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  • Correio do Brasil
    04/05/2011

    Técnicos brasileiros acompanharão análise de caixas-pretas do AF 447
    Redação, com BBC

    A transcrição das duas caixas-pretas encontradas do voo AF 447 da Air France, que caiu no Atlântico em 2009, serão acompanhadas por especialistas brasileiros, britânicos e norte-americanos, afirmou  o secretário francês dos Transportes, Thierry Mariani.

    A iniciativa francesa de associar técnicos estrangeiros à operação tenta pôr fim às críticas, feitas sobretudo pelas famílias das vítimas brasileiras, em relação à suposta falta de independência do Escritório de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês).

    O órgão, que apura as causas do acidente com o Airbus da Air France que fazia a rota Rio-Paris, é ligado ao ministério dos Transportes. O BEA já foi acusado por familiares das vítimas de “ter interesses políticos e financeiros e realizar relatórios tendenciosos e incompletos”.

    A suspeita ocorre porque o Estado francês possui participações acionárias na Air France e na Airbus, além de 27% do capital da Thalès, fabricante dos sensores de velocidade do avião, os chamados “tubos pitot”.

    Segundo o BEA, as falhas nos sensores, que enfrentam problemas de congelamento em altas altitudes, “são um dos elementos, mas não a causa do acidente”.

    A associação brasileira de familiares das vítimas solicitou inúmeras vezes que a análise das caixas-pretas, quando encontradas, fosse feita em um local “neutro”, nos Estados Unidos.

    – Não temos nenhum receio particular, mesmo sem saber o que os investigadores vão descobrir. É preciso saber a verdade sobre esse drama quaisquer que sejam suas causas –, disse o secretário francês.

    A transcrição das caixas-pretas encontradas, que foram seladas por se tratarem de provas em uma investigação judicial, será feita sob o controle de um oficial da polícia judiciária, afirmou ainda Mariani.

    Resgate

    As duas caixas-pretas do avião da Air France foram resgatadas durante a quinta fase de buscas, iniciada em 26 de abril e financiada pelo governo francês.

    O custo dessa operação é de 6 milhões de euros (R$ 14 milhões), segundo o ministério dos Transportes.

    No total, as investigações da catástrofe, com cinco fases de buscas, já custaram 35 milhões de euros, segundo o BEA, financiados pela Air France, pela Airbus e pelo governo francês.

    As caixas-pretas, fundamentais para descobrir as causas da tragédia que matou 228 pessoas, deverão chegar à França para serem analisadas nos próximos dez dias.

    Enquanto isso, serão resgatadas outras peças do avião consideradas importantes para as investigações, como calculadores de voo, os motores e, se for possível, também a cabine dos pilotos, disse nesta terça-feira Jean-Paul Troadec, diretor do BEA.

    Corpos

    Uma tentativa de resgate de corpos das vítimas do acidente deverá ser iniciada nas próximas 24 ou 48 horas, segundo uma fonte ligada às investigações, citada pela imprensa francesa.

    De acordo com o jornal Le Parisien, essa operação tentaria levar um ou dois corpos à superfície. Mas a fonte se diz muito prudente em relação aos resultados da operação, ressaltando que os corpos estão há quase dois anos submersos a 3,9 mil metros.

    Especialistas franceses não sabem se os restos mortais poderiam resistir aos movimentos do robô Remora 6000. O resgate dos corpos está sob a responsabilidade da Justiça francesa e será realizado por oficiais da Marinha a bordo do navio Ile de Sein.

     

     

    Valor Econômico
    04/05/2011

    Sata recorre e consegue manter recuperação judicial
    Alberto Komatsu

    A 20ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro suspendeu na segunda-feira a falência da Sata, empresa que já foi a maior do país em serviços aeroportuários em pátios de aeronaves. A quebra da companhia, em processo de recuperação judicial, havia sido decretada no dia 27 de abril pelo juiz Mauro Pereira Martins, da 4ª Vara Empresarial do Rio. O pedido de insolvência é do administrador judicial da Sata, Gustavo Licks, que foi procurado, mas não retornou.

    A Sata, controlada pela FRB-Par, empresa de participações da Fundação Ruben Berta, conseguiu suspender a falência dois dias depois de ela ter sido decretada, em 29 de abril, mas pelo prazo de 72 horas, após ajuizar um agravo com efeito suspensivo. Anteontem, a 20ª Câmara Cível do Rio determinou que a Sata permaneça em recuperação judicial até que o mérito do agravo seja julgado, mas não há previsão de data para que isso aconteça.

