo que a Infraero teria dificuldades legais em aceitar. O Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público Federal pressionam para que a estatal siga cobrando as tarifas. "Não é um ato simples do governo", disse Pires. "Mas esse (crise da Varig) é um assunto importante até pela longa tradição da empresa no país."

Os presidentes das companhias aéreas estiveram com Waldir Pires mas, segundo eles, não foi discutida uma solução para o problema da Varig. "Vocês não vão acreditar, mas essa visita é apenas de cortesia", comentou o presidente da TAM, Marco Antonio Bologna. Também compareceram o presidente da OceanAir, German Efromovich, o presidente da Gol, Constantino Júnior, e dirigentes da BRA e da própria Varig. Pires relatou que a conversa serviu para conhecer melhor o mercado de aviação no país e não para tratar especificamente da crise da Varig.

Segundo interlocutores do setor, no entanto, o governo está preocupado em traçar um plano que garanta o atendimento dos viajantes e das rotas aérea em caso de uma repentina paralisação de atividades da Varig. Na semana passada, os dirigentes dessas mesma companhias também estiveram em Brasília se reunindo com diretores da recém-criada Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

"Visita de cortesia" foi a mesma justificativa dada para os encontros. A Anac, que substituiu o Departamento de Aviação Civil (DAC), ainda tem que homologar a venda da subsidiária VarigLog para um consórcio empresarial liderado pelo fundo americano Matlin Patterson, o que pode acontecer esta semana.

JB ON LINE
10/04/06
Mobilização contra pouso forçado

Funcionários promovem passeata e vigília para pedir ação do governo e evitar cobranças que impeçam Varig de voar
Com Rafael Rosas

O governo vai encarar hoje mais uma tropa de choque ligada à Varig pedindo apoio para tentar salvar a empresa aérea. Às 15h, pelo menos 300 funcionários da companhia farão uma passeata do Congresso ao Palácio do Planalto, a Marcha pela Salvação da Varig, para tentar sensibilizar o Executivo sobre a necessidade de evitar a cobrança de dívidas correntes e, desta maneira, impedir a quebra.

A direção da Varig, encabeçada pelo presidente, Marcelo Bottini, conta com a força dos trabalhadores para pleitear um período de carência de pelo menos três meses para a cobrança de tarifas aeroportuárias pela Infraero e de combustível pela BR Distribuidora. Atualmente, a Varig paga à vista pelo querosene de aviação, enquanto a estatal que gerencia os aeroportos ameaça cobrar vôo a vôo cerca de R$ 900 mil diários que a empresa deixa de pagar em tarifas.

A manifestação em Brasília acontecerá simultaneamente a uma vigília nos aeroportos Santos Dumont, no Rio de Janeiro, Congonhas, em São Paulo, e Salgado Filho, em Porto Alegre. Os funcionários, que estarão acompanhados de parlamentares ligados ao setor aéreo, fretaram uma aeronave MD-11 da própria empresa para pressionar o governo em Brasília.
A pressão dos trabalhadores vem na esteira de um conturbado processo de recuperação que chega aos momentos decisivos.

A cartada decisiva dos funcionários - ligados ao Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), formado pelas associações de pilotos da companhia - vem acompanhada de uma proposta de capitalização da empresa por meio de uma linha de crédito, opção até agora rechaçada pelo Planalto, ou da utilização de parte dos recursos previdenciários dos funcionários.

O objetivo do grupo é transformar entre US$ 100 milhões e US$ 150 milhões atualmente sob a guarda do fundo de pensão Aerus em recursos para investimento e recuperação da companhia. Além disso, o TGV aceita cortes salariais para que a Varig consiga reduzir custos e se distancie do pouso forçado.

Mas a proposta é polêmica. Funcionários ligados aos sindicatos argumentam que a retirada de recursos do Aerus significaria o calote em benefícios que já são pagos, pois a Varig deve mais de R$ 1 bilhão ao fundo, além de R$ 18 milhões em parcelas da dívida repactuada.
Enquanto isso, a empresa agoniza. Nos aeroportos do país é cada vez mais comum a cena de guichês vazios, enquanto as concorrentes seguem com os balcões concorridos.

JORNAL DE TURISMO
10/04/06
Varig: Trade do Rio pede ajuda ao presidente Lula

Postado por pratti

Representantes do trade turístico do Rio de Janeiro e do País enviaram nesta segunda-feira um carta ao Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pedindo providências para evitar “conseqüências ainda mais negativas” aos problemas enfrentados pela Varig.

