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  • Valor Econômico
    11/10/2012

    Para Cade, Gol precisa ser mais eficaz no Santos Dumont
    Cade quer índice de uso de 85% para pousos e decolagens; Anac exige 80%
    Murilo Rodrigues Alves

    Depois de mais de três horas e meia de análise, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, ontem, a compra da Webjet pela Gol, com uma restrição. As duas companhias terão de manter um índice de utilização mínima de 85% dos slots (horários de pouso e decolagem), na média por trimestre, no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

    Se as companhias não cumprirem esse acordo em um determinado voo, firmado por meio de um Termo de Compromisso de Desempenho (TCD), terão de devolver esse par de slots - um de pouso e um de decolagem. "Com a decisão, a companhia adotará medidas operacionais com foco em promover maior eficiência e melhores serviços aos clientes", informou a Gol, por meio de comunicado.

    Segundo o conselheiro Ricardo Ruiz, relator do processo, Gol e Webjet detêm atualmente 142 slots por dia, de segunda a quinta-feira, no Santos Dumont, sendo 110 da Gol e 32 da Webjet. O percentual de eficiência acordado entre as empresas e o Cade é "bem superior ao nível atual", disse Ruiz.

    As regras atuais da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determinam uma taxa de eficiência de 80%, na média trimestral, sob pena de perder um slot. Em setembro, segundo a Anac, a Gol programou 835 voos na ponte aérea, mas cancelou 13% deles. O índice de atrasos superiores a 30 minutos foi igualmente de 13%. Acima de 60 minutos, a taxa foi de 3%.

    "A ociosidade no Santos Dumont passa a ter um custo para essas empresas: ou elas vão perder o slot ou vão ter que operar com o avião vazio", disse Ruiz. Como consequência para não levantar voo com avião vazio, as empresas provavelmente vão vender passagens mais baratas, acredita o Cade. Segundo Ruiz, a Gol voa com média de 70% de ocupação.

    A exigência é apenas para o Santos Dumont porque, na análise do Cade, somente lá não haveria a oportunidade de outra empresa do porte da Webjet se instalar. Uma medida paliativa a essa, mas que não foi acatada pelo Cade, era as duas empresas devolverem em torno de 24 slots diários do Santos Dumont para que uma outra companhia passasse a utilizá-los.

    Ruiz afirma que a meta para o Santos Dumont vai surtir efeito no aeroporto de Congonhas, uma vez que 43% dos voos com origem no primeiro tem como destino o segundo, e vice-versa. "Só não sei qual vai ser a intensidade de eficiência em Congonhas".

    O Cade optou por esse "remédio" ao descobrir que as empresas, não apenas Gol e Webjet, estão administrando os slots para que as rivais não os utilizem. "Do ponto de vista concorrencial, isso é um problema porque é uma estratégia de bloqueio à entrada de outras companhias", afirmou Ruiz.

    A compra da Webjet pela Gol foi firmada em agosto de 2011. O preço inicial total era de R$ 310,7 milhões, sendo R$ 214,7 milhões em dívidas e R$ 96 milhões de desembolso ao ex-dono, o empresário Guilherme Paulus. Em março, a compra foi fechada por R$ 43 milhões, menos da metade da quantia inicial prevista para Paulus.

    No dia 26 de setembro, Ruiz pediu o adiamento do caso, que considerava "complexo", para dar mais tempo para os outros conselheiros do Cade analisarem o processo. A Anac já havia dado aval à fusão, apesar de reconhecer que a operação eleva a parcela de mercado que já é muito concentrado. Para a agência, a fusão, em tese, resultaria em uma empresa capaz de concorrer com as demais companhias e poderia reduzir os preços das passagens áreas. (Colaborou Alberto Komatsu, de São Paulo)

     

     

    Valor Econômico
    11/10/2012

    American terá 30% mais voos no Brasil
    Alberto Komatsu

    Enquanto desativa voos na Europa, para destinos como Bruxelas e Budapeste, a American Airlines, em concordata desde novembro de 2011, vai aumentar em 30% a oferta de voos no Brasil, até o fim deste ano. Serão 111 voos por semana, ante os atuais 85, consolidando a liderança como a aérea estrangeira com a maior quantidade de voos no país.

    A portuguesa TAP tem a segunda maior operação no mercado brasileiro, com 74 frequências por semana para a Europa.

    O aumento de voos da American para o Brasil faz parte de um programa mais amplo, de investir em mercados emergentes, principalmente na América Latina.