    O juiz Martins, em ao menos três trechos da sentença que decretou a falência da Sata, justifica a decisão ao considerar que a "situação econômico-financeira da empresa recuperanda se afigura irreversível". De acordo com o relatório do administrador judicial, a dívida da Sata seria de R$ 433,8 milhões.

    O presidente da Sata, João Luís Bernes de Sousa, contesta esse valor. Segundo ele, o débito total seria de pelo menos a metade do que consta na sentença do juiz Martins. Sousa afirma que a dívida que consta apenas no processo de recuperação judicial é de R$ 75 milhões, dos quais R$ 45,5 milhões são de débitos trabalhistas.

    Sousa diz que está sendo realizado um levantamento para calcular o tamanho do passivo da Sata, já que o valor da sentença inclui cálculos e multas que ele discorda. O executivo afirma que a Sata tem créditos a receber da ordem de R$ 177 milhões de diversas fontes, o que daria um fôlego no caixa para a empresa manter sua operação, que nunca parou, segundo ele.

    "Apesar de todas as dificuldades, acredito que a empresa é recuperável. Mas para que isso aconteça a Lei 11.101 [Recuperação Judicial] precisa ser obedecida", afirma Sousa. O executivo se referiu a decisões da Justiça trabalhista que permitiram o bloqueio de contas da Sata, apesar de a Lei de Recuperação Judicial proteger as empresas contra esse tipo de medida.

    O presidente da Sata também cita como obstáculo a súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que estende aos clientes de uma empresa de serviços a responsabilidade solidária por eventuais passivos trabalhistas. Com isso, Sousa conta que a Sata está com dificuldades para fechar novos contratos. O TST foi procurado para se pronunciar, mas não retornou até o fechamento desta edição.

    A pior crise em 57 anos de atividade da Sata foi deflagrada pela crise da Varig, entre 2005 e 2006, conforme lembra Sousa. A Varig chegou a responder por cerca de 70% do faturamento da Sata no auge de sua operação, no início dos anos 2000.

    Nessa época, a companhia faturava R$ 20 milhões mensais, respondia por 60% do mercado chamado de ground handling (rebocadores de aviões, escadas para embarque e desembarque de passageiros, entre outros serviços). A Sata também tinha em torno de 8 mil funcionários.

    Atualmente, o faturamento mensal da Sata oscila entre R$ 2,5 milhões e R$ 3 milhões. A empresa conta com 640 funcionários. Somente em meados de 2007, 4 mil pessoas foram demitidas. Naquela época, contribuiu para a crise da empresa um comunicado da Infraero aos clientes da Sata, informando que a empresa fecharia em cinco dias, o que acabou não acontecendo. "Foi uma atitude precipitada e cruel", diz Sousa. A Infraero foi procurada, mas não retornou até o fechamento desta edição.

     

     

    Zero Hora
    04/05/2011

    Presidente da TAP apresenta nesta quarta voo sem escalas entre Capital e Lisboa
    Fernando Pinto participa de reunião-almoço no Palácio do Comércio, em Porto Alegre
    Marcelo Flach

    O gaúcho Fernando Pinto, presidente da TAP, está em Porto Alegre para apresentar o voo direto que a companhia aérea portuguesa fará da Capital para Lisboa a partir de 12 de junho. Às 12h30min desta quarta, o executivo estará no Tá Na Mesa da Federasul. O tema apresentado durante a reunião-almoço no Palácio do Comércio será "TAP no Brasil e Porto Alegre como porta de entrada dos europeus no Cone Sul".

    Fernando Pinto chegou a Porto Alegre na noite desta terça-feira. Do aeroporto, seguiu para a Federação nas Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), onde participou de reunião conduzida pelo presidente da entidade, Paulo Tigre. No encontro com empresários, o executivo enfatizou que a criação de um novo voo aumenta a chance de negócios para a cidade.

    Fernando Pinto lembrou que isso ocorreu nas capitais no Nordeste nas quais a companhia aérea passou a operar. Conforme o presidente da TAP, o fato de Porto Alegre passar a contar com um voo sem escalas para a Europa tende a fazer investidores a olharem para cidade.

    Engenheiro mecânico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Fernando Pinto presidiu a Varig, entre 1996 e 2000, depois de ter estado à frente da Rio Sul, subsidiária da companhia. Em outubro de 2000, foi contratado pelo governo português para preparar a privatização da TAP.

    Com a desistência da Sissi, potencial compradora, Fernando Pinto — e mais três brasileiros que o acompanham na direção da empresa — foram convidados para permanecer. Em pouco tempo, a companhia saiu de prejuízos acumulados ao longo de três décadas para lucro de 20 milhões de euros em 2003. Em 2010, a estatal atingiu cifra recorde: lucro de 62,3 milhões de euros, 8,7% maior do que no exercício anterior.

