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    09/04/2024

    Filhos na cabine, cigarro e vírgula: 5 acidentes aéreos com causas absurdas

    Acidentes aéreos são geralmente causados por um conjunto de fatores complexos. Mas, apesar dos rígidos padrões que devem ser seguidos por companhias aéreas e suas tripulações, alguns acidentes surpreendem pelas causas mais estranhas.

    Já houve casos de acidente causado pelo filho do comandante que estava brincando na cabine dos pilotos, uma bituca de cigarro jogada na lixeira do banheiro e até uma vírgula que causou erro no sentido do voo.

    Veja cinco acidentes com causas banais:

    Aeroflot 593 - filhos na cabine

    Com 75 pessoas a bordo, sendo 63 passageiros e 12 tripulantes, o Airbus A310 da companhia aérea russa Aeroflot caiu após o comandante Yaroslav Kudrinsky colocar seu filho de apenas 16 anos em seu lugar durante o voo. Ninguém sobreviveu ao acidente, ocorrido em 23 de março de 1994.

    Mais de quatro horas após a decolagem, os filhos do comandante Yaroslav Kudrinsky resolveram visitar o pai na cabine de comando do Airbus A310. O avião voava no piloto automático, mas quando Eldar, o filho mais velho de 16 anos, sentou na poltrona do comandante os problemas começaram.

    Ao simular que pilotava o avião, Eldar forçou demais os comandos do avião, causando o desligamento do piloto automático. Os verdadeiros pilotos só percebem o problema quatro minutos depois, quando o avião já estava em uma situação incontrolável.

    Varig 820 - cigarro na lixeira

    O Boeing 707 da Varig caiu a apenas cinco quilômetros do aeroporto de Orly, nos arredores de Paris, depois que um incêndio tomou conta do avião no dia 11 de julho de 1973. O jato havia decolado do Rio de Janeiro para Londres, com escala em Paris.

    Pouco antes do pouso na capital francesa, teve início um incêndio em um dos banheiros localizados na parte traseira do avião. O fogo se espalhou para a fiação elétrica, causando uma enorme nuvem de fumaça a bordo. As investigações concluíram que o incêndio começou com uma bituca de cigarro que foi jogada acesa na lixeira do banheiro.

    Mesmo com o incêndio a bordo, os pilotos tentaram pousar o avião, mas a fumaça que tomou conta da cabine impedia a visão dos pilotos. O Boeing 707 fez um pouso de emergência em uma plantação próxima ao aeroporto. Houve 123 mortes e 11 sobreviventes, sendo um passageiro e dez tripulantes.

    Germanwings 9525 - copiloto suicida

    O Airbus A320 da companhia aérea alemã foi jogado contra os alpes franceses pelo copiloto Andreas Lubitz quando fazia o voo entre Barcelona e Dusseldorf (Alemanha). Lubitz aproveitou o momento em que o comandante deixou a cabine para ir ao banheiro para trancar o cockpit e assumir sozinho o controle do avião. O acidente ocorreu no dia 24 de março de 2015.

    Lubitz já havia sido tratado por tendências suicidas, porém não informou à companhia sobre isso. Quando ficou sozinho na cabine, o copiloto se matou**. 143 pessoas que estavam a bordo morreram. O avião desceu cinco quilômetros de altitude em oito minutos até se chocar com os alpes franceses.

    Depois do acidente, diversos órgãos reguladores da aviação pelo mundo passaram a exigir a presença constante de, pelo menos, dois tripulantes na cabine de comando. Caso um dos pilotos precise sair, um comissário deve ficar na cabine.

    National 102 - carga solta a bordo

    A queda do Boeing 747 cargueiro da National Airlines chamou atenção ao ser filmada por uma câmera a bordo de um carro que passava na rodovia próxima ao aeroporto de Bagram (Afeganistão) em 29 de abril de 2013. Logo após a decolagem, o avião levanta o nariz muito além do normal e logo em seguida inicia um mergulho em direção ao solo.