    "Não vamos esperar o 'open skies', no Brasil, para aumentar a nossa operação por aqui", diz o diretor da American no Brasil, Dilson Verçosa. O acordo de "céus abertos" entre o Brasil e os Estados Unidos foi assinado em março de 2011. Por esse acordo, em outubro de 2015 as companhias aéreas brasileiras e americanas não terão limite de voos semanais. Antes disso, a cota para cada lado era de 105 frequências por semana, estabelecida por meio de acordo bilateral entre os governos de cada país.

    As aéreas dos EUA já vinham operando voos no teto do limite. A cota brasileira nunca foi preenchida. Atualmente, só a TAM opera voos regulares para o mercado americano - são 76 por semana.

    Até outubro de 2015, quando começa o "open skies", ficou estabelecida uma flexibilização anual da cota equivalente a 14 voos (além dos 105) chegando a 147 voos por semana até outubro de 2015. Para São Paulo, porém, só serão liberadas novas frequências no aeroporto internacional de Guarulhos a partir de outubro de 2013.

    Os atuais 85 voos por semana da American, no país, incluem a segunda frequência diária entre São Paulo e Nova York, inaugurada na semana passada. Até o fim de outubro, a companhia vai operar quatro voos por semana entre Brasília e Miami. Ainda neste mês, a American vai inaugurar três frequências semanais entre Belo Horizonte e Miami. A taxa média de ocupação dos aviões, no país, está em 80%, diz Verçosa.

    Em meados de novembro, a American vai desmembrar a rota Miami-Salvador-Recife em voos diretos de Miami para Salvador e para Recife cinco vezes por semana. A companhia também vai operar voos temporários, durante a alta temporada, de 14 de dezembro a 1º de março. São rotas como Rio de Janeiro-Dallas, três vezes por semana, e mais três voos adicionais entre São Paulo e Dallas.

    Das 111 frequências que a American vai operar no país até o fim deste ano, 11 serão temporárias, disse Verçosa.

    A American está reduzindo a operação na Europa, mas continua operando por lá por meio de acordos com a British Airways. Na América Latina, além de ampliar a operação no México, a partir de 15 de novembro a American vai abrir rota entre Assunção e Miami.

    "Vamos sair mais rápido do processo de reestruturação do que prevíamos", afirmou Verçosa, ao responder sobre a concordata da American. Segundo ele, a American sairá do chamado "Chapter 11" (equivalente à brasileira recuperação judicial) até o fim do primeiro trimestre de 2013.

    "Entramos em processo de recuperação com US$ 4,5 bilhões em caixa. Não precisamos pedir dinheiro a ninguém", lembra Verçosa. O último resultado financeiro da American, referente ao segundo trimestre de 2012, mostra prejuízo acumulado no primeiro semestre de US$ 1,9 bilhão, ante US$ 722 milhões de igual período do ano passado. A empresa tinha US$ 5,8 bilhões em caixa.

    Entre as demais companhias aéreas americanas que operam no país, a US Airways tem planos de inaugurar um voo diário entre São Paulo e Charlotte, mas não obteve horários de pouso e decolagem que a agradaram. A US Airways já opera uma frequência diária entre o Rio e Charlotte. A United Continental, por sua vez, não tem plano de aumentar a operação no país. A companhia tem aumentado a oferta em voos existentes.

     

     

    Folha de São Paulo
    11/10/2012

    Cade impõe meta para Gol se unir à Webjet
    Empresa aérea pode cancelar no máximo 15% dos voos no Santos Dumont, no Rio, por trimestre ou perde a vaga - Exigência visa impedir que companhia deixe parte dos horários ociosos e impeça a entrada de novos rivais

    Para poder integrar suas operações com as da Webjet, cuja compra foi anunciada em julho de 2011, a Gol terá que se comprometer a limitar a 15% os cancelamentos de cada um de seus horários de voos previstos no aeroporto Santos Dumont, no Rio.

    A exigência foi imposta ontem pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que aprovou por unanimidade a compra, anunciada pela Gol em julho do ano passado.

    Como punição, caso não alcance esse patamar mínimo de eficiência, a Gol será obrigada a devolver à Anac 2 dos 142 slots que as duas companhias possuem, juntas, no Santos Dumont -cada slot é uma permissão para realizar um pouso ou uma decolagem por dia no aeroporto.

    Os slots são distribuídos pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil, que é o órgão regulador do setor) e considerados um valioso ativo pela indústria.

    A companhia aérea assinou um Termo de Compromisso de Desempenho, pelo qual se prontifica a alcançar a eficiência mínima de 85% no uso dos slots no aeroporto carioca, por trimestre.

    De acordo com Ricardo Machado Ruiz, conselheiro do Cade e relator do caso, a medida é uma forma de evitar que a Gol deixe horários ociosos no Santos Dumont e impeça a entrada de novos concorrentes.

