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  • Portogente
    03/12/2012

    Fim da Webjet diminui mercado para pilotos
    Agência Estado

    O piloto Derek Medeiros, de 26 anos, não tinha medo de ficar desempregado quando começou a voar, há quatro anos. Ele iniciou sua carreira em um momento bem diferente da aviação brasileira, quando as companhias aéreas disputavam tripulantes para pilotar as aeronaves que não paravam de chegar. Mas, neste ano, o cenário mudou. Medeiros é um dos 850 profissionais que perderam o emprego com o fim da Webjet, anunciado no último dia 23, e teme não conseguir mais voar no Brasil.

    O temor faz sentido. O setor aéreo deve fechar 2012 com menos pilotos contratados do que em 2011, segundo números das quatro principais empresas do setor. Essa será a primeira vez que haverá retração de vagas para esses profissionais desde 2007, quando o setor perdeu parte dos pilotos da Varig, que havia parado de voar no ano anterior. "Quero continuar a voar no Brasil e chegar a ser comandante. Mas, se não conseguir, vou tentar emprego no exterior", diz Medeiros.

    As quatro maiores empresas do País - TAM, Gol/Webjet, Azul/Trip e Avianca - empregam hoje 5,8 mil pilotos, cerca de 200 a menos que em 2011, segundo levantamento feito com base em dados das empresas e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

    Essa redução na equipe é puxada pela Gol, que chega ao fim deste ano com 1.565 pilotos, exatos 591 a menos do que empregavam Gol e Webjet em 2011. Em comunicado, a empresa atribuiu as demissões à redução da malha no primeiro semestre deste ano, quando cortou cerca de 100 voos para se readequar a uma demanda menor.

    O Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), que representa a categoria, estima que existam atualmente entre 500 e 800 pilotos desempregados no Brasil. "Estão sobrando pilotos no Brasil", disse o presidente do SNA, Gelson Fochesato.

     

     

    Valor Econômico
    03/12/2012

    Operadora francesa ADP planeja disputar concessão do Galeão
    Daniel Rittner

    Mesmo sem o anúncio oficial de novas concessões de aeroportos no Brasil, a operadora francesa Aéroports de Paris (ADP) já se prepara para entrar na disputa pelo Galeão (RJ), mas faz uma ressalva: não está disposta a entrar em um negócio que tenha a Infraero como sócia majoritária.

    "É importante ter autonomia para nomear funcionários e definir investimentos", afirma o diretor de projetos internacionais da ADP, Emmanuel Coste. Segundo ele, o grupo francês considera "interessantes" os dois aeroportos que deverão estar na próxima rodada de concessões - Galeão e Confins (MG) -, mas não esconde sua preferência. "O Rio oferece mais possibilidades de turismo, de negócios e de crescimento."

    No fim de agosto, a ADP foi uma das grandes operadoras europeias sondadas pelo governo brasileiro para entrar no Galeão ou em Confins, com participação de 20% a 49%. Diferentemente dos três primeiros aeroportos concedidos à iniciativa privada, a Infraero seria majoritária, conforme a proposta. Os ministros da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, foram explicar pessoalmente a proposta.

    Na escala em Paris, Gleisi e Bittencourt ouviram que a ADP não tem nenhum interesse em assumir uma posição minoritária no Brasil. "Nós deixamos isso bastante claro", enfatiza Coste. A posição majoritária a que se refere o executivo, como pré-requisito para disputar a entrada no Galeão, não é necessariamente em voo solo - ele admite a formação de um consórcio com a Schiphol, administradora do aeroporto de Amsterdã com a qual a ADP tem uma associação estratégica, além de empresas brasileiras. Só recusa um negócio em que a fatia da Infraero seja maior do que 50%.

    Em fevereiro, em que foram leiloados três aeroportos, a ADP participou da disputa por Guarulhos. Ela atuou em parceria com a construtora brasileira Carioca Christiani-Nielsen. A Schiphol, que fez uma troca de ações com o grupo francês e hoje detém uma fatia de 8% em sua composição societária, também integrava o consórcio. Da mesma forma, a ADP tem 8% da holandesa. Foi um acordo que se seguiu à fusão das companhias aéreas Air France e KLM, as maiores da França e da Holanda, respectivamente.