Assinaram o documento: Vera Potter - presidente da Abav-RJ (Associação Brasileira de Agências de Viagens do Rio de Janeiro); Roberto Dultra - Presidente da Bito (Associação Brasileira de Turismo Receptivo Internacional) e diretor do RC&VB (Rio Convention & Visitors Bureau); Constança Carvalho - presidente da Abeoc-RJ (Associação Brasileira de Empresas de Eventos do Rio de Janeiro); Alexandre Sampaio - presidente do SHRBS (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares); Alfredo Lopes - presidente da ABIH-RJ (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro); Cláudio Magnavita - presidente da Abrajet (Associação Nacional de Jornalistas de Turismo) e George Irmes - presidente do Sindetur-RJ (Sindicato das Empresas de Turismo do Rio de Janeiro).

Confira a íntegra da carta:

Rio de Janeiro, 08 de abril de 2006.
A/C Excelentíssimo Sr. Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva


Exmo. Sr. Presidente,

Os signatários deste documento, todos presidentes das diversas associações de classe mais representativas do setor de Turismo do Rio de Janeiro e nacional, vimos trazer até vossa excelência o apelo dos empresários do setor no sentido de que, como poder concedente, o Governo Federal apóie e se manifeste tomando as providências necessárias para tornar possível resolver-se favoravelmente os problemas enfrentados pela Varig a fim de evitar conseqüências ainda mais negativas.

A proporção alcançada, com notícias veiculadas na imprensa, alarma a sociedade sobre o possível encerramento das atividades da Varig - cia. aérea que se mantém como símbolo da aviação comercial brasileira. Muito nos preocupa a todos e remete-nos ao sentimento de total insegurança, a ante-visão do prejuízo incalculável para o Turismo nacional e para o internacional; jamais se deveria permitir que a intolerância de alguns viesse a prejudicar o caminho de muitos.

Preocupa-nos ainda mais o fato de que não estamos falando simplesmente de uma empresa, ao contrário, estamos falando da Varig - companhia que integra a engrenagem da indústria que não pode parar - o Turismo.

Além de estarmos diante da possibilidade de falta de cobertura para importantes destinos e da diminuição geral da oferta de espaço, estamos atentos à questão social envolvida, quando se pretende provocar um quadro de desemprego em massa, de mão de obra especializada, mas de difícil absorção pelo mercado.

Depositamos aqui, portanto, a nossa confiança nos homens que definem os rumos da nação, na certeza de que não lhes faltarão o bom senso e a responsabilidade necessários para tomarem o caminho mais correto no momento da decisão entre os números frios e o clamor das vozes que pedem pelo direito de continuar sua luta com dedicação e trabalho. Não estamos falando apenas de sonhos, mas de propostas concretas, passíveis de serem realizadas com sucesso desde que sejam disponibilizados os meios e as condições propícias para tanto.

Temos a certeza de que o Governo Federal usará de todos os meios legais disponíveis para que a nossa indústria se mantenha no topo desse gráfico crescente de desenvolvimento, permitindo que a nossa Varig continue enfeitando o céu brasileiro como símbolo da esperança que todos temos num futuro melhor, mais justo e mais honesto para este país chamado Brasil.


JORNAL DE TURISMO
10/04/06

A Varig apostou em vários fornecedores e agora espera que eles façam o mesmo
Postado por pratti

Após uma semana de intenso bombardeamento na mídia e de ter novamente a sua “morte” anunciada, a Varig superou as manchetes alarmistas e continuou voando. O seu presidente, Marcelo Bottini, esteve novamente na ribalta e passou boa parte do tempo desmentindo jornalistas que insistiam em falar na paralisação imediata dos vôos.
Ao mesmo tempo, ele equacionava uma solução de prazo-ponte com os credores, principalmente os federais. Nesta entrevista, Bottini detalha a real situação da companhia aérea brasileira e revela o que a empresa tem feito para superar este momento de crise.

Cláudio Magnavita: A Varig está em rota de colisão com os credores, os mesmos que já aprovaram o Plano de Recuperação Judicial?
Marcelo Bottini: O Plano de Recuperação da empresa foi aprovado em assembléia, com absoluta maioria dos nossos credores. Ele foi discutido, modificado e votado por todos eles. Cada passo que demos a partir daí segue fielmente o que foi pactuado. A criação dos Fundos de Investimentos e Participações (FIP Controle), a eleição da Alvarez & Marsal e a escolha do Banco Brascan seguiram este roteiro. Como a Varig não recebeu nenhum dinheiro novo como investimentos nos últimos anos a empresa precisa de um fôlego de caixa de 60 dias para atravessar este período e o investimento do credor se resume à concessão de crédito neste período. É o mesmo modelo que foi adotado por companhias com a Delta e a USAir, nos EUA, que tiveram a mesma consultoria (a Alvarez & Marsal) pilotando esta transição.