    "Até agora a empresa não tinha custo nenhum caso decidisse não usar aquele horário. O custo agora é a perda do slot. Isso vai estimular a Gol a vender. Ela vai ter de encher o avião para não cobrir o custo de movimentação da aeronave, que é alto", diz.

    "Pelos níveis de operação da Gol hoje, isso significa chegar a 70% de ocupação", complementa Ruiz.

    Dos 20 aeroportos analisados pelo Cade para medir o impacto da operação de compra, apenas Santos Dumont e Congonhas, em São Paulo, não comportariam a entrada de um novo competidor do porte da Webjet, por já operarem no limite de sua capacidade.

    A contrapartida para a aprovação da fusão ficou restrita ao Santos Dumont, já que no aeroporto de Congonhas a Webjet operava apenas aos finais de semana e sua contribuição para o tráfego total era muito pequena.

    Caso a Gol não concordasse com a assinatura do Termo de Compromisso, a empresa teria de devolver pelo menos 24 slots à Anac para viabilizar a entrada de um novo concorrente, explicou Ruiz.

     

     

    O Estado de São Paulo
    11/10/2012

    Compra da Webjet pela Gol é aprovada
    Cade exigiu maior regularidade nos voos partindo do aeroporto Santos Dumont
    EDUARDO RODRIGUES - GLAUBER GONÇALVES

    Um ano e três meses após o anúncio da compra da Webjet pela Gol, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica deu ontem seu aval para a operação. Para aprovar o negócio, o órgão fez uma restrição à operação. Um acordo firmado com a Gol/Webjet obriga a empresa a manter um alto nível de regularidade (de 85%) nos serviços oferecidos a partir do aeroporto Santos Dumont, no Rio, que está com a capacidade esgotada para a entrada de novos competidores.

    Na prática, os voos da ponte aérea Rio-São Paulo que partem e chegam ao aeroporto terão de decolar independentemente de sua lotação. A expectativa do órgão é que o acordo ajude a baixar os preços das passagens nesse trecho.

    Segundo fontes, o diretor de Recursos Humanos da Gol desembarca amanhã no Rio, onde está a sede da Webjet, para tratar de detalhes da integração. O Sindicato Nacional dos Aeronautas diz que funcionários da Webjet já vêm sendo desligados nas últimas semanas. A entidade que representa os aeroviários também diz temer demissões.

    A aprovação pelo Cade se dá num momento bem mais complicado para o setor aéreo do que na época do fechamento do negócio. De lá para cá, o real se desvalorizou e o preço do combustível subiu, levando a Gol a um prejuízo acumulado de R$ 750 milhões no primeiro semestre de 2012.

    Economia. Antes tida pelo mercado como uma empresa pequena e com aviões velhos, a Webjet começou a ser vista pela nova dona como um modelo para redução de custos. A venda de lanche a bordo, prática introduzida pela Webjet no mercado brasileiro, foi levada para a Gol.

    Um mês após revelar que estava comprando a concorrente, a Gol era líder em participação do mercado doméstico. Somando-se a fatia da controlada, a empresa tinha uma vantagem de mais de 6% sobre a TAM. Porém, com os atuais percalços, a empresa vem perdendo espaço e, hoje, nem mesmo computando a participação da Webjet, consegue superar a TAM. Dados de agosto mostram a líder com 40,55%, contra 39,14% da Gol/Webjet.

    Até o momento, não foi revelado qual será o destino da empresa adquirida. Após o anúncio do negócio, em julho do ano passado, o então presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, deu uma série de declarações contraditórias sobre o futuro da Webjet, mostrando que a empresa tinha dúvidas sobre o que fazer com sua nova controlada.

    Logo após a compra, o executivo disse que a marca Webjet sumiria depois da aprovação do negócio pelo Cade. Meses depois, recuou e declarou que, mesmo após o sinal verde, as operações poderiam continuar separadas. Depois, a Gol, que se diz uma empresa de baixo custo e baixa tarifa, cogitou transformar a empresa adquirida em uma "ultra low cost", tendo como inspiração a irlandesa Ryan Air.

    Apesar do vai e vem, fontes ouvidas pelo Estado apostam no fim da Webjet. Uma fonte que acompanha o plano de integração diz que algumas atividades da companhia devem começar a ser transferidas do Rio para São Paulo, base da Gol, ainda este ano. O plano seria manter os voos da Webjet apenas até julho de 2013. Um alto executivo de uma das companhias disse, no entanto, que esses detalhes vão começar a ser definidos nos próximos dias.

    Procuradas, Gol e Webjet não responderam às perguntas enviadas pela reportagem.

     

     


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