    A oferta por Guarulhos ficou no patamar de R$ 6 bilhões - muito distante da proposta vitoriosa, do consórcio liderado pela Invepar, que atingiu R$ 16,2 bilhões. Coste explica que o "prazo exíguo" para as obras de ampliação do aeroporto, até a Copa do Mundo de 2014, implicava riscos e diminuiu o apetite da ADP no leilão. "Acreditávamos no aumento de tráfego e na possibilidade de elevar as receitas comerciais de Guarulhos, mas havia riscos para a nossa imagem", diz o executivo, referindo-se aos eventuais reflexos de não concluir as obras no cronograma exigido.

    Coste não quis informar se a Carioca Engenharia continua sendo uma parceria preferencial para o Galeão. Ele citou as descobertas da Petrobras, na área de petróleo e gás, como um dos impulsos que o aeroporto carioca pode ter com voos internacionais. Para a ADP, o potencial de negócios nos terminais de passageiros do Galeão é pouco aproveitado. O executivo ilustra essa subutilização com o Luxor, hotel localizado dentro do aeroporto, que considera "muito ruim".

    A diferença com o aeroporto parisiense Charles de Gaulle, o maior sob administração da ADP, é gritante. Ele tem seis hotéis em suas próprias instalações ou no entorno, com acesso por um moderno monotrilho, incluindo redes do porte de Sheraton, Hilton e Ibis. Além disso, centros comerciais e edifícios com escritórios se instalaram nas imediações, em área de propriedade da empresa. Como resultado, ela tem receitas anuais de € 241 milhões só com a exploração imobiliária, o que representa 8% do faturamento. Para efeito de comparação, essa cifra se aproxima de todo o lucro que foi verificado pela Infraero no ano passado.

    O Charles de Gaulle registrou movimento de 61 milhões de passageiros em 2011, mas sua capacidade é para 75 milhões, com conforto. "A nossa meta é nos tornarmos o primeiro aeroporto da Europa", afirma Franck Goldnadel, diretor do Charles de Gaulle, buscando tirar o posto ocupado hoje por Heathrow (Londres).

    De uma estação do TGV (trem de alta velocidade) dentro do aeroporto, há conexões para cidades de todo o interior da França. Da movimentação total, 42% são de passageiros de voos de ou para a própria Europa, enquanto 38% são de destinos internacionais (extra-europeus). Existem quatro pistas e três terminais.

    A última ampliação do terminal 2, inaugurada em junho, tem uma área de 4,8 mil m2 de lojas e 1,2 mil m2 de bares e restaurantes. Grifes como Prada, Gucci, Hermès, Rolex e Ladurée estrearam lojas próprias. O Espaço Museu, que será aberto no dia 13 de dezembro, vai abrigar exposições em parcerias com instituições de Paris. A primeira exposição terá objetos do Museu Rodin.

    Cotada na Bolsa de Paris desde 2004, a ADP viu suas ações subirem mais de 30% nos últimos seis anos, enquanto o índice que capta a variação das 40 maiores empresas listadas caiu 22%. O controle ainda é do governo francês, mas a abertura de capital foi o "ponto de inflexão" para modernizar a empresa, segundo seus diretores. A partir daí, houve um impulso ao processo de internacionalização da ADP, que hoje administra 25 aeroportos fora da França. Estão nesse grupo 13 terminais no México - como Monterrey e Acapulco -, o aeroporto de Argel (Argélia), o de Zagreb (Croácia) e o de Amã (Jordânia).

    Neste ano, o grupo francês também comprou uma participação de 38,6% da TAV Airports, a operadora de aeroportos da Turquia, dona de 12 terminais, incluindo o de Istambul, o 30º maior do mundo, cuja movimentação alcançou 37,5 milhões de passageiros em 2011 - mais do que Guarulhos, por exemplo.

    O repórter viajou a convite da Embaixada da França no Brasil

     

     

    Valor Econômico
    03/12/2012

    Egis reforça disposição de permanecer em Viracopos

    O grupo francês Egis, que detém participação de 10% na nova concessionária responsável pela administração de Viracopos (SP), demonstra irritação quando fala sobre a desconfiança de setores do governo brasileiro sobre sua capacidade de operar o aeroporto. "Não temos nenhuma vontade, nenhuma razão, para vender a nossa participação em Viracopos", afirma Christian Rognone, diretor-geral da Egis Airport Operation, o braço de operações aeroportuárias da companhia.