CM: Mas esta participação, com concessão de crédito, está sendo assimilada?
Bottini: Temos diferentes atores nesta ação: os funcionários, as empresas de leasing e os credores públicos. Os funcionários, mesmo que historicamente venham dando o seu quinhão de participação aceitaram novas demissões e até redução de salário. Os lessores, que são os donos dos nossos aviões e são todos empresas internacionais estão aceitando. Resta agora a área federal, especificamente a BR Distribuidora e a Infraero. Com a BR a nossa relação é histórica. Não queremos nada de graça. Estamos pedindo prazo, oferecendo como garantia os recebíveis de cartão de crédito e ao mesmo tempo aceitando pagar a variação do petróleo neste período, já que a oscilação de preço internacional do petróleo tem sofrido bruscas variações. Quando a Petrobras resolveu produzir querosene de aviação aceitamos transferir o nosso fornecimento da Esso e Shell para uma empresa brasileira. A Varig, como cliente e pelo seu volume de consumo, ajudou viabilizar a entrada da estatal neste setor. Chegamos a receber propostas de fornecimento de combustível com prazos de até 120 dias. Há dois anos, pagávamos combustível com 60 dias. O que queremos é apenas uma retomada deste mesmo patamar, sem paixões ou apelos emocionais. Trata-se de um negócio comercial entre uma empresa e um grande cliente, que tanto lucro já deu à BR Distribuidora. No caso da Infraero, o raciocínio é semelhante, principalmente por sermos o principal cliente da empresa aeroportuária.
A Varig não quer a ajuda paternalista do Governo. Aliás, o verbo ajudar não deve ser conjugado. Queremos apenas respirar para superar um momento difícil. Vejam os credores internacionais. Eles apostam na nossa decolagem a patamares expressivos do nosso passado recente.

CM: Há sinalizações de boa vontade do Governo Federal? Será que falta apenas eles descobrirem a fórmula?
Bottini: A boa vontade do Governo é visível, principalmente do próprio presidente Lula, que tem deixado isso claro para os sindicalistas do nosso setor e em outras manifestações públicas. Existe uma preocupação com o TCU (Tribunal de Contas da União) e com as limitações legais. Isso seria um empecilho se tivéssemos pedindo algo do tipo: “Temos essa fatura aqui e gostaríamos que vocês pagassem por nós”, mas não é este o caso! A Varig paga em dia o combustível que consome. O que queremos é prazo e para isso estamos oferecendo garantias e assumindo custo financeiro. A iniciativa privada reagiu de forma mais rápida por enxergar a sobrevivência da Varig como um negócio. A nossa empresa é a maior cliente da BR Distribuidora e da Infraero. Qual o fornecedor que não deseja que o seu principal cliente fique saudável? O que precisamos é tirar os nuances políticos dos nossos pleitos e sermos vistos como clientes e historicamente importante cliente dessas empresas, que são para nós fornecedores com uma relação histórica de grandes resultados e lucros.

CM: Outro dia a repórter de um jornal do Sul do país me perguntou se a crise da Varig não é resultado de desperdício e dos desvios do caviar que deveria ser servido a bordo. Qual a razão da crise da Varig?
Bottini: Quem lê as manchetes da imprensa deve achar que vivemos uma crise epidêmica de má gestão na aviação mundial. A American, a United, a USAir, a Air France, a Alitália e a Swissair, só para citar algumas, enfrentam dificuldades. No Brasil, a Transbrasil, a Vasp e até no passado recente a TAM atravessaram problemas. A Varig paga um preço de uma exposição de quase 80 anos a um mercado que mudou muito. Tivemos pouca agilidade em promover mudanças e sair de áreas turbulentas, uma delas foi o receio de cortar a própria carne com enxugamentos que resultariam em demissões. O nosso sistema coorporativo entrou em colapso por permitir um jogo de poder que acabou penalizando a imagem da própria Fundação Ruben Berta. O que deveria ser um avanço, e foi até 1995, quando se alterou o sistema de gestão e criou o Conselho de Curadores. Isso virou o nosso pesadelo com uma dança de cadeiras, subvertendo todo o processo de hierarquia. Pagamos um preço por ter um acionista confuso e a ausência da figura de um dono. Isso definitivamente mudou com a recuperação judicial e com o plano de recuperação aprovado. O preço que pagamos foi muito caro, principalmente porque a companhia estava sob fogo cerrado de diversas interferências no mercado, como foi o caso do congelamento tarifário e da concorrência predatória, em que não tivemos a agilidade de reagir. Limitamo-nos, na maioria das vezes, a delapidar o nosso patrimônio para ficar vivo até que esta fórmula chegou ao fim. A Fundação foi afastada, temos uma gestão sob supervisão judicial, profissionalizamos a gestão do Plano de Recuperação e agora esperamos que os mesmos críticos do modelo do passado reconheçam que o dever de casa foi feito. Temos uma nova Varig pronta para decolar.

