:::::RIO DE JANEIRO - 11 DE ABRIL DE 2006 :::::

16/04/2006 - 23h15m
Semana decisiva para a Varig
Credores vão apreciar proposta de ex-subsidiária. Justiça volta a analisar situação da companhia. Trabalhadores pressionam com manifestações

O Globo e Globo Online

RIO - A semana que começa deve ser decisiva para a Varig. Os credores vão analisara oferta da ex-subsidiária VarigLog , que ofereceu US$ 400 milhões para ficar com as operações da companhia e se compromete a garantir passagens compradas e milhas acumuladas. Outra proposta que está na mesa é a formulada pelos funcionários e que sugere a extinção de rotas domésticas, ficando a empresa apenas com os vôos internacionais.

A Justiça do Rio também retoma a análise do processo de recuperação judicial da companhia e não está descartada a possibilidade de obrigar os credores, sobretudo a BR Distribuidora, a dar fôlego à Varig, que enfrenta um estrangulamento de caixa. Em outra frente, representantes da empresa de consultoria Alvarez & Marsal, responsável por fazer a reestruturação da Varig, tentam obter apoio do BNDES para o processo de recuperação da companhia.

Outro cenário que pode vingar é a decretação de falência da companhia, diante da falta de condições de recuperação. O juiz da 8ª Vara Empresarial do Rio, Luiz Roberto Ayoub, que está conduzindo o processo, afirmou que não tomará decisão precipitada e vai esgotar todas as possibilidades para tirar a empresa da crise.

Neste domingo, funcionários fizeram novamente manifestações. Foi celebrada uma missa em Ação de Graças pela salvação da companhia na Igreja de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. O comandante Felipe Paiva, diretor da Associação dos Pilotos da Varig (Apvar) e dos Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), disse que participaram cerca de 600 pessoas. Depois da missa, os funcionários caminharam até Copacabana pela orla.

Durante a manifestação, o TGV colheu assinaturas dos empregados. Segundo o coordenador do TGV, Márcio Marsillac, serão necessárias, no mínimo, 700 adesões para dar entrada no processo na Justiça pedindo o desbloqueio de R$ 200 milhões do Aerus, que hoje tem menos de R$ 800 milhões em caixa. Marsillac não acredita que Ayoub decretará a falência da Varig. Nesta segunda-feira funcionários da Varig abraçarão o antigo prédio do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), no Centro do Rio.

 

16/04/2006 - 23h13m
Varig: Justiça pode obrigar credor a dar prazo para companhia

Geralda Doca e Chico Otavio - O Globo

BRASÍLIA e RIO - A Justiça do Rio retoma nesta segunda-feira a análise do processo de recuperação judicial da Varig e não descarta obrigar os credores, sobretudo a BR Distribuidora, a dar fôlego à Varig, que enfrenta um estrangulamento de caixa. Para isso, aguarda apenas que uma das partes interessadas entre com pedido de liminar. Outra possibilidade é a decretação de falência da companhia, diante da falta de condições de recuperação.

O juiz da 8ª Vara Empresarial do Rio, Luiz Roberto Ayoub, que conduz o processo, afirmou, no entanto, que não tomará uma decisão precipitada e vai esgotar todas as possibilidades para tirar a empresa da crise. Nos próximos dias, o Conselho de Administração da Petrobras Distribuidora (BR) analisa o pedido da Varig para pagar o combustível num prazo de 60 dias.

O pré-candidato do PMDB a presidente da República nas eleições deste ano, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho, disse neste fim de semana a diretores da Varig e de sindicatos que o governo fluminense estuda a possibilidade de comprar R$ 400 milhões em ações da Varig, que poderiam ser usados como garantia para credores como BR, Infraero e Banco do Brasil. Em reunião na manhã de sábado no Palácio Laranjeiras, Garotinho afirmou que, em 45 a 60 dias, técnicos do governo de Rosinha Garotinho no Rio responderão sobre a possibilidade de usar ativos do fundo de previdência estadual na negociação.

Outra hipótese levantada pelo ex-governador é obstruir a já atrasada votação do Orçamento federal para forçar o governo a fazer um encontro de contas com a Varig.

O encontro de sábado reuniu o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Sérgio Cavalieri, e representantes dos aeroviários e aeronautas de Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife e Guarulhos, além do presidente do Conselho Curador da Varig, César Curi, e diretores da empresa. Garotinho disse aos presentes que, com a compra das ações, a Varig ganharia tempo para sua reestruturação.