    A história da TAP

    14/3/1945:
    Fundação da Transportes Aéreos Portugueses (TAP), início de voos de Lisboa para Madri e depois para Angola e Moçambique, no ano seguinte, e a primeira rota doméstica, para Porto

    Década de 1950:
    Entra na era do jato e lança voos para Londres e Paris. A companhia passa a ter o controle misto, com maioria do governo

    Década de 1960
    Compra de jatos e início do voo da amizade, entre Lisboa e Rio de Janeiro.

    1975
    Por meio de um decreto, a companhia aérea é nacionalizada e, quatro anos depois, passa a se chamar TAP Air Portugal.

    Década de 1980
    Renovação da frota, com início da utilização de Airbus

    Década de 1990
    Lança plano de saneamento financeiro, para reduzir o endividamento

    2000
    Em outubro, o engenheiro Fernando Pinto assume a companhia, chamado pelo governo para providenciar a privatização da estatal, mas é mantido no cargo depois que a Swissair desiste da compra

    2001
    Expansão para o Brasil, com início de voos diretos para as principais capitais, não apenas Rio de Janeiro e São Paulo

    2003
    Depois de amargar prejuízo anual de 100 milhões de euros, empresa apresenta lucro de 20 milhões de euros, o primeiro resultado positivo em três décadas

    2005
    Quando completa 60 anos troca a denominação para TAP Portugal, e passa a integrar a Star Alliance

    2007
    Compra a companhia aérea regional Portugália

    2010
    Foram transportados 9,1 milhões de passageiros (7,7% mais do que em 2009), e a taxa de ocupação alcançou 74,5%, avanço de seis pontos percentuais sobre o ano anterior

    2014
    Previsão de começar a receber os modernos Airbus A350. A encomenda é de 12 aviões

     

     

    Valor Econômico
    04/05/2011

    Licitação em aeroportos fica para o fim do ano
    Governo ainda analisa opções para a entrada da iniciativa privada nas obras de expansão
    André Borges, Rafael Bitencourt e Paulo de Tarso Lyra

    O governo quer licitar as obras para expansão dos principais aeroportos do país até o fim deste ano. Os modelos de licitação serão definidos no prazo de 30 a 60 dias para os aeroportos que trabalham no limite da capacidade. Segundo Gustavo do Vale, presidente da Infraero, o governo analisa diferentes opções para entrada da iniciativa privada, de concessão a parceria público-privada (PPP).

    A prioridade está centrada na definição dos editais de licitação para os terminais de aeroportos que foram anunciados pelo comando do governo nas últimas semanas: Guarulhos (SP), Brasília (DF) e Campinas (SP). Em seguida, será definida a ampliação de Galeão (RJ) e Confins (MG). Segundo o presidente da Infraero, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ainda precisa concluir os estudos de viabilidade antes de a Anac elaborar os editais. "Acredito que até o fim do ano, se o processo (de licitação) tiver completo, nós não teríamos nenhum problema para construção desses terminais até 2014", afirmou.

    O governo conseguiu dar um primeiro passo em sua estratégia de aproximação com o setor privado para resolver os problemas de infraestrutura dos aeroportos. Ontem, executivos das companhias aéreas Avianca, Azul, Gol, TAM e Webjet tiveram o primeiro encontro com o ministro da recém-criada Secretaria de Aviação Civil (SAC), Wagner Bittencourt, em Brasília. Durante a reunião, que também foi acompanhada pela diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Infraero, empresários e governo decidiram dar as mãos para buscar soluções imediatas que possam melhorar as operações nos aeroportos de Cumbica, em São Paulo, e Brasília.

    Segundo Líbano Barroso, presidente da TAM, ficou estabelecido que serão montados grupos de trabalho para estudar formas de melhorar as operações dos aeroportos. Cumbica e Brasília vão funcionar como modelos para outras iniciativas. "Vamos analisar como ganhar melhor produtividade. Será um projeto piloto para identificar dificuldades e encontrar soluções." Os empresários afirmaram que a entrada das companhias aéreas em construção de aeroportos e terminais não foi tratada durante a reunião, mas o interesse das empresas é claro. Pedro Janot, presidente da Azul, disse que ainda é preciso conhecer a proposta do governo, mas que sua empresa certamente vai entrar no negócio. A participação das companhias aéreas na construção de aeroportos, comentou, é situação comum em países da Europa e nos EUA.