CM: A Varig é viável?
Bottini: A nossa empresa traz de divisas para o Brasil anualmente mais de US$ 1 bilhão. As pessoas assustam, mas geramos mais de US$ 1 bilhão todos os anos com vendas de um produto que é a nossa principal marca, o transporte com qualidade. A nossa capacidade de gerar divisas e faturar no exterior é real e funciona. Ela foi muito preservada de todos os ataques que a companhia vem sofrendo da mídia nos últimos anos e nos momentos em que uma solução concreta se materializa. Poucas marcas brasileiras têm a força da Varig no exterior. A própria Alvarez & Marsal se surpreendeu com a repercussão da sua escolha para gerir o nosso plano de recuperação. Nem a USAir atraiu tanta atenção para eles. A Varig é uma marca respeitada. Os problemas operacionais da nossa frota existem pelos altos índices de segurança dos nossos vôos. Preferimos deixar um avião no chão, bancando todo o custo, ao invés de colocá-lo em vôo sem confiabilidade. Queremos é ter fôlego para colocar toda a nossa frota no ar e gerar faturamento. Nos últimos dias, a imprensa foi impiedosa. Mas o nosso corpo funcional é formado por guerreiros que sabem manter viva o seu amor pela estrela brasileira. O variguiano é o maior ativo patrimonial da nossa companhia, da mesma forma os nossos clientes que tem uma forte relação de amor com a nossa empresa, capaz de resistir a estes ataques insanos.

CM: Você esteve com o novo ministro da Defesa Waldir Pires na última sexta. Como foi a audiência?
Bottini: O ministro Waldir Pires é, sobretudo, um brasileiro com “b” maiúsculo. Ele sabe o que representa a Varig como geração de divisas e da nossa capacidade de gerar 1 bilhão de dólares por ano para o País. Como parlamentar, ele viu o sinal vermelho da desregulamentação das nossas rotas internacionais, das chegadas das empresas estrangeiras e o que isso representa de perda de divisas para a nação. A remessa de lucros das companhias aéreas internacionais drenam uma receita que sempre pertenceu às empresas brasileiras. Ele sabe que todos os países do mundo operam com suas empresas de bandeira e procuram valorizá-las para que possam enfrentar a concorrência de outros países. O Brasil tem uma das mais respeitadas aviações comerciais do mundo e às vezes nos esquecemos disso. O ministro Waldir Pires, que eu conheci quando foi governador da Bahia, é um homem sensível às causas sociais e sabe o que representa perder a soberania e o prejuízo para a nação que resultaria o desaparecimento daquela que é, no exterior, a empresa de bandeira do Brasil. A sua nomeação nos deixou ainda muito mais próximos de uma solução que traduza um grande pacto social em torno, não de uma empresa, mas de uma companhia viável e capaz de honrar os compromissos assumidos pelo plano de recuperação. O ministro sabe do desejo do presidente Lula em ver uma Varig saudável e operando em plena capacidade.

CM: Desde o Hélio Smith, já conversei com todos os presidentes da Varig. E alguns deles, depois que deixaram a presidência se tornaram amigos pessoais e já me disseram: "Cláudio, não existe cargo mais solitário do que de presidente da Varig". Você, sentando naquele gabinete do quarto andar, que já foi do Ruben Berta, sentiu isso? Ser presidente da Varig é solitário?
MB: Digo que nunca estou sozinho. Até no lado espiritual, você sempre está com alguém. Acho que a grande dificuldade é você tomar decisões, decisões às vezes que as pessoas não entendem É uma função árdua, mas que encaro como missão e tenho orgulho de ser presidente da Varig e de poder participar do processo de recuperação de uma marca que lá é fora é vista como uma bandeira de eficiência e competência do Brasil e do povo brasileiro.