Quando sindicalistas citaram uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), reconhecendo débitos do governo federal com a empresa aérea por causa do congelamento de tarifas do Plano Cruzado, Garotinho sugeriu a obstrução e prometeu mobilizar os peemedebistas aliados. O empresário Nelson Tanure também participou do encontro.


16/04/2006 - 22h26m
Proposta de compra feita pela VarigLog deve ser analisada amanhã na Justiça do Rio

Agência Brasil

RIO - A proposta da VarigLog para compra da Varig deve ser submetida nesta segunda-feira à apreciação do juiz Luis Roberto Ayoub, da Vara Empresarial do Rio de Janeiro, responsável pelo processo de recuperação judicial da empresa.

Ayoub também deve apreciar a liminar concedida na semana passada pela Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro a entidade Funcionários do grupo Varig (TGV). No recurso, está prevista a criação de uma filial da Varig que ficaria com a parte operacional da empresa, de maneira a gerar lucro e valor de mercado para a companhia. O plano de recuperação judicial da Varig, aprovado em dezembro de 2005, prevê a estruturação de uma filial da companhia, que seria alienada pelo melhor preço em leilão judicial.

Caso o juiz dê seu aval a uma ou a ambas as propostas, elas serão submetidas à aprovação dos credores, em assembléia em data ainda a ser marcada.


16/04/2006 - 18h20m
Funcionários da Varig farão nova manifestação amanhã, no Centro do Rio

Patrícia Eloy - O Globo

RIO - Nesta segunda-feira, às 8h, funcionários da Varig farão nova manifestação: cerca de 600 pessoas devem abraçar o antigo prédio do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), no Centro do Rio. Também amanhã, o TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) entrará com uma ação na Justiça contestando a decisão do governo de liquidar o fundo de pensão da companhia, o Aerus, decretada na última quarta-feira.


16/04/2006 - 18h08
Justiça analisa liminar que bloqueia bens da Varig
Folha Online

O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio, analisa amanhã a liminar concedida na semana passada pela 14ª Vara Federal do Trabalho do Rio, que determinou o arresto dos bens da Varig. A 8ª Vara Empresarial é responsável pela análise do processo de recuperação judicial --mecanismo que substituiu a concordata na nova Lei de Falências-- da Varig.

Márcio Marsillac, coordenador da associação TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), deve se reunir amanhã com Ayoub para tentar convencer o juiz que a liminar está de acordo com o plano de recuperação aprovado em dezembro passado, que prevê a criação de uma filial da Varig que seria leiloada para pagar os credores.

"Vamos mostrar que não há contradição nenhuma entre a recuperação judicial e a liminar. Desta vez, a Justiça do Trabalho entendeu que poderia dar uma contribuição para o plano de recuperação da Varig", disse o coordenador da TGV, Márcio Marsillac.

Na liminar concedida na semana passada, o juiz determinou a segregação dos ativos operacionais da Varig, que ficariam sob responsabilidade da filial Varig Operacional. Essa empresa, que asseguraria a continuidade das operações da Varig, seria depois leiloada e o dinheiro obtido pagaria os débitos da companhia aérea.

No entanto, a 8ª Vara Empresarial entendeu no ano passado que havia um conflito entre uma liminar concedida pela 19ª Vara do Trabalho do Rio --que também determinava o arresto dos bens da companhia-- e o processo de recuperação judicial. Depois da interferência da 8ª Vara Empresarial, a juíza Giselle Bondim Lopes Ribeiro, da 19ª Vara do Trabalho do Rio, acabou revogando a liminar que havia bloqueado os bens da Varig.

"Essa nova empresa será levada a leilão, como prevê o plano de recuperação da Varig", afirmou Marsillac. "Desde a aprovação do plano, nada se fez pela recuperação da Varig."

O coordenador da TGV afirmou que esse leilão deve conseguir um valor maior que o ofertado pela VarigLog para a Varig, de US$ 400 milhões. "A liminar não vai de encontro à recuperação. Ela vai ao encontro do plano, que foi aprovado em dezembro e desde então mais nada se fez."

16/04/2006 - 16h40m
Manifestação no Rio defende a salvação da Varig

CBN

RIO - Funcionários e ex-funcionários da Varig fizeram uma manifestação por ruas e avenidas da Zona Sul da cidade neste domingo. No final da manhã, foi celebrada uma missa pela recuperação da empresa na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. Logo depois, todos saíram em caminhada pelo bairro.

