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  • Valor Econômico
    22/04/2013

    Boeing tenta reaver a confiança no 787
    Andy Pasztor

    A decisão dos reguladores americanos de autorizar que os 787 Dreamliners voltem a voar encerra três meses de uma estratégia por vezes dramática que a Boeing adotou para demonstrar a segurança da aeronave e para salvar seu principal produto. O trabalho da Boeing para melhorar o sistema de baterias de íon de lítio desde que duas delas pegaram fogo, em janeiro, marcou um dos esforços mais notórios e arriscados da história da indústria aeronáutica para adaptar um avião já em produção.

    Na sexta-feira, a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), autoridade dos Estados Unidos que regula o setor aéreo, anunciou a aprovação do novo redesenho do sistema de baterias do 787. O chefe da FAA, Michael Huerta, disse que os especialistas da agência supervisionaram "testes rigorosos" e se "dedicaram por semanas à revisão da análise detalhada" para garantir a segurança do novo sistema. A decisão abre caminho para a FAA divulgar ordens detalhadas nesta semana para as companhias aéreas concluírem alterações nos cerca de 50 Dreamliners já entregues. As mudanças incluem melhorias internas para a bateria e uma nova caixa de contenção.

    As aeronaves, que estão impedidas de voar desde a metade de janeiro, serão autorizadas a retomar os voos com passageiros depois que a FAA e órgãos reguladores de outros países aprovarem os ajustes. Espera-se que os reguladores estrangeiros sigam o exemplo da agência americana. Mas o restabelecimento dos voos depende, no final, de cada uma das oito companhias aéreas que operam com o jato atualmente. Por exemplo, a LAN Airlines, do Chile, espera ter de volta no ar pelo menos um de seus três Dreamliners no fim de maio. Já as duas aéreas japonesas que receberam quase metade dos 787 em serviço, Japan Airlines Co. e All Nippon Airways Co., não retomarão seus voos antes de junho, de acordo com executivos do setor.

    Imagens de baterias queimadas - uma das quais provocou um pouso de emergência e a evacuação dos passageiros de um 787 no Japão - mancharam a reputação de um avião que os executivos da Boeing tinham dito ser crucial para o futuro da empresa.

    A Boeing não revelou o custo de ter em terra os 787 já entregues, mas analistas dizem que a fabricante pode ter de pagar indenizações a clientes. A suspensão dos voos também impediu a entrega de novos Dreamliners, atrasando centenas de milhões de dólares em receita para Boeing.

    A Boeing agora precisa focar em convencer seus clientes e passageiros de que a aeronave é segura e confiável.

    A aprovação da FAA abre caminho para nós e as companhias aéreas darmos início ao processo de retomar os voos do 787 com confiança na segurança desse incomparável avião, disse o diretor-presidente da Boeing, Jim McNerney.

    Alguns executivos de companhias aéreas temem que, pelo menos no início, "os passageiros possam ter uma reação exagerada", disse o diretor-presidente da Polish Airlines AS, Sebastian Mikosz, que opera dois Dreamliners. "Vamos insistir na mensagem de segurança."

    A expectativa é de que a Boeing tenha um papel secundário no marketing do 787 para os passageiros, segundo oficiais do setor a par do problema. A principal tarefa da Boeing será ajudar as companhias aéreas a elaborar suas próprias táticas de relações públicas para reintroduzir o jato ao público.

    Executivos da empresa e veteranos do setor estão convencidos de que o melhor antídoto para as questões de segurança do Dreamliner pode ser simples: vários meses consecutivos de serviços rotineiros sem um único caso de emergência com as baterias.

    Ser muito agressivo no início, quando muitos passageiros podem ter esquecido os incidentes de janeiro, pode ir contra a meta final deles, que é tranquilizar o público, disse Sally Ray, especialista em comunicação de crise e reitora regional da universidade Western Kentucky.

    Logo após a suspensão dos voos, os executivos da Boeing disseram às autoridades da FAA que algumas mudanças simples poderiam ser suficientes para resolver o problema.

    Mas, segundo pessoas a par das deliberações do governo, a FAA e o secretário de Transportes dos EUA, Ray LaHood, pediram salvaguardas adicionais. Foi então que os engenheiros da Boeing ajustaram o conceito de uma caixa de contenção, o que consideraram uma solução praticamente infalível.