CM: Você assumiu a companhia cheia de facções, unificou a empresa e deixou todos remando no mesmo barco. Até que ponto esta solidão se manifestou e até que ponto a convicção de estar fazendo o que é melhor faz com que você fique imunizado deste tipo de crítica?
MB: Queria deixar claro que sou ligado a todos os grupos na Varig. Todos aqueles que são capazes de trazer uma coisa positiva, cabe a você selecionar, pegar o que tem de melhor, abrir as portas e trazê-los pra dentro para colaborar nesta recuperação. Não podemos hoje nos dar ao luxo de virar as costas a ninguém.

CM: Você colocou de volta no seu gabinete o quadro do Ruben Berta, quadro aliás que você doou à empresa quando era gerente em Goiânia, e que você improvisou num pequeno altar na sua sala...
MB: Isso é um símbolo pra gente. Todas as empresas aéreas têm pessoas assim. A Transbrasil teve o Doutor Omar Fontana, a TAM o Rolim Amaro e a Varig teve o famoso Ruben Berta. Então ele é um mito para nós, um exemplo, um herói e estas pessoas devem ser valorizadas. As sociedades que não têm seus valores, não valorizam seu passado, não existem. A Varig tem um passado tremendo. Estas dificuldades que passo hoje, se olharmos a história, se não tiveram iguais, são muito parecidas, vencendo cada batalha. Então estas coisas devem ser resgatadas para que a gente possa ter valores e encima destes valores criar o que tem de melhor pra nós, que é um relacionamento aberto, extremamente favorável à divergência de pensamentos que conduzem você a decisões mais sábias. Ninguém tem que concordar em tudo, as portas estão abertas para que a gente converse. Eu recebo cerca de 300 e-mails por dia e respondo a todos. É importante respondê-los porque, primeiro, neste momento é muito importante você saber o que as pessoas estão pensando. Segundo é muito importante elas sentirem que você está de cabeça nisso. Você entra num momento onde tem que mostrar o respeito e o entendimento a todos, mas tem que fazer o que tem que ser feito, porque o interesse individual não pode sobrepor ao interesse de todos.

CM: Finalizando a entrevista, sua mensagem final ao variguiano e aos passageiros.
MB: Eu diria que hoje a Varig, nestes últimos meses, tem estado dentro do plano de recuperação. Já tivemos a aprovação deste detalhamento dos fundos de investimentos é um passo extremamente importante para acelerar a recuperação da empresa. Só tenho a agradecer aos nossos funcionários, às pessoas que acreditam e continuam acreditando. A solução não é final, estamos num encaminhamento disso e caminhamos a passos largos. Ao passageiro, principalmente aqueles que voam na Varig, gostam da empresa e têm tantos episódios legais conosco, deixo minha saudação. Queria finalizar contando uma história que presenciei outro dia: estava sentado no avião e vi uma pessoa levantar lá na frente e ela falava para meia dúzia de passageiros e vinha caminhando no avião. Eu até pensei que fosse uma guia turística, que falava com seus clientes, mas não era. Quando ela chegou perto de mim, e ela não me conhecia, falou o seguinte: "Sou mãe de dois pilotos da Varig, estou aqui agradecendo a todos senhores passageiros por estarem dando preferência a Varig e por ajudarem os meus filhos".
Por Cláudio Magnavita

 


JORNAL DE TURISMO
10/04/06
O Cardeal das Forças Armadas e a Varig
Postado por pratti

A vulnerabilidade da Varig perante um governo assustado e sem saber o que fazer para resolver o problema que há anos está no seu colo desde o dia da posse é absoluta. Antes mesmo de assumir a presidência, o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva teve o assunto Varig incluído na sua agenda. De lá para cá o problema só cresceu, sem que houvesse uma expressa vontade política da sua solução.

Na verdade, o governo do PT herdou um problema mais grave, que foi a tentativa de assumir o comando da Varig no apagar das luzes do governo tucano, quando o ex-chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, e o economista Mendonça de Barros foram encastelados no Conselho de Administração da empresa. Com a derrota de José Serra, os tucanos foram defenestrados e a Varig ficou entregue aos acenos de boa sorte do novo governo.