    Rognone garante que, nos contatos com a Infraero e com a Secretaria de Aviação Civil, não tem enfrentado contestações. Ele se mostra indignado, no entanto, com "certas pressões políticas dos que perderam" a disputa pelo aeroporto. No leilão de fevereiro, um consórcio liderado pela Odebrecht - com participação da operadora Changi (de Cingapura - apresentou a segunda melhor proposta. Depois, apresentou recursos administrativos que apontavam supostos problemas na documentação da Egis, mas as alegações não foram aceitas pelas autoridades brasileiras.

    Outra reclamação dizia respeito à limitada experiência da Egis, que só administra aeroportos médios ou pequenos. O maior deles, o de Larnaca (Chipre), recebeu 5,6 milhões de passageiros no ano passado. O número mínimo para participar do leilão, como operadora de um dos grupos, era de 5 milhões de passageiros.

    Mesmo depois da assinatura do contrato de concessão e de ter assumido as operações de Viracopos, em 14 de novembro, a Egis ainda enfrenta certa desconfiança de alas do Palácio do Planalto. Auxiliares da presidente Dilma Rousseff ainda sonham com uma mudança societária e com a entrada da alemã Flughafen München, que presta consultoria à concessionária, como operadora.

    Para o executivo francês, se isso ocorrer, será um sinal de "insegurança jurídica". "O que mais precisamos fazer para demonstrar que somos uma companhia séria?", irrita-se Rognone. Ele diz que a própria operadora de Munique não deseja comprar participação acionária em Viracopos, mas acredita que não é esse o ponto. "Respeitamos o critério escolhido pela Anac. Se tivessem dito que era necessário ter experiência em um aeroporto com 30 milhões de passageiro por ano, não teríamos participado (do leilão)", acrescenta Francis Brangier, o diretor-adjunto da Egis.

    Para demonstrar a qualidade dos projetos do grupo, os diretores apresentam um portfólio de grandes obras tocadas pela Egis, em vários continentes. Elas englobam empreendimentos imobiliários (a nova sede do Ministério da Defesa da França), cerca de 600 quilômetros de linhas de veículos leves sobre trilhos (de cidades como Bordeaux e Dublin) e o primeiro trem de alta velocidade do Marrocos (Kenitra-Tânger).

    A companhia também opera 12 aeroportos pelo mundo, que somam 20 milhões de passageiros por ano, além de 430 mil toneladas de carga. São operações no Chipre, Costa do Marfim, Gabão, Congo e Polinésia Francesa.

    No Brasil, a Egis pretende expandir suas atividades, nos próximos anos. Em 2012, espera atingir um faturamento de € 25 milhões. Em junho, finalizou a aquisição da brasileira Aeroservice, especializada em consultoria aeroportuária e engenharia de projetos. A ideia da Egis é reforçar sua atuação na elaboração de planos diretores (master plans) não só para aeroportos da Infraero, mas para a própria concessionária Aeroportos Brasil, que administra Viracopos.

    No dia 15 de novembro, um dia após ter assumido plenamente as operações de Viracopos, a concessionária assinou um contrato de R$ 15 milhões com a Aeroservice. São três atividades diferentes abrangidas pelo contrato: supervisão das obras de ampliação da capacidade, operação aeroportuária e estudos para a chegada de um trem expresso nas proximidades do terminal.

    Com sua aquisição pela Egis, a Vega do Brasil, tradicional empresa curitibana de projetos ferroviários, aumentou seu faturamento de R$ 18 milhões em 2007 para R$ 42 milhões em 2011. Os franceses esperam as licitações de dez quilômetros de ferrovias, do Plano de Investimentos em Logística (PIL), para elevar ainda mais seus negócios em 2012. A intenção principal é elaborar os projetos de engenharia para os vencedores dos leilões. Um dos últimos trabalhos da Vega foi o projeto de duplicação da Estrada de Ferro Carajás (EFC), da Vale. (DR)

     

     


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