    As investigações mostraram que o acidente foi causado por um erro na hora de amarrar a carga a bordo do Boeing 747. O avião levava cinco veículos militares. Após a decolagem, um deles se soltou e se deslocou para a parte traseira, alterando o centro de gravidade do avião.

    Com a cauda mais pesada, o nariz foi jogado para cima, causando a perda de sustentação do avião e o mergulho em direção ao solo. O Boeing 747 explodiu ao cair, matando os sete tripulantes a bordo.

    Varig 254 - uma vírgula errada

    Em 3 de setembro de 1989, a falta de uma vírgula no plano de voo confundiu os pilotos do voo Varig 254, fazendo com que eles se perdessem sobre a Floresta Amazônica até ficarem sem combustível e caírem.

    Em seu último trecho do voo, o Boeing 737-200 decolou de Marabá (PA) com destino a Belém. O avião deveria seguir no rumo 027 da bússola (ao norte), mas os pilotos direcionaram o avião para o 270 (ao oeste). O erro foi causado por uma falha do plano de voo emitido pela Varig.

    A Varig havia começado a disponibilizar planos de voo computadorizados meses antes do acidente. Até aquela época, utilizavam-se apenas três dígitos para inserir a orientação do rumo que a aeronave deveria seguir. Com os novos planos computadorizados, esse campo passou a contar com uma casa decimal, ficando com quatro dígitos ao todo.

    O plano de voo apontava que os pilotos deveriam seguir o rumo 0270. Como o último numeral era uma casa decimal, o rumo correto era o 027, mas os pilotos interpretaram como rumo 270. Com isso, o voo Varig ficou perdido sobre a floresta durante a noite, voando até acabar o combustível e cair. Das 54 pessoas a bordo, 12 passageiros morreram e 17 ficaram gravemente feridos. Os outros tiveram ferimentos menores.

     

     

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    09/04/2024

    Prejuízos bilionários: como as companhias aéreas se acostumaram a operar no vermelho
    Com margens estreitas e custos relevantes, prejuízos se tornaram corriqueiros; entenda
    Camille Bocanegra

    “Nos anos 1970, no Brasil, existiam dois empregos para vida toda: no Banco do Brasil e na Varig”. A frase, de um executivo que atuou por anos como CEO no setor de linhas aéreas na Europa, ilustra a segurança que havia em torno da primeira companhia aérea criada no Brasil.

    Hoje, o que um dia foi a Varig, após inúmeros percalços financeiros, se transformou na Gol(GOLL4), que está em recuperação judicial (RJ) por meio do Chapter 11. A decretação aconteceu no começo deste ano. Desde então, as ações da companhia aérea desabaram 82% e os papéis foram expulsos do Ibovespa, pela condição de RJ.

    O caso acima exemplifica a dificuldade financeira existente no setor aéreo. Trimestre a trimestre, as companhias amargam prejuízo quando há ajuste no lucro líquido, como foi o caso, também, da Azul (AZUL4) em 2021, 2022 e 2023.

    Dessa forma, a questão que fica é: o setor aéreo se acostumou a voar no prejuízo?

    Prejuízos bilionários

    No caso brasileiro, a margem é, de fato, muito apertada, segundo Enrico Cozzolino, head de análise da Levante. Dentre os números, considera-se 40% de custo em querosene de aviação, de 10% a 12% para funcionários e, entre outros itens, como peso operacional, tarifas, taxas e depreciação, que somam 99% do lucro da companhia.

    Na visão do especialista, por mais que o setor seja bem operado, sempre trabalhará com margem apertada. “Tem diversos planos que as companhias aéreas já revisitaram ao longo dos tempos e vão revisitar novamente, apertar um pouquinho mais ainda o voo para caber mais”, afirma.

    Além disso, a aviação é diretamente impactada por fatores muito voláteis como o dólar e o petróleo, considerando também a concorrência internacional (que apresenta custos diferentes, como 20% de seu custo em querosene para o caso da American Airlines).

    Trata-se, contudo, de um segmento estratégico e há estudos que garantem o retorno de investimento em portos, aeroportos e rodovias na proporção de R$ 50 para cada R$ 1 investido.