São cerca de 500 manifestantes que integram a associação dos Trabalhadores do Grupo Varig (TGV). Eles defendem a sobrevivência da empresa, atolada numa dívida de R$ 8,2 bilhões. Os trabalhadores querem uma ação mais efetiva do governo federal no processo de salvação da empresa. Alegam que o governo deve dinheiro à Varig, fruto do congelamento tarifário.

A proposta feita pela VarigLog, de US$ 400 milhões para a compra da Varig, não é vista com bons olhos pelos funcionários. Na avaliação deles, a venda não significaria uma solução definitiva para a empresa.

 

16/04/2006 - 16h40
Justiça analisa amanhã proposta de compra da Varig
da Folha Online

A proposta da VarigLog de compra da Varig será analisada amanhã pelo juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio --responsável pela análise do processo de recuperação judicial da companhia aérea. A proposta prevê a compra da Varig por US$ 400 milhões --sendo US$ 50 milhões para o pagamento das rescisões trabalhistas.

A VarigLog informou que se comprometerá, em caso de aceitação da sua proposta, a garantir o pagamento das milhas acumuladas pelos participantes do programa Smiles da Varig. Estima-se que 6 milhões de pessoas participem do programa.

A ex-subsidiária do ramo de carga aérea da Varig também se compromete a cumprir o vôo das passagens já emitidas (e não voadas).

No entanto, a proposta da VarigLog precisa ainda do aval dos credores e da Anac (Agência Nacional de Aviação) para ser levada adiante. O Sindicato Nacional dos Aeronautas, representante dos credores trabalhistas, se reúne amanhã com a VarigLog para discutir a proposta, que deve ser detalhada para outros credores --estatais e privados.

A associação TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) sinalizou que deve rejeitar a proposta da VarigLog caso ela não apresente uma solução para o passivo da Varig.

"Não podemos concordar com a venda da Varig por preço de banana e com o calote generalizado. Porque é isso que vai acontecer: ninguém vai assumir o pagamento da dívida antiga da Varig", disse Márcio Marsillac, coordenador da TGV.

Segundo ele, a proposta anterior da VarigLog --apresentada no começo do mês-- previa a divisão da Varig em duas partes: a operacional e a endividada. A VarigLog ficaria apenas com a parte operacional e não assumiria a parte antiga, que está em recuperação judicial.

O ESTADO DE S.PAULO
Tempo, o maior inimigo da Varig
Empresa negocia em várias frentes para tentar se recuperar. Mas acordos precisam sair o mais rápido possível

Nilson Brandão Junior

A Varig aposta todas as fichas na proposta de compra de US$ 400 milhões (R$ 880 milhões) feita pela ex-subsidiária VarigLog, que será votada em assembléia de credores no dia 2. Mas, até lá, vai atacar em outras frentes. Segundo uma fonte, a empresa tentará equilibrar o caixa com troca de recebíveis do programa de milhagem Smiles acertada com o fundo Matlin Patterson. Amanhã, irá ao BNDES discutir alternativas de médio prazo e acompanhará reunião do conselho da BR Distribuidora, a quem pediu carência no projeto de "acordão" com credores. Encaminhará, ainda, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o registro de um fundo para receber novos aportes - esta, uma solução típica de mercado, que pode levar, contudo, pelo menos dois meses para decolar.

"Não há desespero, nem plano contingencial. Trabalhamos em várias hipóteses e segunda-feira vai ser um dia relevante", disse ao Estado o executivo Marcelo Gomes, da Alvarez&Marsal, firma americana contratada pelos credores para gerir a reestruturação da empresa. Amanhã, a Varig estará com um olho num encontro no BNDES e outro na reunião da BR Distribuidora, que deverá oficializar resposta ao pedido de prazo de 60 dias para quitar o fornecimento de combustível, hoje pago antecipadamente. Semana passada, a estatal havia indicado que não o fará.

A estatal exige garantias e diz que é temerário conceder prazo. "É um absurdo", rebate Gomes. O executivo explica que a BR se habilitou como credor classe 2 (com garantias) na recuperação judicial da empresa e que a dívida antiga (repactuada) está garantida por recebíveis de cartão. "A garantia que temos para pedir prazo são do mesmo tipo e, agora, ela não aceita", diz ele, lembrando que o acordão para suspensão temporária de pagamentos correntes, e retomada mais à frente, depende de todos os credores.

"O presidente da Infraero tem sido superaberto no sentido de negociar e indicar que se o TCU (Tribunal de Contas da União) não for um problema, a Infraero é que não vai ser", comentou. A estatal alega ter dificuldade em aceitar um perdão temporário de despesas correntes por conta de obrigações legais. A postergação de pagamentos vai de dois a sete meses,conforme o fornecedor. A Varig indica que as empresas de leasing estão colaborando. Na última quinta-feira foi a vez de os trabalhadores concordaram com o corte de 2,9 mil empregos e de 30% dos salários.