    A caixa suporta temperaturas mais elevadas do que a do modelo anterior e impede o vazamento de químicos perigosos. Ela também ventila fumaça para o exterior da aeronave e, em caso de sobreaquecimento, suga automaticamente o oxigênio da bateria para eliminar qualquer incêndio em uma fração de segundo.

     

     

    Valor Econômico
    22/04/2013

    Anac mantém índice de pontualidade para reorganizar voos
    Leandra Peres e Daniel Rittner

    A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) pretende manter os índices de pontualidade como um dos critérios para a redistribuição de slots (autorizações de pousos e decolagens), mesmo enfrentando resistências das empresas aéreas que temem perder espaço nos aeroportos mais disputados do país por problemas alheios às suas operações. As novas regras para a divisão dos slots deverão sair até o fim do primeiro semestre, conforme prevê a superintendente de regulação econômica da agência, Danielle Crema.

    O primeiro terminal a receber classificação de aeroporto coordenado, ficando sujeito à redistribuição de espaços entre as empresas, é o Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Atualmente, só a divisão de slots no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, é coordenada pela Anac. Um processo específico de revisão das regras naquele terminal, permitindo maior acesso de companhias com baixa presença em Congonhas, está sendo conduzido pela Secretaria de Aviação Civil. Outro processo, mais abrangente, é tratado pela agência reguladora.

    Para não punir indevidamente as companhias, a Anac pretende revisar suas normas para expurgar, dos índices de pontualidade, todos os voos com atrasos por problemas meteorológicos ou outros motivos não-operacionais, como a saturação do controle de espaço aéreo. "Só vamos considerar o que for falha operacional da própria empresa", disse a superintendente. A Anac não quer abrir mão, no entanto, da exigência de pontualidade por acreditar que é um dos critérios necessários para estimular o uso eficiente da infraestrutura aeroportuária. "Queremos induzir comportamentos, sem gerar instabilidade para os negócios de ninguém", completou Danielle.

    As simulações da agência indicam que a preocupação das aéreas pode estar superdimensionada. Com base no histórico recente de voos em Guarulhos, o aeroporto mais movimentado do país, foi feito um exercício para verificar qual seria a redistribuição de slots na hipótese de ser adotado um índice mínimo de 80% de regularidade (voos não cancelados) e de 75% de pontualidade (atrasos não superiores a uma hora). O resultado das simulações apontou que as companhias com presença em Guarulhos perderiam só 0,2% de seus slots atuais por falta de pontualidade e 8,2% por cancelamentos.

    Portarias específicas da Anac vão definir, caso a caso, os índices de regularidade e de pontualidade exigidos em cada aeroporto para não tirar slots das companhias. Isso ocorrerá apenas depois da resolução definitiva sobre o assunto. A minuta já passou por audiência pública, na qual as empresas aéreas contestaram o uso dos voos atrasados como critério.

    O uso das regras de pontualidade na distribuição de slots é criticada pelas empresas aéreas, mas tem apoio das administradoras de aeroportos. Ricardo Echevarne, diretor Econômico e de Programas de Desenvolvimento da ACI World, associação que representa as principais operadoras de aeroportos, disse que "medidas que aumentam a eficiência dos aeroportos são sempre muito bem vindas" e que estão satisfeitos porque a Anac tem ouvido os operadores, que são parte importante do sistema, na definição das novas regras.

     

     

    Valor Econômico
    22/04/2013

    Agência avalia malha da Gol e oferta
    Alberto Komatsu

    A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) avalia o impacto da reestruturação da malha de voos da Gol, promovida no dia 23 de fevereiro, sobre a sua oferta de assentos. Na quarta-feira, a Anac divulgou dados de desempenho operacional da Gol diferentes dos resultados informados pela própria companhia. Pela Anac, a Gol registrou aumentos de 5,44% na oferta e de 6,34% na demanda, nas respectivas comparações anuais.

    Segundo a Gol, a sua oferta de março teve redução de 9,7% ante o mesmo mês de 2012. E a demanda mostrou recuo de 11% na mesma base de comparação. A Gol consolidou os dados operacionais da Webjet no seu desempenho de março de 2012. A Anac manteve os dados da Webjet isolados da Gol.

    A Webjet foi adquirida pela Gol em julho de 2011, mas a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) só foi dada em outubro do ano passado.

    O fato de a Anac haver apresentado os dados da Gol e Webjet separadamente não explicam o fato de a Gol ter crescimento de oferta em março de 2013, informou a Anac. Estamos avaliando até que ponto a reestruturação da malha da Gol pode ter provocado um aumento de oferta, acrescentou.

     

     


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