    De acordo com o head de análise, pode ser considerado um setor que traz retorno importante para o PIB e que é fundamental para desenvolvimento de nação, explica o especialista.

    Justamente por isso que quanto mais consolidação for, melhor, segundo Cozzolino. “Não tem, de fato, espaço para todo mundo e não à toa que as companhias aéreas, no final das contas, muitas dessas acabam quebrando, falindo ou se juntando”, afirma.

    “É um jogo de escala e operar, obviamente, no micro, aqueles indicadores assento por quilômetro, taxas de ocupação, o custo operacional por assento por quilômetro”, comenta Cozzolino.

    Azul em vantagem

    Os aspectos micro são justamente os pontos que baseiam a tese de investimento na Azul (AZUL4) da Levante. A redução de custos operacionais, a escalabilidade, a iniciativa de realização de promoções e eventos para melhorar a ocupação em sazonalidade adversa são alguns dos aspectos elencados pelo estrategista.

    Do lado macro, a desvalorização do real frente ao dólar dificulta as operações da companhia, assim como o custo aumentado do querosene de avião. Os entraves abarcam não somente a Azul mas sim todas as companhias locais.

    Para além do prejuízo e de indicadores tradicionais do mercado, há alguns específicos como o ASK (que é o Available Seat Kilometre, ou seja, a oferta para olhar quanto de assento tem disponível) e o RPK (Receita Passageiro Quilômetro) que auxiliam no entendimento dos números das companhias aéreas.

    Dentre os aspectos analisados, estão “a diluição dos custos fixos, a escalabilidade no negócio, tentar tirar vantagens, muitas vezes com consolidação, fusões, aquisições e sobreposições de rotas entre as companhias”, considera o especialista.

    “Em números, quando a gente vai falar de margem operacional das companhias no último trimestre, Azul gira em torno de 13, já Gol em torno de 23%. O dado varia muito de trimestre a trimestre”, diz Cozzolino.

    Há uma série de variações que tornam os múltiplos das companhias pouco projetáveis, considerando a alta oscilação apresentada no setor.

    Lá fora não é muito diferente

    “Eu diria que é capaz de ser uma das indústrias mais difíceis do mundo porque está rodeada de muitas variáveis que nós não controlamos. Por isso, normalmente uma companhia aérea para arrancar precisa de muito capital”, comenta Eugenio Fernandes, que atuou como CEO na EuroAtlantic Airways e hoje administra empresa própria de consultoria e intermediação de negócios, na área da avião, em especial na venda/aluguel de aeronaves e fornecimento de serviços, essencialmente, combustível e peças.

    A visão do executivo sobre o negócio em escala internacional (em especial, na Europa) é similar ao observado no Brasil, como negócio de pequena margem e muito sujeita a variáveis.

    Ainda assim, Fernandes rechaça a ideia de que é um setor que dá apenas prejuízo, desde que gerido muito de perto. Além disso, há a dinâmica de muito crescimento nas companhias, com investimentos e expansão difíceis de manter sem que haja capital sempre disponível para tanto.

    Algumas das dificuldades enfrentadas lá fora, no entanto, são um pouco diversas, como movimentação de sindicatos.

    “Qualquer aumento do preço do combustível, qualquer tremor de terra, qualquer revolução num país, faz com que o prejuízo venha muito rápido, porque é um negócio de volumes muito grandes e de margens muito pequeninas. E, por isso, se o negócio não for gerido na ponta do lápis, independentemente de qual seja a dimensão da companhia, a probabilidade de dar prejuízo é grande”, resume o executivo.

    Fusão Gol e Azul

    Em meio à crise da Gol, mês passado, foram fortes os rumores quanto à uma fusão dela com a Azul, após notícia da Bloomberg informar que a negociação estaria em curso. Entretanto, a Azul afirmou que não negociou qualquer acordo de compra da concorrente no Brasil.

    Pelo sim, pelo não, analistas calcularam de quanto poderiam ser as sinergias operacionais com a fusão entre a companhias, que poderiam somar algo como R$ 1,3 bilhão e R$ 1,7 bilhão por ano.

     

     


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