    O presidente da Gol, Constantino Oliveira Júnior, disse que a criação da Secretaria de Aviação Civil (SAC) vai trazer mais flexibilidade para o setor e uma coordenação que, segundo ele, não existia quando o Ministério da Defesa estava no comando do setor. "Enquanto a aviação civil estava dentro do Ministério da Defesa, ele naturalmente tinha outras prioridades. Faltava essa coordenação", disse.

    Depois do encontro com os empresários, o ministro da SAC, Wagner Bittencourt, se reuniu com o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, para passar um pente fino no andamento das obras dos aeroportos que suportarão a Copa do Mundo de futebol de 2014. A ordem do Palácio do Planalto foi de acelerar as obras. Em Guarulhos, a expectativa é de entregar as reformas da pista antes das festas de fim deste ano. O governo quer iniciar as obras do terminal 3 no segundo semestre, com apoio do Exército.

     

     

    Folha de São Paulo
    04/05/2011

    Teste define resgate de corpos do voo 447
    Equipe faz simulações para verificar viabilidade da operação; segunda caixa-preta do avião é localizada por robô
    ANA CAROLINA DANI

    Os corpos dos ocupantes do avião da Air France, que caiu no Atlântico quando fazia a rota Rio-Paris podem começar a ser retirados do mar hoje, menos de 48 horas após investigadores franceses terem localizado a segunda caixa-preta da aeronave.
    "A previsão era a de que os primeiros testes fossem realizados assim que se encontrasse as caixas-pretas", disse à Folha o coronel François Daust, diretor do Instituto de Investigações Criminais da Polícia Militar francesa.
    Para ele, testes irão determinar se será possível elevar os corpos à superfície sem que sejam muito danificados. O avião levava 228 ocupantes quando aconteceu o acidente.

    "Teremos que avaliar se o robô vai conseguir puxar os corpos sem que os ossos sejam desarticulados", explicou Daust. "Nesse caso, ou decidimos retirar as ossadas ou deixamos os corpos no mar".
    Os primeiros resultados devem sair ainda amanhã.

    A segunda peça encontrada -o Cockpit Voice Recorder (CVR)- é fundamental para explicar as causas do acidente. Ela contém registros das conversas dos pilotos, das comunicações feitas por rádio e dos ruídos na cabine.
    Outra peça essencial, o Flight Data Recorder (FDR), que registra dados técnicos do voo, já havia sido localizada no último domingo.
    "Se conseguirmos ler as caixas-pretas, acreditamos que poderemos explicar o acidente", disse Jean-Paul Troadec, diretor-geral do BEA, órgão que investiga o desastre.

    Segundo ele, a caixa-preta foi encontrada em bom estado, mas há riscos de que os dados não possam ser explorados. Nunca na história da aviação civil uma caixa-preta ficou tanto tempo submersa antes de ser encontrada. "Estamos confiantes, mas a situação é inédita", disse.

     

     

    Folha de São Paulo
    04/05/2011

    Obra do 3º terminal em Guarulhos começa neste ano, diz governo
    Após licitação, empresa vencedora deverá repor o montante gasto na construção
    VALDO CRUZ / SOFIA FERNANDES

    A Infraero vai começar as obras do terceiro terminal do aeroporto de Guarulhos até o fim do ano, antes mesmo da licitação que passará sua futura administração para o setor privado. Com essa medida, o governo espera evitar atrasos na obra, considerada essencial para aumentar a capacidade do aeroporto paulista para atender o crescimento da demanda até a Copa, em 2014. Depois de feita a licitação, a empresa vencedora deverá devolver ao governo federal o montante gasto na obra até o momento em que ela for assumida pelo setor privado.
    Além disso, o Palácio do Planalto foi informado, durante reunião ontem, que as obras de reforma da pista de Guarulhos estarão finalizadas até agosto. O governo também decidiu que a primeira "prefeitura" de aeroporto, responsável pela governança e segurança do local, será também em Guarulhos.
    Depois de reunião com as companhias aéreas, na manhã de ontem, o presidente da Infraero, Gustavo do Vale, afirmou que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deve concluir o estudo de viabilidade sobre as concessões dos cinco novos terminais de aeroportos em até 60 dias.
    Com o estudo, o governo espera ter uma ideia de qual modelo é mais rápido e atende melhor ao interesse público e privado, para lançar os editais até o fim de 2011. Mas ainda não há garantia de que os editais serão publicados neste ano.
    O estudo vai definir como será a parceria entre as empresas privadas e o governo na construção e na operação dos terminais nos aeroportos de Brasília, Guarulhos, Viracopos (Campinas), Galeão (Rio de Janeiro) e Confins (Belo Horizonte).
    Segundo Vale, vários modelos são possíveis: concessão integral, PPP (Parceria Público-Privada) ou concessão administrativa.
    O governo tem a avaliação prévia de que uma PPP seria mais ágil, pois provavelmente não precisaria da atuação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
    Além de Vale, participaram da reunião com as empresas o ministro da Aviação Civil, Wagner Bittencourt, Infraero e a Anac.