Na última sexta-feira, o alto escalão da companhia foi recebido pelo novo ministro da Defesa, Waldir Pires, no seu gabinete na Esplanada dos Ministérios. Antes de atendê-los, o presidente da Infraero, brigadeiro J. Carlos Pereira, foi chamado às pressas pelo novo titular da pasta. Na ante-sala do gabinete, toda forrada de madeira e ilustrada com livros de arte que contam a história das nossas Forças Armadas, os dirigentes da companhia, que entre cafezinhos e água gentilmente servidos por um engravatado garçom, torciam para que uma boa notícia fosse repassada.

Estavam presentes: Marcelo Bottini (presidente-executivo), Humberto Rodrigues (presidente do Conselho de Administração), Luiz Vasco (Administrador Judicial), Marcelo Gomes (Alvarez & Marsal) e Delfim de Almeida (diretor da empresa em Brasília).

Na manhã da própria sexta, a presidente do Sindicato dos Aeronautas, Graziella Baggio, já havia passado pelo mesmo ritual, tendo uma primeira conversa com Waldir Pires, deixando a sala encantada com a fidalguia e forma carinhosa do ministro.

Chamados pelo ajudante de ordem o grupo de diretores da Varig se dirigiu ao gabinete ministerial. Waldir Pires, vestindo um terno claro e com um largo sorriso no rosto recebeu o grupo, que ansiosamente aguardava as boas novas. Acomodados na mesa de reunião, a conversa começou de forma afável, com o ministro falando baixo, em tom cardinalístico, gestos educados e preocupado em conhecer o problema dos seus interlocutores.

O Cardeal das nossas Forças Armadas fez logo uma confissão no início da sua fala. “Acabo de chegar e fui colhido por esta tsunami que é o caso Varig. Regressei de um almoço onde toda imprensa me cercava para falar da empresa”, disse.

Marcelo Bottini começou a sua explicação, rememorando a sua audiência com a ministra Dilma Russef, chefe da Casa Civil. Waldir anotava os pontos principais e fazia reflexões sobre algumas questões. Foi uma explicação didática e, ao invés de se obter fatos novos, todos tiveram a sensação, pelas perguntas realizadas pelo ministro, que tudo tinha voltado à estaca zero. Ou seja, o caso teria de ser novamente explicado, passo a passo, até mesmo os acontecimentos que foram manchetes nos jornais, como o caso da venda da VEM para a TAP e da VarigLog para a Volo.

Marcelo Gomes, o representante da Alvarez & Marsal, companhia contratada para gestão da empresa através do Plano de Recuperação, fez uma lúcida apresentação, colocando os pingos nos “is”. A Varig não queria ajuda, queria apenas que a BR Distribuidora e a Infraero enxergassem a Varig como um cliente que precisa de crédito, relembrando todo o histórico da empresa como geradora de caixa para as duas estatais.

A cada 15 minutos, as badaladas do grande relógio que emoldura o gabinete, espartanamente decorado, aumentava a angústia dos interlocutores. Percebendo o interesse do ministro em entender a tsunami na qual está surfando, o administrador judicial, Luiz Vasco, traçou no seu bloco um gráfico, com o organograma da gestão judicial da Varig, deixando ainda mais didático a explicação sobre o processo de recuperação judicial e o papel da Oitava Vara Empresarial no caso.

O ministro relembrou os seus tempos de parlamentar e da sua preocupação com a evasão de divisas, através das remessas de lucros realizadas por empresas estrangeiras, que tomaram o lugar das companhias nacionais. Pires lembrou também a abertura dos nossos céus para a concorrência de grandes empresas aéreas internacionais. Captando as emanações verde-amarelas do titular da Defesa, o presidente do Conselho de Administração, Humberto Rodrigues relembrou o patriotismo da Varig nas suas operações internacionais.

Surpreendeu-se Waldir, com o fato da Varig gerar mais de US$ 1 bilhão por ano em divisas internacionais para o Brasil. Ficou ainda mais surpreso com as informações sobre as vitórias nos processos de defasagem tarifária e ICMS.

As badaladas do relógio continuavam a aumentar a angústia e na porta do Ministério da Defesa já se concentravam duas dezenas de jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos, ávidos pelas boas novas que sairiam do encontro.

No final, o pedido de um registro fotográfico do encontro foi paradoxalmente negado por Pires, que argumentou não querer aumentar frustrações, preferindo deixar-se fotografar quando algo de concreto for anunciado.