A proposta de compra da VarigLog - empresa da Volo Brasil, que tem o Matlin Patterson como acionista - e o acordão são as duas principais frentes de luta. Embora o executivo da Alvarez&Marsal não confirme, a informação é de que o chinês Lap Chan, acionista do Matlin, garantiu um suporte de caixa para a empresa até o início de maio. Ele pagaria antecipado à Varig, com uma taxa de desconto, o que ela tem a receber nos próximos meses em remuneração das parceiras comerciais usam as milhas do Smiles para premiar clientes.

A versão de duas fontes ligadas à empresa é de que, apesar de haver outros dois investidores interessados em entrar na Varig, a proposta da VarigLog teria sido aceita mediante um acordo de exclusividade no período, justamente por conta do aceno para o suporte de caixa.

"Estamos centrando as fichas na proposta da VarigLog e aguardando a decisão da BR. O caixa está extremamente limitado, mas não há risco de a companhia parar. A empresa trabalhou normalmente na Semana Santa", limita-se a dizer.

GOVERNO

Às vésperas do feriado religioso, a empresa enfrentou três revezes sucessivos no governo: a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) vetou o acordo operacional com a OceanAir; no dia seguinte a Secretaria de Previdência Complementar (SPC) interveio no fundo Aerus; e, depois, o presidente da BR, Rodolfo Landim, rebateu críticas da empresa e descartou conceder prazo à Varig. Ainda assim, uma equipe de executivos, consultores e advogados, além dos trabalhadores, corre contra o tempo para viabilizar a atividade, no curto e médio prazos.

Uma fonte detalha o que a Varig quer do BNDES. Nas sondagens ao banco, são abordados três caminhos: eventual separação e venda isolada do Smiles, com financiamento do banco ao comprador; uma cisão do negócio atual numa companhia para o doméstico e outra para o internacional, com entrada do banco na voltada aos vôos internos, junto com investidores; e tentativa de convencimento para o banco entrar, com investidores, no fundo previsto no plano de recuperação - cuja montagem começará a ser estruturada ainda esta semana.

Em todos os formatos, o banco não teria relacionamento financeiro com a Varig atual, dizem eles. A idéia agora é desenvolver estas alternativas. Uma fonte do governo indica que os contatos preliminares seriam junto à área de mercado de capitais do banco e que a instituição não poderia mesmo financiar a empresa aérea sem solução para o passivo.

O BNDES diz que não houve pedido formal da companhia e já apontou que não fará operação de socorro. Mas sabe-se que representantes da empresa foram ao banco nas últimas semanas mostrar o andamento da tentativa de acordo com os credores e discutir as idéias.

CVM

A Varig prega que não quer injeção de dinheiro público na veia, ainda que o caixa da empresa esteja debilitado. O presidente da empresa, Marcelo Bottini, repetiu reiteradas vezes que se procura "solução de mercado". A estruturação de um Fundo de Investimento e Participação (FIP) - cuja tramitação de registro deve começar na CVM esta semana - é a alternativa aprovada pelos credores e que consta do plano de recuperação judicial. Este fundo abrigará inicialmente as ações da Fundação Ruben Berta (FRB) e depois abrirá cotas, via leilão, para credores e investidores.

Para isso, a equipe tenta acelerar a avaliação e integralização das ações da FRB dentro do fundo. Os entendimentos estão em curso, mas a burocracia para formar estes fundos leva tempo e, estima-se, estaria pronto, para a primeira oferta pública, apenas pelo fim de julho. Mas os problemas da Varig não podem esperar tanto.

O Banco Brascan já foi escolhido para gerir o fundo, mas entra no processo apenas depois que ele existir. O mecanismo é complexo. Simplificando, investidores e credores poderão comprar cotas que serão emitidas nesse fundo, em processo que precisa ser autorizado e regulado pela CVM. Na medida em que cheguem aportes, a fatia da FRB encolheria gradativamente até 5,26% do fundo representativo do controle da empresa.

A primeira oferta, estimada para agosto, será para os credores interessados em converter créditos em capital, seguida de ofertas para o mercado. A engenharia financeira montada lembra a usada nas privatizações. Dívidas da Varig que estão dentro do processo de recuperação poderão ser compradas com deságio e usadas para investimento no fundo a valor de face.