     

     

     

     

    O Estado de São Paulo
    04/05/2011

    Aeroportos regionais podem parar
    Na lista de instalações, sem condições de atender aos requisitos de segurança exigidos pela Anac, dez estão no Estado do Amazonas
    Renée Pereira

    Enquanto se discute a capacidade do transporte aéreo das cidades que vão abrigar os jogos da Copa do Mundo de 2014, alguns aeroportos de municípios menores correm o risco de parar por não atenderem requisitos de segurança. Na lista de instalações que podem ter as operações suspensas, estão 14 aeródromos, sendo 2 em Minas Gerais, 1 em Rondônia, 1 no Pará e 10 no Amazonas, segundo informações da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Aéreo Regional (Abetar).

    De acordo com as regras, os aeroportos terão até 31 de dezembro para se equipar com carros de bombeiros, equipamentos de segurança e equipes com profissionais habilitados (2 a 3 bombeiros), afirma o diretor da Abetar, Victor Celestino. A partir dessa data, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) fará a fiscalização de todos os aeroportos para verificar se estão adequados ou não. Em caso negativo, o aeroporto pode parar.

    A intenção da agência é enquadrar as instalações brasileiras aos padrões da Associação do Transporte Aéreo Internacional (Iata). Mas a decisão, bem-vinda para dar mais segurança ao setor, esbarra na incapacidade financeira dos gestores desses aeródromos. A maioria deles é administrado pelas prefeituras locais, que mal conseguem investir em outras melhorias para a população. "Temos visto casos em que os prefeitos têm de escolher se investem em saúde ou nos aeroportos", destaca o diretor da Trip Linhas Aéreas, Evaristo Mascarenhas.

    Segundo ele, o problema pode afetar dez aeroportos da Amazônia, onde a companhia aérea opera. O pior, diz ele, é que na região ou se usa o transporte fluvial (mais demorado e mais barato) ou o aéreo. "Não há outra alternativa." A Anac diz que, por enquanto, não há nenhuma irregularidade no funcionamento dos aeródromos já que eles ainda estão dentro do prazo.

    O problema, dizem especialistas, é que se nada for feito nesse prazo não adiantará de nada, já que as prefeituras não têm dinheiro para fazer os investimentos. "Essas cidades não têm recurso nem para fazer a manutenção dos carros de bombeiro nem para pagar os salários dos funcionários que terão de ficar disponíveis nos aeroportos", diz uma fonte que não quis se identificar.

    Precariedade. Ela conta que há alguns anos, na época do Departamento de Aviação Civil, foram doados para algumas prefeituras carros de bombeiros. Teve prefeito que nem foi buscar porque não tinha condição de mantê-los. O Estado apurou que entre os aeroportos que podem ter problemas no Amazonas estão São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro, Lábrea, Humaitá, Coari e Barcelos, entre outros. No Mato Grosso, na Amazônia Legal, Sinop conseguiu comprar o carro de bombeiro, mas ainda não tem toda a estrutura exigida, diz Celestino.

    Ele avalia que "o problema poderia ser amenizado se os recursos do Programa Federal de Auxílio a Aeroportos (Profaa) pudessem ser usados para fazer esses investimentos". Hoje, afirma ele, os recursos desse fundo são pouco utilizados. Além disso, para liberar o dinheiro, o governo exige projetos tão detalhados e num curto espaço de tempo (40 dias) que ninguém consegue atender às reivindicações. De qualquer forma, mesmo que o fundo fosse liberado, as prefeituras teriam de dar contrapartida.

    A Abetar também realizou um estudo detalhado, que será entregue ao governo federal, com um desenho da aviação regional. No trabalho, a associação mostra a quantidade necessária de dinheiro para estruturar esses aeroportos. Segundo ele, com R$ 2,4 bilhões seria possível ampliar a capacidade de 180 aeroportos regionais de todo o Brasil.

    O executivo acredita que a medida também contribuiria para desafogar os grandes aeroportos. Isso sem contar que, durante a Copa, muitos turistas passarão por essas instalações. Vale lembrar que muitos aeroportos não têm equipamentos de raio X para fazer vistorias nas bagagens dos passageiros.

     

     


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