Os interlocutores deixaram a sala ainda sob o efeito carismático do cardeal das nossas Forças Armadas e tendo de remodular a sua freqüência, que tinha sido colocada em volume máximo, para captar as emanações quase de murmúrio do ex-exilado, ex-governador da Bahia e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Ulisses Guimarães, agora comandando as Forças Armadas, as mesmas que no passado o obrigaram a morar fora do País.

O ritual estava cumprido, a continência ao novo ministro já havia sido batida, restava a diretoria da Varig enfrentar a imprensa, sabendo que as negociações haviam voltado à escala zero. Pela manhã, o próprio ministro já havia revelado a Graziela Baggio que iria procurar o seu antecessor, José Alencar, para tentar compreender ainda mais o que estava acontecendo.
A audiência refletia um quadro muito comum nos últimos meses.

Nada de concreto por parte do governo. É como se a crise da Varig não fosse resultado das inúmeras interferências do poder concedente na vida da própria companhia. O governo parece agir como se não soubesse o que fazer. O que a Varig precisa é de definições. O que não pode é viver no limbo de um imobilismo federal, como se a empresa não fosse uma concessão pública. Entre os cadáveres insepulcros da nossa aviação, além da Transbrasil e da Vasp está também o da Panair do Brasil. Espera-se algo concreto e objetivo.

O ano é eleitoral e a Varig poderá se transformar em um caso de comoção nacional, esta sim uma verdadeira tsunami capaz de punir aqueles que por omissão e desconhecimento permitiram uma das mais importantes marcas brasileiras no exterior se esfacelar em pleno ar.

Claudio Magnavita

Presidente Nacional da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo, membro do Conselho Nacional de Turismo e Diretor do Jornal de Turismo.


INVERTIA - TERRA
10 de Abril de 2006, 13h32 
Aviação
VarigLog retoma diálogo e pode comprar a Varig

Fonte: Reuters
Atualizada às 14h13

A empresa de logística VarigLog resolveu retomar negociação sobre a proposta de compra de US$ 350 milhões que fez pela Varig, mesmo depois de ter vencido na sexta-feira o prazo dado para negociação.

A VarigLog chegou a informar à Reuters nesta segunda-feira a decisão de retirar a oferta, mas minutos depois voltou atrás diante de um telefonema que reabriu as negociações.
Um porta-voz da empresa informou que a falta de resposta dos participantes na negociação, incluindo o fundo de pensão Aerus, havia levado à retirada da proposta. Posteriormente, ele comunicou a mudança de posição da VarigLog, mas não identificou de quem partiu o telefonema.

A oferta da empresa de logística, atualmente controlada pela Volo e com participação do fundo norte-americano Matlin Paterson, havia sido apresentada há uma semana.
A VarigLog diz que não tem sido prejudicada pela situação delicada da Varig. O assessor informou que a empresa de logística tem hoje condições de atender 90% dos clientes com os aviões que estão à sua disposição e que apenas 10% das entregas dependem de contratação de aeronaves de terceiros.

"A VarigLog, desde que foi comprada pela Volo, contratou cerca de 300 pessoas, notando acentuado aumento nos seus serviços", afirmou o assessor.


ZERO HORA
Empresas
10/04/06

Nas mãos do governo

A Varig vive dias de definição. Com a crise no fluxo de caixa, que ameaça o futuro imediato da companhia, a primeira decisão da semana será a assinatura ou não do acordo com a Ocean Air. A pequena empresa teria oferecido pagar dívidas de curto prazo em troca da operação de vôos da gaúcha, além de acomodar passageiros da Varig nas suas aeronaves. Pela proposta apresentada à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), seriam investidos US$ 80 milhões.

Nesta semana, o presidente da Varig, Marcelo Bottini, pretende pedir recursos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar investidores interessados em recuperar a empresa. O governo, no entanto, vem dando sinais de que não deve ajudar a empresa. Entre os principais credores estão estatais como Infraero e BR Distribuidora.

Funcionários da Varig vão realizar, amanhã, manifestações em Brasília, Rio, São Paulo e Porto Alegre, numa tentativa de convencer o governo a ajudar na reestruturação.

- Não queremos dinheiro da viúva. Queremos apenas que as estatais credoras dêem mais prazo para o pagamento de dívidas - disse Márcio Marsillac, presidente da associação Trabalhadores do Grupo Varig.

Segundo ele, cerca de 300 empregados estarão em Brasília para protestar em frente ao Congresso e ao Palácio do Planalto.

- Os grandes prejudicados por uma falência serão os trabalhadores e a União, que terá dificuldades para receber os R$ 4,5 bilhões do plano de refinanciamento da dívida em depósitos do INSS e tributos - argumentou Marsillac.