O efeito é duplo: à medida em que a dívida (negociada com deságio) encolhe, melhora o perfil da companhia e vira capital novo. A ironia, aqui, é que às vésperas de uma tentativa tipicamente de mercado para sua salvação, com a FRB suficientemente afastada do processo, a empresa enfrente grave dificuldade de caixa e forte apreensão no mercado.

RAIO-X

Aviões: Dos 71 jatos da frota, 54 estão operando.

Funcionários: A empresa precisa cortar 2,9 mil empregados, com redução da folha de 9,8 mil para 6,9 mil empregados, além de redução salarial em 30%.

Dívida total (quando entrou no plano de recuperação judicial): R$ 9,2 bilhões.

Parte renegociada: R$ 7,5 billhões (65% com credores públicos).

Situação judicial: Está desde meados do ano passado no plano de recuperação judicial. Nada acontece na empresa sem aprovação dos credores.

Principais planos de vôo:

1. Proposta da Varig Log de US$ 400 milhões (R$ 880 milhões) para compra da empresa, já aceita pela diretoria e submetida ao conselho de administração.

2. "Acordão" com credores para equilibrar caixa. Prevê prazo de carência para pagar gastos correntes e quitação posterior.

Quem ganha e quem perde com a paralisação:

1. Passageiros: Enfrentarão fila nos horários de pico de vôos domésticos. A situação se normalizaria com o crescimento da oferta da TAM e da Gol. Com mais demanda do que oferta durante um período, promoções devem cair e preços médios de passagens subir.

2. Concorrência: Para instituições financeiras, como Merrill Lynch e Bears Stearns, concorrentes nacionais se beneficiam com a crise da Varig, com projeções de maior receita e valorização de ações.

 

16/04/2006 - 09h00
Reino Unido sugere evitar voar de Varig
FÁBIO VICTOR
da Folha de S.Paulo, em Londres

O governo britânico começou a alertar seus cidadãos para a crise da Varig, ao sugerir que os turistas que pretendem visitar o Brasil devem buscar outras opções de companhias aéreas.

O FCO (Foreign & Commonwealth Office), equivalente ao Ministério das Relações Exteriores brasileiro, acrescentou, na semana passada, na seção de sua página na internet dedicada a recomendações a viajantes, um tópico específico sobre a Varig --dando erroneamente a entender que trata-se da única empresa aérea brasileira.

"A companhia aérea brasileira, Varig, está em sérias dificuldades financeiras. Vários vôos, internacionais e domésticos, foram cancelados ou atrasaram nas últimas semanas. A Varig é uma empresa privada, e o governo brasileiro disse que não irá socorrê-la; há, portanto, um risco iminente de falência. Você deve levar isso em conta quando for fazer uma reserva aérea e considerar opções alternativas", afirma o texto publicado pelo FCO.

A direção da Varig em Londres se revoltou com o fato. O gerente-geral da empresa para o Reino Unido, Irlanda e Oriente Médio, Mario Bruni, enviou um e-mail ao FCO em que se queixou da publicação. Na mensagem, pede que o órgão revise o alerta e coloque um novo texto no seu site.

"O que eles fizeram não existe. Eles estão se baseando em quê? Teve algum dado oficial? Não teve. É especulação", disse Bruni.

Segundo ele, o alerta não interferiu no movimento de clientes. "Não houve nenhum cancelamento de reserva. Apenas uma agência e um passageiro que ia viajar nos ligaram para saber como estava a situação."

O gerente relatou que a operação da rota entre Londres e o Brasil (sete vôos por semana) está normal. O cancelamento de quatro vôos neste mês foi causado, diz, por motivos de manutenção e avisado com antecedência aos passageiros.

Na avaliação de Bruni, há uma cobertura equivocada da imprensa em relação à crise da aérea, que não contempla os motivos reais do problema (causados, afirma, por administrações anteriores) e superdimensiona os seus efeitos.

"A batalha está grande contra os jornais, principalmente. Porque os jornais estão falando um monte de coisas que não são verdadeiras. Disseram que a Varig ia parar na quinta-feira [da semana retrasada], e não parou; depois, que iria parar na segunda, e não parou. E assim vai indo. Quem tem de falar se a Varig vai parar é a Varig", declarou Bruni.
Na semana passada, a crise da Varig se intensificou com a liquidação do Aerus, fundo de pensão dos funcionários da companhia.

Em outra decisão, a Justiça do Trabalho do Rio autorizou o arresto (embargo) dos bens e direitos da Varig, a fim de "blindar" o patrimônio da empresa em caso de falência.