ZERO HORA
10/04/06
Empresas

Para agências, plano não decola
Empresas de turismo do Estado alegam ser impossível reacomodar todos os passageiros em outras companhias, principalmente para rotas internacionais, caso ocorra a paralisação da companhia

ISABEL MARCHEZAN

Operadores de turismo duvidam do plano emergencial do governo para embarcar os passageiros da Varig em outras companhias, caso a empresa gaúcha, em crise, pare de voar.

Na sexta-feira, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) teria acertado com as demais empresas brasileiras que estas embarcariam os consumidores com bilhetes na mão. Vôos para outros países da América do Sul, Estados Unidos e França também estariam assegurados por parcerias.

- Isso é uma piada - resumiu o diretor da Candiota Turismo, Claudio Candiota.

Com a autoridade de quem "vive o dia-a-dia" do turismo, Candiota assegurou que não há assentos disponíveis hoje no Brasil para absorver os 20% do mercado que a empresa representa.

- Com a Varig operando, já é difícil. Imagine sem ela - completou.

No caso das viagens internacionais, a situação seria ainda mais delicada, acrescentou a presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens no Estado (Abav/RS), Carmen Marun.

- A Varig tem saídas diárias para vários destinos que nenhuma outra (empresa brasileira) cobre. Talvez as estrangeiras pudessem absorver a demanda, o que não é bom para o Brasil - explicou.

O fim das operações internacionais, observou Candiota, significaria uma grande perda para o turismo brasileiro como um todo. O raciocínio do operador é simples:

- Por ser antiga, a Varig ocupa horários nobres nos aeroportos mundo afora, usados para trazer turistas ao Brasil. Se esses horários forem ocupados por companhias estrangeiras, é gente que deixa de vir para cá, pois elas podem partir para outros destinos.

Os "horários nobres" a que se refere Candiota são, por exemplo, vôos internacionais que decolam à noite e chegam pela manhã a seus destinos.

Procura por bilhetes da companhia tem diminuído

Por enquanto, nenhuma rota foi cancelada. Têm havido, todavia, atrasos e cancelamentos de vôos, segundo as agências.

- Ninguém deixou de embarcar, mas há muitos contratempos em função de reacomodação de passageiros em outros vôos - contou a consultora de viagens da agência Turistar Jaqueline Appel.

Lenise Hentz, vendedora da Oficina de Turismo, diz que a procura por bilhetes da companhia "caiu bastante" devido aos atrasos e cancelamentos constantes:

- O que era a primeira opção, agora, é a última.

Mas para Carmen Marun, a situação ainda está "tranqüila", porque, apesar de tudo, os passageiros estão embarcando. Pacotes para a Alemanha (a Varig é a empresa oficial da Copa do Mundo) continuam sendo vendidos normalmente, com bons preços, segundo ela.

- O mercado não está tumultuado ainda - disse Carmen.

Candiota, que abriu excepcionalmente sua agência no sábado de manhã para resolver problemas de clientes, disse que o pior da crise é a falta de confiança que se instala nos passageiros. De acordo com ele, mesmo que a Varig não pare, isso já é um prejuízo enorme.




VEJA ON LINE
Quênia
10 de Abril de 2006
Cai avião com autoridades; 14 mortos


Pelo menos 14 pessoas morreram na manhã desta segunda-feira em decorrência da queda de um avião militar no Quênia. De acordo com as agências de notícias internacionais, entre os passageiros estavam diversas autoridades quenianas. Quatro pessoas foram resgatadas com vida dos destroços do avião, mas todas sofreram ferimentos gravíssimos. A causa da tragédia não foi divulgada.

Segundo informações da rede inglesa BBC, o avião levava 18 pessoas, entre elas quatro deputados federais, um vice-ministro e alguns líderes tribais. O grupo viajava para Marsabit, a 450 quilômetros da capital, Nairóbi. O objetivo da missão era falar com líderes de duas comunidades rivais perto da fronteira com a Etiópia. Eles tentariam mediar o conflito violento na região.

Testemunhas dizem ter visto vários corpos fora do avião no local da queda. Segudno um funcionário da Cruz Vermelha, a remoção dos cadáveres não começou porque na região não há material para isso. O governo diz estar investigando o motivo da queda, mas suspeita-se que a visibilidade ruim na região tenha contribuído. O presidente Mwai Kibaki se disse "chocado" com o desastre.